Leonor Santos, proprietária da sapataria Globo, colocou um balcão onde a funcionária faz o atendimento aos clientes, que vão espreitando as novidades sem que possam entrar no estabelecimento.
“Algumas pessoas têm vindo espreitar e olham para a montra, mas é muito difícil vender sem os clientes poderem calçar os sapatos”, refere a proprietária, que tem dez lojas da marca Globo no país, todas a trabalhar com o mesmo sistema.
“Há pessoas que têm mesmo necessidade de experimentar os sapatos porque têm problemas de pés”, relata, considerando que a venda ao postigo numa sapataria “não faz sentido”. Considera que era preferível “só deixarem uma pessoa entrar de cada vez em vez do cliente ficar na rua”.
“Não é permitido experimentar o calçado, mas já tenho tido algumas crianças que os pais arriscam e sentadas no banco à porta com os pés virados para a rua experimentam”, conta, revelando que tem vendido mais para os mais pequenos que reiniciaram a escola.
“Como a situação da pandemia estava”, a empresária confessa que tinha que se fazer alguma coisa e “fechar foi realmente a melhor opção”. “Eu sou de Torres Vedras e aquele concelho estava caótico e a nossa loja era perto do hospital e aquilo era um cenário terrível”, relembra.
No entanto, acha injusto o comércio pequeno só poder vender ao postigo quando “alguns estabelecimentos como os cabeleireiros, entre outros, podem receber os clientes”. “Vender uns sapatos ao postigo não funciona da mesma forma que outros negócios, as lojas estão organizadas para os clientes poderem ver o máximo possível do artigo”, conta.
A preocupação não é diferente na loja de pronto-a-vestir Lanidor das Caldas. “O cliente gosta de entrar, ter contacto com a roupa, ver o que temos para oferecer”, explica a gerente, Dina Conceição.
À porta da loja colocou um balcão onde faz o atendimento e mostra a roupa às clientes. “As pessoas vêm o novo catálogo e dizem-me o que querem e eu vou buscar. Não é a mesma coisa, mas tivemos todos que nos adaptar”, realçou.
Dina Conceição diz que o mais difícil é “as clientes não poderem experimentar a roupa para ver se fica bem e se é o tamanho certo”. “Temos clientes assíduas que podem levar a casa para experimentar e se gostam ficam com o artigo e voltam para pagar, se não gostam, devolvem a roupa, que depois é desinfetada e fica em quarentena, uma vez que temos uma segunda peça do mesmo artigo”, explica. No entanto, refere que têm algumas clientes habituais e que já conhece o seu estilo e tamanho que vestem.
A altura da Páscoa costuma ser uma época alta de vendas devido à vinda de turistas e agora com as restrições de não poder circular fora do concelho a gerente confessa que está preocupada que não haja movimento no centro da cidade, numa altura que habitualmente está cheia de transeuntes.
Renata Machado, responsável pela Lanidor nas Caldas e Peniche, diz que “é preciso adaptarmo-nos à realidade atual, é muito difícil agradar a todos mas temos que respeitar as regras e fazer o melhor possível e o melhor de nós e é o que a equipa desta loja está a fazer”.
A empresária espera que o Município “ajude o comércio local para quando a pandemia terminar possamos ter mais visitantes e turismo, até porque temos um novo hotel que vai abrir a 1 de abril”.
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