O abandono escolar, as desigualdades sociais e os níveis de pobreza acima da média dos países da União Europeia marcaram o discurso do deputado na Assembleia da República, António José Seguro, num jantar do Partido Socialista das Caldas da Rainha comemorativo do 34º Aniversário da Revolução dos Cravos. Segundo o presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, “há hoje muita gente que não beneficiou do desenvolvimento e do progresso que presidiu ao espírito do 25 de Abril”. Foi no Restaurante “Os Queridos” que cerca de 100 militantes do Partido Socialista das Caldas se reuniram para assinalar o 25 de Abril. António José Seguro foi o convidado de honra do evento, que encerrou o jantar com um discurso onde defendeu a comemoração da Revolução dos Cravos como forma de “recordar, honrar e prestigiar os homens e mulheres que nesse mesmo dia encheram de orgulho e de nobreza as páginas da história e da história política de Portugal”. Para o deputado, assinalar esta data é também “testemunhar o reconhecimento que temos pelos homens e mulheres que a seguir ao 25 de Abril, particularmente nos dois ou três anos que se seguiram, ajudaram a consolidar a democracia conquistada”. António José Seguro fez um balanço positivo destes 34 anos. Perante a evolução do país após o 25 de Abril, o deputado manifestou que ainda existem muitas dificuldades e injustiças na nossa sociedade. “Temos situações que nos deixam arrepiados”, disse, falando do abandono escolar e da pobreza no nosso pais. “Fizemos um esforço muito grande no sector educativo, mas hoje nós temos cerca de metade dos jovens portugueses que não completam o ensino secundário em Portugal. E não é só o problema da qualificação do lado dos trabalhadores, é o problema de qualificação do lado dos nossos gestores e empresários em Portugal”. Quanto aos níveis de pobreza, o político referiu que, segundo os dados estatísticos, “19 por cento da população portuguesa vive acima dos níveis de pobreza em relação a outros países da UE”. Perante a questão que muitas pessoas fazem se valeu a revolução, António José Seguro referiu que “é injusto exigir mais ao 25 de Abril e exigir mais a esses homens, porque não é por cair uma ditadura que de imediato se inicia uma democracia”. Segundo o orador, “iniciou-se um processo democrático e a exigência que temos de fazer perante as injustiças e perante os erros, não é a quem fez o 25 de Abril, é a cada um de nós e em particular aos partidos políticos em Portugal que não fizeram de tudo ao longo destes 34 anos para honrar o espírito e ideais do 25 de Abril”. De acordo com o deputado, “há cada vez mais cidadãos desinteressados pela política, não porque estão contra a democracia, mas porque criticam a maneira como se faz política em Portugal”. No processo contínuo de evolução e melhoramento das desigualdades sociais, António José Seguro disse que são “essenciais os contributos do PS”. Uma oferta e as boas vindas aos 11 novos militantes do Partido Socialista das Caldas da Rainha foi um momento alto deste jantar comemorativo do 25 de Abril. Jorge Sobral, presidente do PS caldense, falou no crescimento do partido e na necessidade de continuar a aumentar porque “vêm aí grandes lutas e trabalho”. Marlene Sousa