A prática do poder político não pode ser apenas o exercício da gestão do quotidiano. Esta é fácil, basta, apenas ir seguindo os ventos da opinião pública, navegando em regime de cabotagem, sempre à beira da margem, sem perder terra de vista. Mas esta gestão, muitas vezes com frutos no curto prazo, não permite a mudança ou o avançar para novos patamares de desenvolvimento.
No longo prazo, a mera gestão do quotidiano determina a estagnação, a paralisia da sociedade e da comunidade. Ao político, que pretende vestir/sentir a pele de verdadeiro político, deve procurar ir mais além, influenciar, modificar, abrir novos horizontes, navegando para o distante, ainda que sob perigos, riscos, aceitando muitas vezes o fogo cerrado da artilharia de comentadores e oposição.
O novo executivo camarário de Caldas da Rainha assume a pele de tripulação de navegadores de costa à vista ou de navegadores intrépidos de mares abertos? Ainda é cedo para uma resposta. Mas cá estaremos para percecionar a qualidade dos marinheiros que temos ao leme dos nossos destinos.
A área económica é um exemplo de temática importante para esta qualificação. Parece-me óbvio que, não obstante a importância do turismo e do setor dos serviços, em especial o comércio, Caldas da Rainha, necessita de alguma diversificação do seu tecido económico/empresarial. Não compete à Câmara Municipal criar empresas. Mas compete-lhe criar, fomentar as condições para o desenvolvimento das mesmas.
O primeiro passo deve passar por uma diplomacia económica assertiva no esforço de captação de novas empresas para o concelho. Mas também pela melhoria das infraestruturas existentes. Entendo que já não faz sentido continuarmos a ter uma “zona industrial” (conceito dos anos 80), mas sim um parque empresarial. É claro que não basta mudar o nome. Precisamos de mais espaços para empresas, eventualmente um regime género condomínio, para novas empresas, melhor sinalética, melhor imagem, entre outros elementos. E políticas ativas para o empreendedorismo.
Temos jovens criadores na ESAD.CR, somos uma zona com uma localização excelente para start-ups. Porque não fazer de Caldas em parceria com o Politécnico de Leiria – o polo do empreendedorismo do IPL? Porque não o município criar o “bairro dos empreendedores”, disponibilizando em regime de incubação espaços para start-ups?
O Bairro azul é hoje uma zona como muitos espaços encerrados. Torres Vedras, com o Lab Center, transformou um centro comercial abandonado em zona central num espaço de formação e empreendedorismo. Porque não fazer do Bairro Azul ou outra zona da cidade, o nosso centro de empreendedorismo? É claro que é mais fácil projetar rotundas, fazer festas ou festarolas, que no curto prazo dão maiores benefícios eleitorais. Mas queremos ser políticos à seria ou políticos de passagem?
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