“Quisemos comemorar a recuperação da nossa plataforma elevatória. Este momento representa para os ENP, uma luta nos últimos 18 meses. Saímos de um investimento de cerca de 4 milhões de euros, em 2010/11 na ampliação da doca seca e do seu equipamento, quando tivemos o infortúnio do colapso desta plataforma, no dia 1 de julho de 2011”, disse Carlos Mota, presidente do conselho de administração dos ENP. Em simultâneo, a empresa entrou num período de contração de novas construções, o que a colocou num nível de atividade insuficiente, na altura da avaria, para responder aos encargos financeiros. “Os últimos 12 meses, privados de apoio público na construção naval, foram uma luta épica para encontrar os meios que permitissem recuperar a plataforma elevatória e por outro lado concluir todos os contratos que tínhamos em vigor. Contudo, entregamos duas lanchas piloto à Madeira, duas embarcações à Argélia, uma lancha de desembarque de 57 metros a Moçambique, um ferry de passageiros para seguir até Moçambique. Temos outro ferry para Moçambique terminado. Concluímos o Waveroller, concluímos a doca flutuante que vai ser enviada para Luanda e respondemos aos nossos fornecedores. Não foi fácil, mas conseguimo-lo, com o apoio da caixa agrícola mútuo e da caixa geral de depósitos”, destacou o presidente dos ENP. Para a recuperação da plataforma, englobando os custos e os navios envolvidos, o custos de mobilização e o investimento efectuado, mais um ano de perdas liquidas de reparação, foram atingidos 2,4 milhões, somando aos outros 4 milhões, estimando-se um prejuízo de 6,4 milhões de euros. “Ter a felicidade de poder subir e descer embarcações e com isso poder responder às necessidades dos armadores nacionais, com 17 alagens no período de um mês, saímos naturalmente feridos, porque não estamos bem. Continuamos com ânimo para lutar pela afirmação do nosso estaleiro e para o defender como uma das estruturas com que o país infelizmente pode contar no apoio à frota nacional. Entramos numa fase delicada com a recapitalização dos estaleiros navais por forma conseguirmos a afirmação no mercado nacional e internacional. Negociamos parcerias internacionais com especial ênfase para Angola. Esperamos do estado e da banca algum apoio no quadro dos programas que se encontram em execução”, disse. Satisfeito com esta reparação estava o secretário de estado do mar, Manuel Pinto Abreu que “Os estaleiros navais de Peniche, num momento de infortúnio apostaram no mar de Portugal. É um desígnio nacional. É importante olhar para o futuro porque estamos a construir um novo enquadramento do mar em Portugal que precisa de todos os atores. Fazer mais e fazer melhor. Aquilo que assistimos neste estaleiro, ainda não completamente cheio, dará um novo folgo a esta atividade a Peniche e ao mar de Portugal. Da parte do governo há a determinação de que o mar é um ativo muito importante para Portugal, o mar tem de ser um desígnio nacional, o mar tem de concretizar todo aquele potencial e valor que nós reconhecemos. Os estaleiros e Peniche não se vão sentir abandonados, apesar de não terem a resposta com a celeridade esperada, mas estão certos que terão a resposta adequada”, disse o governante. Também António José Correia, presidente da câmara de Peniche se mostrou agradado com a reparação do equipamento uma vez que isso representa a criação de mais emprego no concelho. “A presença do Governo é boa porque é sinal que estão atentos ao momento de viragem dos ENP, porque a sua operacionalidade está reposta, após um ano de grandes constrangimentos. É interessante o governo estar aqui porque compreende a capacidade instalada, às competências que dispomos e à multiplicidade de segmentos de mercado. A consolidação financeira dos estaleiros, mas os produtos das garantias financeiras para se concretizar as operações. Fica-se a perceber que o mercado externo é importante para a captação da mão de obra de Peniche, com competências locais. As referências ao mar, agradecemos, são justas porque nos temos envolvido em múltiplas ações, quer na consolidação da fabrica de conservas, na preservação da Berlenga, na visibilidade do mar através do surf, nas obras que estão a ser feitas dentro do porto. É gratificante e estimulante que o governo veja isso”. Os níveis de empregabilidade que os ENP geram quando estão operativos, “são extremamente importantes para Peniche, até porque 75 por cento do que aqui se faz é para exportação e valerá a pena fazer esta divulgação. Deveremos promover os estaleiros”, frisou o autarca de Peniche.
Carlos Barroso
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