“O primeiro, segundo e terceiro problema da pesca é o gasóleo, que abafa todos os outros mas ao mesmo tempo potencia-os”, diz Humberto Jorge, responsável por uma associação de armadores de Peniche. “O gasóleo chegou a um preço tão elevado que inviabiliza a actividade das embarcações. Quando nos apercebemos que depois de retiradas as despesas de exploração, impostos e taxas não sobra nem para as empresas nem para os pescadores, começamo-nos a questionarmo-nos sobre o que andamos a fazer. É andar a trabalhar para perder”, desabafa. O armador aponta outras lacunas: “A formação profissional neste momento não existe. As portarias do terceiro quadro comunitário continuam sem sair e não podemos recorrer aos fundos comunitários, ao contrário do que o senhor Ministro diz. O que nos está a revoltar é o Estado não abdicar de tributar o sector”. Para Humberto Jorge, a solução começa por “acabar com a indiferença e o Governo reconhecer a importância da actividade como estratégica para o nosso litoral, agindo em conformidade, ao aliviar-nos da carga fiscal e de burocracias, o que irá permitir ao sector respirar melhor”. “As taxas das capitanias, da Docapesca, do Instituto Marítimo-Portuário, da Segurança Social e o IRS dos pescadores têm de ser revistas”, reclama. Para o armador, o futuro não é risonho. “Ninguém se vai endividar a fazer investimentos na pesca com estas incertezas todas que recaem sobre o sector”, assegura. Francisco Gomes
“É andar a trabalhar para perder”
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