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Pescadores aprendem a usar instrumentos de salvamento

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Os pescadores de Peniche e da Nazaré estão a receber formação prática para saberem manusear os instrumentos de salvamento em caso de acidente no mar. Esta formação está a ser dada por especialistas do Formar nas duas localidades mas tem vindo a verificar-se que a grande dificuldade dos homens do mar está na língua estrangeira […]
Pescadores aprendem a usar instrumentos de salvamento

Os pescadores de Peniche e da Nazaré estão a receber formação prática para saberem manusear os instrumentos de salvamento em caso de acidente no mar. Esta formação está a ser dada por especialistas do Formar nas duas localidades mas tem vindo a verificar-se que a grande dificuldade dos homens do mar está na língua estrangeira inscrita nos rótulos dos instrumentos de salvamento e na pouca prática em usar os meios ao seu dispor. “As principais dificuldades está no facto de eles saberem que têm o material a bordo, mas não o sabem abrir ou usar porque só se usa em situação de emergência. Depois há aparelhos destes que têm os manuais só em inglês. Ou seja, os pescadores não sabem ver a data da validade e neste curso ensinou-se a ver até que altura é que os pirotécnicos estão em validade. Por outro lado, se não sabem a língua, devem seguir as setas que vêm na embalagem”, descreve o comandante Luís Grilo, um dos formadores do curso de segurança e sobrevivência no mar. O técnico é por isso da opinião de que os meios e utensílios de salvamento do mar “deveriam ter um rótulo em português da mesma forma que quando compramos um electrodoméstico que tem garantia de dois anos e um catálogo na língua universal e em português. Na pesca isso não acontece. A bordo só os mestres é que sabem um pouco de inglês e é o rudimentar, básico e técnico para as comunicações no mar”. Luís Grilo considera que as autoridades “deveriam exigir que estes aparelhos tenham rótulos com língua portuguesa ou que os pescadores tenham lições de inglês (uma situação mais complicada devido à baixa escolaridade desta classe), para os pescadores perceberem os aparelhos”. Esta formação surge após vários acidentes que aconteceram e vitimaram muitos pescadores, tendo as associações e sindicatos do sector tido um papel preponderante na mobilização dos pescadores, uma vez que o Formar já tinha este curso mas não tinha pessoas suficientes para o ministrar. “É necessário que as pessoas tenham noções de segurança”, sublinhou Rui Vaz, director do Formar na Nazaré e em Peniche. “Este curso já existe há muitos anos, mas a conjugação de várias entidades e somando a sensibilização das associações e sindicatos fez com que haja maior adesão dos pescadores. Temos vários cursos de 25 horas programados desde o dia 25 de Abril”, relatou. Rui Vaz afirmou que “o Formar não vai descansar até que todos os pescadores da região da Nazaré e de Peniche tenham o curso de segurança e sobrevivência no mar, pois não tem qualquer custo para os formandos, estimados em meio milhar de activos nestas duas zonas do país”. O director do Formar apontou ainda que esta formação prática deve ter uma reciclagem de cinco em cinco anos. Já o comandante Luís Grilo aposta nesta formação para apresentar aos pescadores aquilo que de melhor existe para a sobrevivência no mar, exibindo coletes salva-vidas, fatos isotérmicos e bóias de salvamento individuais. “A receptividade está a ser francamente boa. Todos tem os actuais coletes a bordo mas ninguém os usa ou gosta deles. Os novos, espera-se que sejam certificados. Não há comparação possível entre uns e outros. Os novos são muito mais práticos e a maneira de o envergar numa situação de emergência não tem nada a ver. Eles até para poderem andar a trabalhar, uma vez que é obrigatório, podem andar com os novos”, indicou. “Com este novo colete, acho francamente importante que eles andem com ele vestido. Já com o fato isotérmico, acho que só o devem vestir quando têm de abandonar a embarcação, uma vez que o fato isotérmico é feito de um material que dá pouca agilidade e serve apenas para evitar a hipotermia, que é um dos grandes males do mar”, referiu Luís Grilo. Neste curso os pescadores ficaram também a saber como lidar com a falta de água potável no mar, testando e saboreando as embalagens de água existentes a bordo e nas balsas salva-vidas, assim como a restante ração de sobrevivência. “Infelizmente este ano o número de mortos é extremamente elevado e o curso está a servir para numa situação de emergência não perderem a calma e não entrarem em pânico e a partir daí, lembrarem-se dos procedimentos de como se lança uma balsa, qual é o papel do disparador hidro-estático, qual é o papel das bóias de salvação e de todos os meios de salvação que temos a bordo”, apontou Luís Grilo, adiantando que a formação prática é bastante importante. Os pescadores tiveram ainda a possibilidade de testar e saber quais são os melhores meios de agentes extintores que devem ter a bordo. Os mais frequentes incêndios a bordo são na casa das máquinas e nos quadros eléctricos. “A simulação foi feita e todos eles viram qual a diferença de um extintor de pó químico e de CO2. Quando e como se deve usar um e outro. Como evitar as queimaduras e como actuar em caso de incêndio”, descreveu.   