O Serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia e Bloco de Partos nas Caldas da Rainha voltou a funcionar na passada segunda-feira, após obras ao longo de cinco meses, mas será uma reabertura a meio-gás, como o JORNAL DAS CALDAS divulgou há algumas semanas.

O Centro Hospitalar do Oeste (CHO) apenas nesta quarta-feira revelou que o Bloco de Partos do Hospital das Caldas da Rainha estará encerrado das 09h00 de 16 de novembro até 20 de novembro, às 09h00. Quanto à Urgência de Ginecologia/Obstetrícia, estará encerrada das 21h00 desta quinta-feira até segunda-feira, às 09h00.

“As utentes que necessitem de assistência médica deverão dirigir-se ao Hospital Distrital de Santarém ou ao Centro Hospitalar Universitário de Coimbra”, esclarece o CHO.

Antes desta informação podia ler-se no plano “Nascer em Segurança no SNS” para o inverno 23/24 que no dia 16 de novembro haverá serviços com desvio de CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) para outra unidade hospitalar e depois fechará mesmo até final de 19 de novembro.

A seguir voltam a funcionar normalmente até nova interrupção a 30 de novembro, com mais um desvio das utentes transportadas de ambulância. Entre 1 e 3 de dezembro os serviços vão estar fechados, de acordo com o plano.

O mapa até 31 de janeiro de 2024 está definido, segundo a última atualização, feita a 2 de outubro. Ali se pode verificar que voltam a existir intermitências no funcionamento entre 14 e 17 de dezembro, entre 28 e 31 de dezembro, entre 11 e 14 de janeiro e entre 25 e 28 de janeiro, sempre com desvio das utentes para outra unidade no primeiro dia de cada vez que há constrangimentos e fecho nos restantes dias.

No natal não haverá constrangimentos mas no último dia deste ano os serviços estarão fechados.

A operação “Nascer em Segurança no SNS”, lançada pelo Ministério da Saúde, através da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), visa “promover a segurança e confiança de grávidas, crianças e profissionais do SNS”, tendo em conta a falta de médicos e a recusa em fazer horas a mais do que as previstas na lei.

É reiterada a importância de, antes do recurso a unidades de saúde, se contactar previamente o SNS 24 (808 24 24 24). Em situações de emergência, o contacto deve ser feito diretamente para o 112.

Entretanto, o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, divulgou no dia 11 de novembro o plano de reorganização da rede dos serviços de urgência do SNS, derivado da “escassez de recursos humanos na área da saúde, o recurso excessivo a cuidados de saúde em contexto de urgência hospitalar e a elevada dependência do recurso a trabalho extraordinário dos profissionais de saúde”.

“A indisponibilidade manifestada por um número relevante de médicos para a realização de trabalho extraordinário coloca em causa o atual funcionamento dos serviços de urgência, tornando necessária uma reorganização da resposta”, esclarece.

De acordo com o mapa que faz acompanhar essa comunicação, referente apenas à reorganização entre os dias 11 e 18 de novembro, comprova-se a situação na unidade das Caldas da Rainha no que diz respeito ao Serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia e Bloco de Partos, sendo pormenorizado o encerramento entre a noite do dia 16 e a noite de dia 18. A instituição para referenciação neste caso é o Serviço de Urgência do Polo do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (ao qual o CHO acrescentou o Hospital de Santarém).

Na Urgência de Pediatria nas Caldas da Rainha, já há mais de um mês que aos fins-de-semana não há médicos suficientes para assegurar o funcionamento e a situação vai continuar. Os doentes têm como referenciação a unidade de Torres Vedras, que também tem funcionado de forma irregular, sobretudo durante a semana, mas no dia 12 de novembro as duas unidades tiveram estas urgências fechadas.

No que diz respeito à Urgência de Cirurgia Geral nas Caldas da Rainha, os constrangimentos prosseguem. No fim de semana passado esteve encerrada, o mesmo acontecendo na noite de dia 13. Voltará a fechar no dia 18. O hospital de Torres Vedras é a alternativa.

Em Peniche o Serviço de Urgência Básica não tem constrangimentos assinalados, mas tal como o nome indica é uma urgência “básica” e não tão avançada.

Leiria e Santarém têm unidades igualmente com urgências condicionadas em alguns dias.

Iniciativa Liberal critica “erro grosseiro”

A Iniciativa Liberal, através dos núcleos das Caldas da Rainha e de Torres Vedras, acusa a direção executiva do SNS de falta de capacidade de gestão, criticando o “erro grosseiro de planificação ao reencaminhar utentes para urgências de pediatria de Torres Vedras e Caldas da Rainha fechadas”.

“Foi com enorme espanto e perturbação que a Iniciativa Liberal detetou que no período noturno do dia 12 de novembro as urgências de Pediatria não só não seriam asseguradas nas duas unidades hospitalares referidas, como estas serviam de instituição de referência uma à outra, para além dos dias em que vários serviços não estão assegurados. Segundo foi possível apurar, ambas as urgências estiveram fechadas e que em princípio os utentes, havendo-os, teriam sido transferidos para Santarém”, manifestou a Iniciativa Liberal.

O partido considera ainda “lamentável” que com o fim das obras de melhoria do serviço de Ginecologia e Obstetrícia, no Hospital das Caldas da Rainha, com um investimento de 1,3 milhões de euros, dos quais 725 mil euros financiados pela Câmara Municipal de Caldas da Rainha, “o mesmo volte a encerrar três dias depois da reabertura, obrigando as grávidas e parturientes a serem atendidas no Hospital Universitário de Coimbra, por o Hospital de Leiria também não ter capacidade de as acolher”. A mesma postura que o presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Vitor Marques, assumiu, numa estação televisiva.