Escaparate
O CCC – Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha é, como se sabe, um belíssimo espaço cultural que reúne um conjunto de mais-valias, nomeadamente o facto de possuir o maior palco do país.
O seu projeto foi iniciado no ano de 2006, pela mão do arquiteto Ilídio Pelicano, sendo inaugurado a 15 de maio de 2008. Estive presente nessa importante data, convidado pelo dr. Fernando Costa, à época presidente da Câmara Municipal.
As suas linhas arquitetónicas trouxeram um ar de modernidade ao concelho caldense, permitindo à sua população a possibilidade de mergulhar em diversos quadrantes, porém, a sua programação, nestes quase catorze anos de existência, ainda não compreendeu a mostra de todas os rostos artísticos (teatro, cinema, artes plásticas, música, literatura, etc.) possíveis, limitando-nos sempre a um gosto muito particular, fugindo, assim, e em demasia, da proposta inicial (“O edifício do CCC nasceu de um concurso lançado pelo Município das Caldas da Rainha, motivado pela ideia ambiciosa de dotar a cidade de uma sala que se proporcionasse à promoção de uma grande diversidade de espetáculos, desde a ópera ao circo…”).
Diversos tópicos da Missão do CCC não foram cumpridos, entre eles a “Difusão do que melhor se faz Culturalmente em Portugal e no Mundo”, a “aproximação do Público em geral às Artes”, e o “Proporcionar não um Evento por si só, mas uma Experiência Cultural”.
Infelizmente, como se comprovou, o CCC fechou-se em si próprio, limitando-se a um confinamento cultural impensável no século XXI. O Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha não foi para a rua, não alcançou as freguesias caldenses, não assentou em valores de proximidade. Chamou público em diversas ocasiões, porém não os soube fixar. Em muitos momentos aquela magnífica estrutura comportou-se como uma ilha. Não explorando conhecimentos e não comunicando eficazmente com o concelho.
É necessário desenvolver relações personalizadas e estáveis com o concelho, o distrito e o país, porém, para isso, não podemos gerir o CCC como se fosse uma associação recreativa.
O Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha é a terceira estrutura mais importante da cultura portuguesa, ficando atrás, apenas do CCB – Centro Cultural de Belém (Lisboa) e da Casa da Música (Porto), apesar disso comporta-se como se fosse uma sociedade de bairro, fugindo a sete pés do desenvolvimento, da criação e da difusão da arte em todas as suas especificidades.
Uma das suas missões deve ser, sem dúvida, a de tornar-se um embaixador da identidade cultural da sua região e do seu país, mas, também, uma porta aberta para o que de melhor se faz além-fronteiras. Tornando a arte imprescindível para a sociedade, permitimos que essa mesma grei seja uma plataforma de conhecimento para a nação, o que fará desta, tipo efeito-dominó, um exemplo planetário.
O novo diretor geral/programador do CCC deve ser um indivíduo com vasto conhecimento cultural, inúmeros contatos em diversos campos artísticos nacionais e internacionais, e muita disposição para transformar aquela Casa no maior polo cultural da Europa (assim como Caldas da Rainha poderia ser a melhor estância termal europeia).
O Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha deve ser encarado como o grande motor da recuperação económica do concelho, para isso é urgente a implementação de um traçado estratégico de desenvolvimento, com arrojo, e com legações bem definidas. Caldas da Rainha (juntamente com toda a Região Oeste, encabeçando-a) poderia ter sido uma das grandes candidatas a Capital Europeia da Cultura 2027, só não o é porque uma parcela da sua classe política vê o concelho de modo pequeno. Não façam o mesmo com o CCC.
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