Q

Previsão do tempo

16° C
  • Friday 18° C
  • Saturday 19° C
  • Sunday 16° C
16° C
  • Friday 18° C
  • Saturday 20° C
  • Sunday 16° C
16° C
  • Friday 19° C
  • Saturday 21° C
  • Sunday 16° C
A lei do menor esforço

-Crónicas noturnas-

Jorge Ferreira

EXCLUSIVO

ASSINE JÁ
Louça das Caldas-Origens Pesquisas do ceramista Avelino Belo, nos arquivos do Hospital Termal Rainha D. Leonor, apontam para a existência de um centro de produção de olaria nas Caldas desde o século XV, aproveitando a abundância de matéria-prima (barros) na região. Datarão de 1488 os primeiros fornos conhecidos e terão sido Vicente Annes, Álvaro Annes e Francisco Lopes os primeiros oleiros que forneceriam a louça necessário para o Hospital dos Banhos.

Maria Póstuma Fausto de Sousa

Conversa recente com o historiador João Bonifácio Serra, sobre a sua descoberta, do nome de batismo da mítica D. Maria dos Cacos nos Arquivos Paroquiais, leva-me a especular sobre as linhas de partida dos ceramistas nas Caldas de novecentos.

Maria Póstuma, assim batizada por ser nascida após o passamento de seu pai, pertencia à família Fausto de Sousa.

Manuel Mafra tomou-lhe de trespasse, cito J.B.F. na entrevista à Gazeta das Caldas de 22/7/2016, a estrutura comercial em 1853.

E a estrutura industrial? Maria dos Cacos produzia? Vendia! Louça monocromática: vidrada a castanho, verde, cor de mel…paliteiros com formas de animais, o homem no pipo, a célebre mulher-garrafa com guitarra, as bilhas com segredo…faiança pesada, bem modelada e bem vidrada, que vendia em feiras por todo o país. Peças fabricadas, em princípio, pelos homens da família e colaboradores.

Tudo parece indiciar duas “linhagens”, à partida para a nova aventura da Louça das Caldas: a policromia em peças marcadas:

Manuel Mafra (1831- 1905) e José Francisco de Sousa (1835 – 1907), descendente directo dos Fausto de Sousa.

Manuel Mafra, era um oleiro habilidoso, capaz de absorver influências que lhe chegam da Europa por D. Fernando de Saxe, Coburgo e Gota, marido de D. Maria I I, Rei-Consorte, cognominado Rei-Artista, também coleccionador, de Wenceslau Cifka, ceramista, fotógrafo e engenheiro silvicultor que veio na comitiva de D. Fernando para Portugal e outros coleccionadores.

Inspirando-se em modelos europeus, que reproduziu na perfeição, Mafra fez obra em quantidade e qualidade, muito para além do figurado monocromático que herdou de Maria dos Cacos.

José Francisco Fausto de Sousa, da linhagem original da Cerâmica das Caldas de novecentos, segue tendência talvez mais “erudita”, caldense: seus filhos José Augusto Fausto de Sousa e Salvador Fausto de Sousa pintavam (diz-se na publicidade da casa: José Francisco de Sousa, Filho, que faziam retratos do natural ou a partir de fotografias).

Seu neto, José de Sousa, pintor naturalista de boa craveira, colabora com António Montez e outros caldenses destacados, na fundação do Museu de José Malhoa.

Uma travessa pintada a vinoso por D. Fernando II (coleção João Maria Ferreira-J.F.S. marca oval-) prova que o rei também frequentava a sua oficina.

A outorga a Mafra da Corôa Real, como Fornecedor Oficial da Casa Real, uma operação comercial paga, solicitada oficialmente pelo ceramista, foi, como se diria hoje, um golpe de marketing.

Fica o mistério, porque é que J.F.S., familiar de Maria Póstuma, não ficou com a sua estrutura industrial e comercial? “Santos de casa não fazem milagres”?

Qual o papel de António de Sousa Liso nisto tudo?…diz-se que produziu apenas de 1855 a 1860 tendo passado o negócio a José Francisco de Sousa.

J.F.S. vem a produzir alguns dos mais belos pratos de peixes em fundos de escorridos (naturezas-mortas em relevo). Um pequeno jarro com tampa -colecção João Maria Ferreira-pintado a frio, apresenta uma vista, bem conseguida da Torre da Igreja de N.S. do Pópulo, assinada J.F.S., monogramada também por seu filho, Salvador Fausto de Sousa.

Ficam as dúvidas, mistérios e interrogações em que a história da louça das Caldas é fértil. Deixo um desafio aos historiadores: que a nossa cerâmica, do século XIX e XX seja por fim investigada a sério.

(0)
Comentários
.

0 Comentários

Deixe um comentário

Últimas

Artigos Relacionados

Câmara do Cadaval rejeita críticas ao apoio a corrida de galgos

A Câmara Municipal do Cadaval defendeu que a corrida de galgos realizada no passado dia 21 no concelho “não infringiu qualquer normativo legal em vigor”, pelo que a autarquia não se revê na forma nem no conteúdo dos comentários proferidos, que a acusavam de pactuar com uma iniciativa que maltratava os animais.

Mostra Coletiva de Arte Visual

De 11 de maio a 1 de junho estará patente na Galeria de Exposições do Espaço Turismo das Caldas da Rainha e Restaurante Coletivo, ao lado, uma mostra coletiva de arte visual.

Conversa e eco-caminhada em Salir do Porto

A Ágora – Associação Ambiental, em parceria com o Geoparque Oeste (Geoparque Mundial da UNESCO), vai realizar uma conversa sobre a bio e geodiversidade de Salir do Porto. Seguir-se-á uma eco-caminhada, apanhando o que for encontrado pelo caminho, com o apoio da Quinta de Salir (Associação Pelicano Radiante).