Carlos Barroso     Testemunhos   Carlos Alfaiate, há vários anos dedica-se à pesca de covos e reside em Peniche “Já apanhei alguns sustos. Um foi de uma hora para a outra e foi logo ao princípio de andar ao mar. Caí para a água. Este curso tem muitas coisas que já fiz quando tirei num outro curso no Forpescas. Mas depois deste curso sinto-me mais seguro no mar”.   Domingos Fonseca, 49 anos, anda à pesca com covos, redes e alcatruzes desde 1977 e é de Peniche “Estou a apreender muita coisa neste curso e acho bem que façam estas formações. No curso fica-se a saber muita coisa que a gente não sabia. Eu desconhecia como se usava o very light e também nunca usei uma baleeira, porque desde que ando ao mar nunca foi preciso usar uma, graças a Deus. Estes cursos devem fazer-se de vez em quando. Já tive vários acidentes. Já fomos cortados ao meio por um arrastão. Já fomos mandados contra as pedras. Mas nestes dois acidentes nunca precisamos de meios médicos nem abrimos as baleeiras”.   Fernando Bernardo, 39 anos, anda à pesca do anzol há 19 anos e reside em Peniche “Este curso é bom, porque tirei há um ano a cédula. A formação é sempre útil. Nunca tive qualquer susto no mar, mas assim estou melhor preparado”.   Jorge Paulo, 47 anos, anda há 32 anos na pesca artesanal e é residente em Ribamar, na Lourinhã “O curso é bom para nós aprendermos. Nunca fiz curso nenhum, mas é bom relembrar estas coisas, porque aquilo que sei, é pela experiência. Andamos por lá e não se sabe de um momento para o outro o que nos pode acontecer. É bom termos teoria, mas prática também”. “Já apanhei alguns sustos, mas graças a Deus tudo correu bem”.   Fernando Ribeiro, de 43 anos, anda ao mar desde os anos 80 e é residente na Maraquiteira, na Lourinhã “A formação foi benéfica. Com o ensaiar a entrada da baleeira na água, numa situação real, agora poderá haver mais calma. Este exercício prático dá-nos a noção de como as coisas poderão passar-se na realidade”.   Mestre Nuno Pinto, de 39 anos, anda ao mar há 17 anos e é residente no Lugar da Estrada, em Peniche “Acho bem esta formação, apesar de a considerar com uma carga horária excessiva. Mas acho útil, termos uma noção do que é um naufrágio, porque certas pessoas não sabem e aprende-se bastante com a prática. Já tive uma vez um barco que se virou e não usámos nada disto, porque nadámos até terra. Na altura de um naufrágio, tudo depende como ocorre. Depois desta formação temos uma noção daquilo que podemos fazer. Muitos pescadores nunca tinham visto abrir-se uma baleeira e estar dentro dela. Eu quando tirei a carta de contra-mestre tive essa possibilidade”.   Serafim Inácio, de 54 anos, anda ao mar há quase 40 anos e é residente em Ribamar, na Lourinhã “A formação correu  bem, porque se lida com as coisas na mão. Nunca tinha disparado um flash de mão. Estava preparado para lidar com estas coisas todas mas pela teoria. Sustos, só apanho com a Marinha A força da autoridade não tem explicação. Estamos a ser constantemente abordados pela Polícia Marítima por casos que não se justifica. São coisas pequenas. Hoje em dia quando avistamos um barco da Polícia Marítima ficamos mais aterrorizados do que com um bocado de mar ou de vento. Eles complicam com todos ospormenores. Sou a favor da fiscalização, mas o que eles fazem é um exagero”.   Mário Rui, de 31 anos, anda ao mar há 12 anos e é residente em Ribamar, dedicando-se à pesca artesanal “A formação é boa e é uma oportunidade única das pessoas terem a possibilidade de intervir com os meios de salvação. Já tinha pegado em alguns utensílios pelas embalagens porque estão a bordo, mas nunca as tinha usado”.   Jorge Marques, de 47 anos, anda ao mar desde 1978 e é residente em Ribamar “Esta formação é muito positiva porque dá uma certa luz do que é a realidade dos meios de socorro no mar. Tem muita importância para as pessoas que passam a vida no mar, que não sabem muitas vezes como se abre uma baleeira, como se acende um very light ou como se manda um foguetão pára-quedas. Tive o privilégio de testar um fato isotérmico e foi bom porque percebi o que era na realidade. Achei apenas que não dá muita mobilidade, mas isola e protege o pescador. Gostei da experiência e espero que nunca seja necessário usá-lo. Acho importante que os pescadores tenham estes utensílios à mão e os saibam usar e que o Governo nos possa ajudar nestas coisas. O sector da pesca tem sido esquecido na segurança. Só se fala da pesca quando há acidentes e é pena que só se lembrem de nós quando há acidentes sucessivos no mar”

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