O investimento de Portugal na Educação está 14% abaixo da média dos países da OCDE, potenciando desinteresse pela profissão e falta de professores.
A falta de professores resolve-se dignificando a profissão, respeitando-a, tornando-a atractiva. Os últimos governos, de Sócrates a António Costa, têm feito o oposto. Em 3 de Maio de 2019, António Costa ameaçou mesmo demitir-se, ao ver a Assembleia da República unida para aprovar a recuperação faseada do tempo de serviço dos professores. Perante esta chantagem, tanto Rui Rio como Assunção Cristas recuaram na votação que tinham feito na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, chumbando no hemiciclo, ao lado do PS, as propostas do BE e do PCP, apesar do parecer favorável da UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental).
A Federação Nacional de Professores (FENPROF), fez uma ronda de reuniões com as comissões parlamentares dos partidos do arco democrático, nesta fase de pré-campanha, tal como em anteriores eleições legislativas, com o objectivo de persuadir estes partidos a incluir nos respectivos programas eleitorais a satisfação das reivindicações dos professores. E, uma vez mais, BE, Livre e PCP foram os partidos que concordaram sem tibiezas com a calendarização urgente da contagem faseada do tempo de serviço, com a definição de um regime especial de aposentação e com o fim dos entraves nos 5º e 7º escalões, entre outras medidas, para uma existência compensadora e produtiva nas escolas. Os outros partidos, mormente PS e PSD, conseguiram escusar-se a compromissos sem deixar de enfatizar a pertinência das reivindicações dos docentes. Até o ministro em gestão João Costa já admite e declara que é justo o que tão liminarmente negou aos professores durante anos de evitáveis prejuízo e instabilidade nas escolas.
Entrevistado pelo jornal Público, o economista Rui Baleiras, coordenador da UTAO, diz que a avaliação orçamental da devolução do tempo de serviço congelado aos professores “reveste-se de grande complexidade e será um trabalho para muitos meses”. Em 2019, a mesma UTAO não precisou de tanto tempo para demonstrar que tal decisão não teria impacto significativo nas contas públicas. Daqui a muitos meses, havendo estudo ou não, as loas eleitoralistas estarão esquecidas e os novos (ou velhos) governantes poderão, com a desfaçatez costumeira, dar o dito por não dito.
Entretanto, sendo 150 mil potenciais eleitores, a somar ao incalculável número de familiares solidários, os professores vêem-se alvo do assédio sonso do PS e da AD e do oportunismo dos populistas. Nas anteriores eleições legislativas, o PS obteve inesperada maioria absoluta também pelo voto crédulo de muitos milhares de professores. Será que ainda haverá na classe docente quem acredite no canto de sereia dos que a têm reiteradamente traído e maltratado?
Artigo sem acordo ortográfico
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