JORNAL DAS CALDAS – Porque decidiu avançar com uma candidatura à Câmara das Caldas?
Edmundo Carvalho: O Chega quer mudar a governação autárquica em Portugal e assume rutura com a atual geração falhada de autarcas e o compromisso da renovação da moral social. A ambição tem levado a uma má gestão financeira das autarquias, cujos responsáveis se viciaram em remeter encargos e dívidas, que criam para as gerações seguintes. É a falência moral e cívica dos autarcas e respetivos partidos que têm controlado as autarquias.
Por isso, a minha candidatura quer responder aos caldenses, que estão cansados do marasmo a que sucessivos executivos camarários nos habituaram. É hora de mudar a página e dinamizar o desenvolvimento da região e da cidade.
J.C.: O que acha que o executivo da Câmara (PSD) deixou por fazer nestes oito anos à frente do município das Caldas? Quais as propostas mais relevantes que pretende fazer nos próximos quatro?
E.C.: Mudar a gestão autárquica. A nova lei de transferência de competências vai trazer mais responsabilidades aos Municípios e exigir um tipo de gestão profissionalizada que não se coaduna com a gestão autárquica convencional. Vai obrigar a uma grande reorganização de recursos e serviços, com processos simples, transparentes e eficientes.
É fundamental credibilizar a política em geral, mas o poder local tem de dar o exemplo. Temos de ter sempre presente que os dinheiros públicos vêm dos bolsos de quem trabalha e paga impostos. Têm, por isso, de ser aplicados com rigor e transparência.
Nos últimos dez anos, a despesa corrente dos Municípios do Oeste cresceu em média 16%. Nas Caldas aumentou 28%. E o grosso desta despesa está nas transferências correntes, que aumentaram 60%. Nesta rubrica o Oeste cresceu 23%. Não podemos continuar a esbanjar assim o dinheiro dos contribuintes.
O CCC, a Expoeste e o Centro da Juventude, são geridos com prejuízos contínuos pela CULTURCALDAS, ADIO e ADJCR (Associação para o Desenvolvimento da Juventude das Caldas da Rainha) respetivamente, com um custo médio anual de 1.000.000 euros suportado pelos caldenses. São associações criadas para dar emprego e cargos de gestão a alguns protegidos e financiadas através de protocolos, fugindo assim ao controlo e escrutínio do Tribunal de Contas. Devem ser de imediato extintas e a Câmara assumir a gestão daqueles equipamentos. O que não se pode fazer com um milhão de euros por ano, na área da ação social ou da saúde, por exemplo?
É necessário concluir a revisão do PDM, tornando-o um instrumento que, através de critérios e parâmetros objetivos e transparentes, permita de forma clara definir as regras de ocupação, do uso e transformação do solo em todo o Município. Temos de ter um PDM que permita estabelecer uma estratégia de desenvolvimento territorial municipal, extensiva também às Freguesias, que têm sido lesadas e impedidas de se expandirem em termos habitacionais e de atividades empresariais.
J.C. – O que pretende fazer para fixar a população no concelho das Caldas e captar mais empresas e indústria? E para valorizar o Comércio Tradicional das Caldas?
E.C.: Criar um planeamento estratégico para a região e incentivos para a fixação de empresas. Requalificar a Zona Industrial para atrair empresas. Promover a captação de investimento, apostando mais na indústria. Só 25% da população trabalha em sectores produtivos. Temos 35% a trabalhar em atividades administrativas e serviços de apoio. Nos últimos dez anos aumentou 183% neste sector.
Se não for criada riqueza, degrada-se a qualidade das condições de vida dos caldenses. O poder de compra dos caldenses é 98% da média nacional. Em 1993 era 111%. O salário médio é 87% da média do Oeste e 83% da média nacional. É o resultado de nada ter sido feito para compensar o encerramento da indústria caldense, sobretudo da cerâmica.
Promover a reabilitação urbana e programas de renda acessível para a classe média, capaz de atrair e fixar mão-de-obra especializada, como professores, médicos, enfermeiros, quadros e técnicos das empresas, etc.
O Comércio Tradicional foi vítima de um atropelo e concorrência desleal por via da massificação desenfreada e sem qualquer planeamento, de grandes superfícies e lojas de chineses. Tem de ser revitalizado, mas não é com vouchers ou luzes no Natal. Tem de ser com medidas concertadas e decorrentes de soluções a encontrar com os seus representantes.
J.C.: Estamos ainda a viver uma pandemia. Avizinham-se tempos muitos difíceis, com uma crise económica. O que pretende fazer na área social no Concelho para ajudar as pessoas e empresas?
E.C.: Para acudir de imediato, criar programas e equipas multidisciplinares de intervenção social, para apoio aos mais vulneráveis.
Depois, em conjunto e articulação com as Freguesias e estruturas sociais existentes, fazer um levantamento das necessidades ao nível das respostas sociais de proximidade e desenvolver um Plano de Acão Social Municipal, de modo a reforçar a capacidade de resposta.
Organizar um sistema a funcionar em rede assente no voluntariado, promovendo a solidariedade junto de pessoas, empresas e instituições, para gerir a doação e distribuição de bens pelos mais necessitados. Os próprios beneficiários colaborarão com trabalho, contribuindo para a manutenção desse sistema, a enquadrar no referido Plano Municipal.
J.C. – O que propõe para melhorar a saúde no concelho nos próximos anos? O que vai fazer em relação ao Hospital Termal e ao relançamento do termalismo nas Caldas?
E.C.: A Oeste CIM abriu há 3 meses concurso público para um estudo sobre a melhor localização do novo Hospital. Quero acreditar que será independente, sério e transparente. Senão para que serve? Vamos aguardar o resultado e tudo fazer para que, a existir, fique nas Caldas. Mas no PNI 2020/2030, não está prevista a construção de nenhum Hospital no Oeste. Por isso, temos de tentar reverter o CHO e voltar a ter o CHON nas Caldas para prestar um melhor serviço de saúde aos Caldenses. Fazer obras de ampliação e instalar uma UCI. Dotar os Centros de Saúde de mais capacidade de atendimento e de cuidados primários, para aliviar a urgência.
O contrato de cedência à Câmara, do Hospital Termal, prevê a sua recuperação, salvaguarda e valorização para atividades turísticas e culturais. Não pode continuar como Hospital Termal. Mas o termalismo é fundamental para as Caldas. Não podemos ter águas minerais e não ter Termas. A solução é construir um novo Complexo Termal. Temos de ir ver o que há de bom a funcionar em Portugal e na Europa, tirar ideias e captar investidores.
J.C. – Nunca houve tantos candidatos à Câmara das Caldas. Quais as expetativas em relação ao seu resultado? O que é para si um resultado razoável ou o ideal?
E.C.: O Chega tem a legítima ambição de fazer parte da governação autárquica. Nas Caldas também a temos e queremos ter voz na Câmara, na Assembleia Municipal e nas Freguesias onde nos candidatámos. É esse o nosso propósito e o compromisso de representar os Caldenses que querem uma verdadeira mudança.
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