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Duplo suicídio debaixo do comboio sem motivos conhecidos

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O duplo suicídio foi premeditado e pensado ao pormenor. Bela Castro, de 54 anos, e a sua mãe, Isabel Maria, de 81 anos, que escolheram morrer debaixo de um comboio na Linha do Oeste, no Bombarral, na passada quarta-feira, prepararam o acto trágico e concretizaram-no com um sangue-frio que surpreende os próprios investigadores policiais, que […]
Duplo suicídio debaixo do comboio sem motivos conhecidos

O duplo suicídio foi premeditado e pensado ao pormenor. Bela Castro, de 54 anos, e a sua mãe, Isabel Maria, de 81 anos, que escolheram morrer debaixo de um comboio na Linha do Oeste, no Bombarral, na passada quarta-feira, prepararam o acto trágico e concretizaram-no com um sangue-frio que surpreende os próprios investigadores policiais, que estão a tentar perceber as motivações que as levaram a tão bizarra ocorrência. Bela Maria Martins Castro, natural e residente nas Caldas da Rainha, era técnica de turismo numa agência de viagens. Era a empregada mais antiga, trabalhava desde a fundação da empresa, há cerca de 35 anos. “Era uma excelente colega e estamos chocadíssimos”, afirmou um dos responsáveis da empresa, que não se quis pronunciar sobre o estado de espírito da funcionária, que estava ausente do trabalho há alguns dias. Cerca das onze da manhã, na companhia da mãe, Bela Castro apanhou um táxi nas Caldas da Rainha e dirigiu-se à localidade de São Mamede, no Bombarral. “Quando for a altura de parar eu digo”. Palavras que recorda José Casimiro, o taxista que as transportou. Chegados ao limite da aldeia, deixou-as junto a uma vivenda isolada. “Pagaram 13 euros. Antes de saírem, pediram-me um cartão, dizendo que se precisassem me telefonavam para ir buscá-las”, relatou. “Não desconfiei de nada e só soube o que aconteceu quando a GNR me telefonou à tarde”, adiantou. As mulheres seguiram a pé algumas centenas de metros até ao Parque de Merendas de São Mamede, que estava deserto, e esperaram pela passagem do comboio regional 6415, que ligava Meleças a Caldas da Rainha. Perto das 13 horas, deitaram-se lado a lado com a cabeça em cima do carril. O maquinista da composição ferroviária foi surpreendido e só teve tempo para apitar para saírem. Acabaram trucidadas. Não levavam qualquer identificação e apenas se conseguiu saber quem eram através de um papel com um número de telefone de uma amiga deixado numa mala que transportavam, com a indicação de ser contactado em caso de necessidade. Era o contacto de uma amiga, que garante desconhecer o motivo do duplo suicídio. Mas na casa de Bela Castro estava tudo preparado para uma despedida. As roupas estavam todas embaladas e havia uma relação de bens a deixar, semelhante a um testamento. Na mala encontrada junto aos cadáveres encontrava-se também um folheto com os horários dos comboios que circulam na Linha do Oeste. Por apurar estão ainda as motivações de tal acto, que está a ser investigado pelas autoridades policiais. Maquinista sem poder fazer nada “Não notei nada. Pensava que tinha sido uma avaria”, contou Fernanda Silva, uma das passageiras da composição ferroviária. “Há alguma bomba”, interrogou Lucília Lopes, que acabou por sair do comboio e ir a pé para casa por morar próximo do local do acidente. “Eu estava na primeira carruagem e o comboio não ia a uma grande velocidade porque estava prestes a chegar à estação. Elas puseram-se mesmo na berma para se matarem”, exclamou. No Parque de Merendas de São Mamede não se encontrava na altura um habitual vendedor de melões. Por isso não testemunhou o acto tresloucado das mulheres, que poderiam ter-se inibido se estivesse presente. Os dois técnicos da Unidade Operacional Centro da Refer que estiveram no local para “verificação das condições em que se verificou o acidente e para transmitir a autorização de circulação de composições após serem removidos os corpos”, vão efectuar um relatório interno, não se pronunciando sobre o que observaram. A velocidade a que a composição ferroviária circulava não foi avançada pelos técnicos da Refer, mas uma travagem brusca poderia colocar em causa a estabilidade das duas carruagens em cima dos carris. O comboio seguiria com os passageiros para a estação das Caldas da Rainha duas horas após o sinistro, enquanto que a circulação na linha seria reposta três horas depois. Elementos da GNR do Bombarral e do Destacamento das Caldas da Rainha estiveram no local para recolha de vestígios e assegurar as operações das equipas especializadas. Os bombeiros de Óbidos removeram os corpos. Muitos amigos e conhecidos no funeral Bela Castro era divorciada há vários anos e vivia sozinha num apartamento nas Caldas da Rainha. Aparentemente tinha uma vida desafogada e com estabilidade profissional. Isabel Maria, viúva, de A-da-Gorda (Óbidos), morava próximo da filha, em casa de uma irmã. Foi num ambiente de grande consternação que centena e meia de amigos se despediu das duas mulheres. O funeral realizou-se no passado sábado, sem velório, tendo os cadáveres sido transportados directamente do Gabinete Médico-Legal de Torres Vedras, onde os corpos foram identificados e foi feita a autópsia, para o cemitério de Santo Onofre, nas Caldas da Rainha. Na presença dos corpos em caixões fechados, foi breve a cerimónia na capela com o pároco local, para de seguida serem sepultados, em covais um ao lado do outro. Muito abatidas estavam a familiar mais directa – uma irmã de Isabel Maria – e a principal amiga de Bela Castro, a quem foram deixados os bens das vítimas. Bela Castro terá manifestado desejo em documentos encontrados em sua casa de deixar como herança à amiga o seu apartamento e o carro – um Alfa Romeo topo de gama – e à tia algumas roupas embaladas em caixas e dinheiro que depositara num banco e que tinha passado à ordem dias antes do duplo suicídio. Francisco Gomes

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