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O País dos brandos costumes

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Depois de algumas semanas de ausência, muitos episódios de gravidade se passaram no nosso país. Se Miguel de Unamuno retornasse ao nosso Portugal de agora, como reagiria e como descreveria este país que está há tanto tempo na cauda da Europa? Como avaliaria a separação descomunal entre ricos e pobres? As greves que irrompem constantemente […]

Depois de algumas semanas de ausência, muitos episódios de gravidade se passaram no nosso país. Se Miguel de Unamuno retornasse ao nosso Portugal de agora, como reagiria e como descreveria este país que está há tanto tempo na cauda da Europa? Como avaliaria a separação descomunal entre ricos e pobres? As greves que irrompem constantemente e que apenas obtêm como solução o riso alvar daqueles a quem são dirigidas. A pedofilia, impensável noutros tempos é uma epidemia constante. Basta ler diariamente os órgãos de informação. O Ensino que devia merecer a primeira atenção em qualquer país está num caos total e absoluto. Professores e alunos falam com amargura no coração, não se vislumbrando solução para esta tragédia. As pessoas só obrigatoriamente passam pelas ruas por falta de segurança e só o fazem com extrema precaução. Os assaltos são constantes. Basta olhar para o rosto das pessoas e vemos que reflectem a angústia vital, a depressão, a extrema tristeza. Um amigo de longa data, dinamarquês, meu condiscípulo na Universidade de Lyon, que nos visita com frequência e depois de saídas, dentro e fora de Lisboa, disse-me que o que o choca mais é a expressão do rosto dos passageiros que entram e saem: tristes, tristes; apreensivos, introvertidos. Em crónicas para os jornais em que colabora, escreveu: “Dirigindo-me para casa, no comboio subterrâneo, estudei os rostos dos passageiros rostos preocupados, rostos deprimidos, rostos infelizes. Contei apenas algumas pessoas, poucas, cujo aspecto revelavam vitalidade e uma atitude normal em relação à vida. Mas não somos um país de brandos costumes? Já refutei em dois longos artigos este desconchavo. Basta ler os dois grossos volumes “Páginas de Sangue”do Dr.Sousa Costa para desfazer de vez esta atoarda. Não chegou o regicídio, o magnicídio de Sidónio, a “Noite Sangrenta”; o 19 de Outubro, de anarquia total em que foram fuzilados Machado dos Santos (o fundador da Republica), o homicídio de Carlos da Maia, perpetrado quando a esposa estava a aleitar o seu filhinho e apesar dos rogos, persistiram até ao fim; a invectiva morte de António Grajo, então ministro; a bala que atingiu Cunha Leal no pescoço, salvando-se a muito custo. O jornalista Rocha Martins descreve em pormenor a “Noite Sangrenta” com a camioneta fantasma conduzida pelo “Dente d,Ouro, que em S .Apolónia abatia quantos Guardas que ali passassem; era vê-los a cair como tordos. Quantos outros assassinados pelo Estado e por torturas prisionais, não esquecendo o homicídio de Humberto Delgado da maneira mais bizarra. Parece incrível que um duplo crime perpetrado há cem anos, continue a ter adeptos Furibundos e odiosos; as suas vitimas se por um acaso absurdo voltassem à vida repetir-se-iam hoje as mesmas cenas e até talvez com mais requintes de selvajaria. Todos estes elementos serão refundidos num próximo volume ampliado, que terá como título estas palavras: “Os magnicídios imaginários que podiam acontecer agora”. Mário Mendes Rosa

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