Acompanhada por uma nova formação, que é composta por Manuel Rocha, nas guitarras, e um trio de sopros constituído por Sérgio Charrinho, no fliscorne, Ângelo Caleira, na trompa, e Gil Gonçalves, na tuba, Luísa Sobral entrou em palco a interpretar o “Querida Rosa”, um dos onze temas que compõem o seu mais recente álbum, editado em novembro do ano passado.
Em seguida e sem cerimónia, a compositora deu as boas vindas aos presentes, num espetáculo onde a interação com o público foi constante. Mas antes disso começou por esclarecer que “este regresso acaba por ser engraçado, pois pisei este palco há sete anos com outra formação para realizar o meu primeiro concerto da minha primeira digressão”.
Nessa altura, a artista aproveitou para introduzir um outro tema, “Não sei ser”. “Esta foi a última canção que escrevi para este disco de cantautor e que fala sobre um período que vivi quando estava grávida”, explicou Luísa Sobral, adiantando que “durante a gestação fiquei rouca, o que influenciou a forma como compus e de pensar, porque não sei ser sem a minha voz”. Mas mesmo assim, Luísa confessou que decidiu gravar e editar este álbum, que é uma homenagem à sua filha, que acabou por influenciar o trabalho final.
Além de cantora, Luísa Sobral também assina a letra e música das onze canções. “Eu gosto de fazer ambas e sou feliz a fazê-las. Julgo que não seria tão feliz se só fizesse uma delas. Eu adoro escrever para outros mas também adoro cantar as canções que escrevo, e quando são sobre mim é uma forma de deitar cá fora os meus problemas”, explicou.
Volvidas três músicas, Luísa Sobral quis, no concerto, revisitar temas de outros álbuns. “Como este álbum é muito curtinho trouxe algumas canções de discos anteriores. São aquelas músicas que não foram as que tiveram mais sucesso mas sim, aquelas que eu mais gosto e que eu achava que ficavam bem nesta formação. Por isso, decidi ressuscitá-las, dando-lhes um arranjo para este novo formato”, esclareceu a artista. Era, então, tempo de cantar “Quarto de Lua”, um tema que raramente cantava em palco.
Outras das histórias que contou durante a sua atuação foi o facto de que na sua segunda gravidez optou por não saber o sexo da criança e assim foi, até ao momento do parto. “Mas decidi seguir o meu instinto que me dizia que era um rapaz“, referiu a compositora. Desse mesmo instinto nasceu a canção “Benjamim”, que é “uma carta de amor não de uma mãe para um filho, mas uma carta que eu gostava que alguém lhe escrevesse, como eu gostava que alguém o amasse“. Mas em vez de um Benjamim, Luísa Sobral referiu que foi “presenteada com uma Rosa”, nome que acabou por dar ao álbum.
Este disco, segundo a compositora, “não é necessariamente fácil de ouvir, no sentido dos arranjos, mas sim, no sentido das letras das músicas serem simples. É como se eu estivesse a contar histórias e a falar de amor, em canções mais expostas”. Além disso referiu que “o género de música mais intimista é o que me anda a emocionar no momento. Eu faço aquilo que emociona e dito isto acabou por ser esse o meu disco também”.
Mas antes de interpretar mais uma balada, “O Verdadeiro Amor”, do novo disco, Luísa Sobral decidiu recordar mais três temas dos anteriores álbuns, como a “canção mais animada e que quase todos sabem, o ‘Engraxador’”. Seguiram-se “Para ti”, “Mesmo rua, mesmo lado”, “O melhor presente” e “Cupido”.
Com um concerto a bater de perto uma hora e meia de duração, a artista e a sua nova formação despediram-se com “Dois namorados”, tema que nasceu de uma história real. “Fala sobre uma história de amor de infância, em que aos 85 anos, Armando reencontrou o grande amor da sua vida, Maria, que já estava viúva. Então convidei-os para o meu videoclip e foi tão bonito que eu emocionei-me a ver as imagens deles. Espero, aos 85 anos, ter um Armando sempre a querer beijar-me“, explicou Luísa Sobral deixando o público rendido e aplaudindo de pé a chamar por eles. Vieram de novo ao palco, deixando o público ainda mais animado com a interpretação da música que escreveu e compôs para o seu irmão, “Amar pelos Dois”, numa versão mais intimista e “cantada tal como ela foi composta” e ainda o tema “Xico”.
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