Escaparate
D. João IV (1604-1656), 8º duque de Bragança, 5º duque de Guimarães, 3º duque de Barcelos, filho de D. Teodósio II de Bragança (1568-1630) e da Sra. D. Ana Fernández de Velasco y Téllez-Girón (1585-1607), casado, no ano de 1633, com a Sra. D. Luísa Maria Francisca de Gusmão e Sandoval (1613-1666), da Casa espanhola de Medina-Sidónia, foi aclamado como o 22º Rei de Portugal e Algarves no dia 15 de dezembro de 1640.
Cognominado “O Restaurador” – pois foi ele que restabeleceu a Monarquia portuguesa, depois de 60 anos de domínio espanhol (Guerra da Aclamação ou da Restauração) – foi um estratega militar e um meticuloso diplomata.
No ano de 1645 despendeu uma jornada a Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Alcobaça e Nazaré. Em todas as localidades foi muito aclamado, tendo as populações saído à rua e lançado loas festivas à sua passagem. Junto aos caldenses permaneceu dois dias, 27 e 28 de setembro, aí pernoitando no mais extremo conforto.
Segundo rezam as crónicas do tempo passado, D. João IV faleceu do “mal da gota e da pedra”. Os seus restos mortais encontram-se no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
A população das Caldas da Rainha durante largos anos pôde contemplar, no Parque Dom Carlos I – nas proximidades do monumento em homenagem a Ramalho Ortigão (1836-1915) – a “Estátua Equestre de D. João IV”, porém, assim como o ocorrido com a de Eça de Queirós, essa bela peça (do qual existe uma imagem – em postal da década de 50, no século XX – mas, nenhuma ficha de inventário, rúbrica legível, auto de colocação e de retirada, e ato de depósito em outro local) já ali não se encontra.
Desconheço se a vereação da Cultura terá facilidade em localizar a citada obra de arte. O que sei é que – assim como citei no artigo acerca do desaparecimento do monumento a Eça de Queirós – no final deste ano, caso a peça não tenha sido restituída ao seu lugar de origem (o Parque Dom Carlos I) tratarei do envio de um relatório ao respetivo Ministério, para que este possa encaminhar o assunto para a Procuradoria-Geral da República, dando, assim, conhecimento do facto às altas instâncias da nação.
A arte deve ser tratada com muita deferência, e não só, evidentemente, nas Caldas da Rainha. Um concelho que investe e preserva os seus expoentes culturais, terá, como é natural, uma relevância extrema. A obra de arte possui uma finalidade simbólica, estética, ou de diegese de um conceito determinado, enriquecendo a sociedade em geral, despertando sentimentos, impressões sensoriais, respeito por períodos, movimentos artísticos e pensamentos gregários.
As estatuetas de barro, representando figuras femininas, e as pinturas rupestres, que artistas de um passado longínquo nos deixaram, são a representação viva de uma determinada época do nosso planeta. A “Estátua Equestre de Dom João IV” que estava no Parque Dom Carlos I, em Caldas da Rainha, também o é. Todas as expressões artísticas, a partir do momento da sua criação até ao ponto fulcral da exposição pública, interpretam momentos da vida humana na Terra, e permitem que o pensamento se eleve e a instrução popular se fortaleça.
Se viajamos para cidades de outros países gostamos de admirar as manifestações que os seus cidadãos produzem, seja em que conceito for, e nos mais diversos espaços, porém, quando o deveríamos fazer no local onde residimos, surge-nos uma barreira mental que nos impede de dar o primeiro passo e, assim, passamos a ignorar aquilo que teríamos obrigação de respeitar e divulgar.
Coloco as culpas na classe política. Pouco preparada para elevações espirituais. Aliás, quando abordo certos temas (a maioria das vezes relacionados com a Cultura e a Educação) alguns representantes dessa classe ficam “magoados e de beicinho”, o que mostra a fraqueza de cada um, pois um político que não aceita uma crítica, assumindo erros e tentando resolvê-los (sem achaques de beiça esticada) não serve para representar a população de um concelho.
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