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Viúvas recordam tragédias no mar

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Maria da Conceição não esquece o dia em que o mar lhe roubou o marido, o filho e o cunhado. Foi a 25 de Julho de 1994 que uma onda virou a embarcação “Amor de Filhos”, quando estava perto da costa, na Foz do Arelho. A bordo, para além dos três familiares, estava ainda o […]
Viúvas recordam tragédias no mar

Maria da Conceição não esquece o dia em que o mar lhe roubou o marido, o filho e o cunhado. Foi a 25 de Julho de 1994 que uma onda virou a embarcação “Amor de Filhos”, quando estava perto da costa, na Foz do Arelho. A bordo, para além dos três familiares, estava ainda o mestre. “O mar foi tão traiçoeiro e virou o barco. Ficaram todos debaixo dele”, recorda. O recomeço foi difícil. Só a necessidade de criar as duas filhas menores lhe deu alento. O seguro do barco ajudou. “Não deu perda total, porque apareceu o casco do barco, mas recebi 30 mil euros. Foi rápido e por isso não cheguei a passar dificuldades financeiras”, conta. Pagou empréstimos e conseguiu vender o barco. “Tinha custado 65 mil euros, vendi por 15 mil. Não se perdeu tudo”, descreve. Voltou a casar. “Arrumei-me outra vez com um pescador que também ficou viúvo. Sempre que ele ia ao mar ficava preocupada, ele sabia do meu trauma”, refere. Hoje, aos 54 anos, já com o novo companheiro reformado, dedica-se a preparar artes de pesca, em Ribamar, Lourinhã. “Ganho dez euros por cada rede. É muito mal pago”, lamenta. E confessa: “Sempre que há tragédias no mar com pessoas da terra, vivo tudo como se fosse comigo, não paro em casa à procura de notícias”. “Eles quando vão para lá não sabem o que pode acontecer. Não é o homem que mata o peixe, mas o peixe que mata o homem”, desabafa.   “Eu tinha apenas 18 anos”   “No mesmo ano em que fugi da casa dos meus pais, casei, engravidei e fiquei viúva. Tinha apenas 18 anos”. É a custo que Lurdes Petinga regressa ao passado. “Sofri muito e ainda hoje não me esqueço dele”, admite. “Na altura eu queria morrer”, revela. Há 30 anos o “Bom Futuro” naufragava ao largo da Nazaré. “Naquela época não havia porto de abrigo. Não sei como foi o acidente. Só sei que uma hora depois de ele ter saído estavam a bater-me à porta com a má notícia. Era um ‘rico futuro’ que me esperava”, relata. No acidente, para além do marido, que tinha 17 anos, morreram mais três pescadores. “Não havia seguros nenhuns e se eu não tivesse uns pais muito bons, que não me faltaram com nada, era com 7,5 euros de pensão por mês que eu iria criar a minha filha? Quando voltei a casar cortaram a ‘riqueza’ que me estavam a dar”, critica. Lurdes Petinga voltou a casar cinco anos depois da tragédia. A filha mais velha não chegou a conhecer o pai. Do novo companheiro, que também é pescador, tem mais dois filhos. O mais novo, de 16 anos, quer seguir as pisadas do pai, que é mestre numa embarcação. “Eu não queria, mas é isso que ele pretende e vai tirar a cédula de contra-mestre”. Quando forem para o mar “entrego-os a Deus, que é quem sabe o que há-de fazer”, manifesta.   Francisco Gomes

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