A iniciativa foi dinamizada pela autarquia de Vidais, freguesia onde a agricultura é a principal atividade económica e o trator continua a ser uma ferramenta importante. Daí que se justificasse a realização de um evento deste género. “Temos muito fruticultor e agricultor, cuja vida é muito tempo passada dentro de tratores. Há passeios de jipes, de motas e de bicicletas, porque não um de tratores a oito ou dez quilómetros à hora?”, manifestou Virgílio Filipe, presidente da junta de freguesia de Vidais. A maquinaria agrícola que desfilou apresentava exemplares desde os anos 40 do século passado, até aos dias de hoje, nos formatos mais variados. “O que motiva a participação é também a paixão que as pessoas têm pelas suas máquinas, mostrando a união que existe entre os agricultores. Para uma primeira vez temos um belo número”, referiu Nelson Costa, da organização. “O nosso dia a dia é mexer em tratores. Já estou habituado há muitos anos. Este passeio é um evento bonito”, disse Serafim Mendes. Fábio Santos contou que utiliza a alfaia agrícola em pequenos serviços. “Não tem a velocidade suficiente e não consigo acompanhar a rota toda e ando a fazer corta-mato”, relatou. O trator mais antigo que apareceu era de 1948 e pertencia a Armando Santos. “É da família, o livrete é tão velho que nem dá para ver bem o número que está escrito, ainda anda. É rebocado para pôr a trabalhar porque não tem bateria nem motor de arranque, talvez um dia seja restaurado. Todo a gente gosta de ver uma máquina assim antiga, ponho duas ou três vezes por ano a trabalhar, mas não é usada na agricultura”, descreveu. Susana Martins foi uma das mulheres ao volante. O marido é agricultor e ela costuma acompanhá-lo nos pomares. ”Quando é para apanhar as maçãs eu vou com ele. Conduzir um trator é igual a guiar um carro. É meter as mudanças e andar para a frente”, comentou. A junta fez coincidir os pontos de passagem dos tratores com a rota pelos presépios que as povoações da freguesia montaram para colocar Vidais no mapa das propostas natalícias, levando visitantes às diversas aldeias. Os perigos constantes que têm motivado muitos acidentes com estes veículos não foram esquecidos neste convívio, que culminou com a bênção dos tratores e alfaias agrícolas pelo pároco de Vidais, seguindo-se um almoço em que foram entregues taças ao trator mais antigo (Armando Santos), ao mais ferrugento (Guilherme Canas), ao mais novo (Susana Madeiro, deste ano), ao mais longínquo (Hugo Dinis, do Barrocalvo, Bombarral) e ao proprietário com mais tratores (Fábio Noronha, com oito), e medalhas aos restantes participantes.
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