O verão é tipicamente marcado por férias, idas à praia, descontração e passeios ao ar livre. Apesar disso, nunca é demais lembrar algumas situações que surgem nesta época do ano e que implicam atenção por parte dos pais. A prevenção é essencial e reconhecer os sinais de alarme pode fazer a diferença.
Gastroenterites – Uma das causas principais de doença no verão são as gastroenterites, virais ou bacterianas. Os sintomas são vómitos, diarreia e febre, sendo motivo de preocupação quando os vómitos são persistentes ou existem sinais de desidratação: língua, lábios ou pele seca, choro sem lágrimas, sede intensa, cansaço, sonolência ou confusão.
Quando a criança começa a vomitar, não deve oferecer qualquer alimento, nem mesmo água, já que o preenchimento do estômago pode ser um estímulo para voltar a vomitar. Após cerca de 30 a 45 minutos deve iniciar um soro de hidratação oral de forma fracionada. O fracionamento da ingestão serve para permitir uma tolerância gradual aos líquidos.
Quanto à diarreia, é importante não usar medicamentos para para-la pois estará a inibir o processo fisiológico de eliminação dos microrganismos. Os pais devem estar atentos aos sinais de alarme, procurando a observação médica se o quadro clínico persistir, sobretudo após uma tentativa de hidratação oral que não foi bem sucedida.
Otites – Nesta altura do ano são também comuns as otites externas, cujo principal sintoma é a dor de ouvido, por vezes com interferência nas atividades diárias.
Com os mergulhos e banhos frequentes, a acumulação de água no canal auditivo externo leva a ferimento da pele e perda da barreira protetora do cerúmen (cera), desenvolvendo uma reação inflamatória com dor, inchaço e vermelhidão. O tratamento implica antibiótico, a maioria das vezes tópico. Se a situação for recorrente pode usar tampões quando frequenta piscina ou mergulha na praia. Deve evitar-se sempre o uso de cotonetes.
Reações a picadas de inseto – As picadas de inseto e a reação associada aumentam significativamente com o calor, podendo causar enorme desconforto. A maioria das vezes, a picada causa apenas um incómodo local, mas se houver muita comichão associada pode ser necessário um creme/gel para aliviar este sintoma.
É essencial cortar as unhas para não criar um problema adicional, as infeções bacterianas secundárias. Se a vermelhidão aumentar ou aparecer secreções amareladas deverá recorrer ao pediatra assistente.
As principais medidas para prevenir as picadas de inseto são: cobrir a pele com roupas confortáveis nas alturas de maior atividade dos mosquitos (nascer e pôr-do-sol), aplicar repelente adequado à idade, utilizar redes mosquiteiras em casa e evitar águas paradas.
Queimaduras solares – As queimaduras solares são outro dos motivos de preocupação numa altura em que a exposição solar aumenta.
As crianças abaixo dos seis meses devem evitar a exposição solar direta. De uma forma geral a permanência ao sol, particularmente na praia, deve ser evitada nas horas de maior intensidade solar (11h-16h). É importante estar atento ao índice de radiação ultravioleta emitido pelo Instituto de Meteorologia, devendo haver especial precaução se superior a 8. Nas crianças mais pequenas deve escolher os protetores solares minerais, com filtros anti-UVA e UVB e com fator de proteção (FPS) de 50 ou mais, renovar a cada duas horas ou logo após ter sido retirado por algum motivo. Deve manter uma boa hidratação, oferecendo água ao longo do dia, usar chapéu, roupa larga e confortável e óculos de sol. Existem no mercado fatos com índice de proteção solar, não existindo nenhuma recomendação formal para o seu uso, já que poucos estão certificados pela norma europeia EN 13758.
Em conclusão, independentemente dos problemas que possam surgir e motivar a observação pelo seu médico, a prevenção é a chave para um verão feliz e saudável.
0 Comentários