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Entrevista a Telmo Faria: “Nunca pensei que o Governo fosse capaz de nos conduzir na direcção da bancarrota”

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Em entrevista ao JORNAL DAS CALDAS, o Presidente da Câmara Municipal de Óbidos, mostrou alguma tristeza com a situação que vive Portugal. “Não fosse a integração europeia, onde iríamos cair?”, disse Telmo Faria. O autarca que tem sido uma figura em destaque pela promoção que tem dado à vila de Óbidos. Está preocupado com o […]
Entrevista a Telmo Faria: "Nunca pensei que o Governo fosse capaz de nos conduzir na direcção da bancarrota"

Em entrevista ao JORNAL DAS CALDAS, o Presidente da Câmara Municipal de Óbidos, mostrou alguma tristeza com a situação que vive Portugal. “Não fosse a integração europeia, onde iríamos cair?”, disse Telmo Faria. O autarca que tem sido uma figura em destaque pela promoção que tem dado à vila de Óbidos. Está preocupado com o futuro da Região Oeste sobretudo, com o “atrofiamento financeiro das nossas autarquias”. Apesar da actual conjuntura nacional, Telmo Faria diz que Óbidos está a aguentar-se muito bem porque ainda “somos um dos poucos sítios onde há trabalho e investimento a acontecer”. JORNAL DAS CALDAS: Tendo em conta a situação actual do País e a crise imobiliária, como está a situação de Óbidos, que fez uma aposta grande no turismo residencial? Telmo Faria – Acho que face à actual conjuntura nacional, estamo-nos a aguentar muito bem. Tiro daqui o meu chapéu aos investidores que têm continuado a apostar em Óbidos, mesmo no meio da maior crise das suas vidas. É importantíssimo termos a consciência que em Óbidos não há projectos parados ou abandonados. O que vejo é muitas empresas deslocadas do País porque ainda somos um dos poucos sítios onde há trabalho e investimento a acontecer. São sinais importantes de confiança no futuro. Mesmo com abrandamento, é difícil não avançar face à qualidade do nosso território e do nosso planeamento. JORNAL DAS CALDAS: Óbidos vai continuar a investir no Turismo? Telmo Faria – Óbidos tem de investir no Turismo, pois continua a ser uma das áreas economicamente mais dinâmicas a nível mundial e há um processo de desenvolvimento local, de criação de infra-estruturas, projectos privados que sustentam esta aposta que, aliás, é confirmada por todos os documentos estratégicos sobre planeamento do território. Óbidos é hoje uma referência nesta área o que beneficia também os concelhos vizinhos e a nossa região. JORNAL DAS CALDAS: Como é que Vossa Exa., sendo do PSD e próximo de Passos Coelho, vê a situação actual do País? Telmo Faria – Acho verdadeiramente dramática. Se quer a minha opinião sincera nunca pensei que o Governo fosse capaz de nos conduzir na direcção da bancarrota. Não fosse a integração europeia, era onde iríamos cair. Como é possível aumentar a dívida ou manter o nível de despesa pública que temos? Mas o pior é encontrarmos as soluções para conter o défice à custa dos portugueses, aumentando insensivelmente impostos, quando nada se faz para travar o despesão do Estado e ainda ouvirmos da parte do primeiro-ministro o discurso da inocência e da defesa de Portugal. Os portugueses são inocentes, o primeiro-ministro não é. Acredito que nas próximas eleições os portugueses vão dar uma grande lição a quem os enganou o que será também uma lição para toda a classe política, sobretudo ao futuro Governo. JORNAL DAS CALDAS: Como é que vê a situação da Região? E o futuro do Oeste? Telmo Faria – Estou, sobretudo, muito preocupado com o atrofiamento financeiro das nossas autarquias nas questões das águas (consumo e saneamento), energia e resíduos, pois estas três áreas são deficitárias e têm, cada vez mais, um peso maior na execução financeira. Estamos conjuntamente a procurar soluções para estancar estas hemorragias. Já o conseguimos nos resíduos e podemos reduzir mais de 50 por cento da actual despesa na energia, onde só em iluminação pública os municípios do Oeste gastam mais de 7 milhões de euros por ano. A nova Agência de Energia, a Oeste Sustentável, tem vindo a desenvolver uma negociação muito complexa que possibilita reduzir esse valor para menos de 4 milhões. Se os municípios se mantiverem unidos vamos consegui-lo. Como sempre, quando não há divisões somos muito fortes. JORNAL DAS CALDAS: Numa altura em que se fala em extinguir algumas freguesias, qual a sua opinião em relação essa temática? Telmo Faria – Concordo no geral, mas acho que esse assunto não é prioritário. JORNAL DAS CALDAS: Em Óbidos poderá acontecer? Telmo Faria – Tenho sinceramente outro tipo de preocupações face à crise. As freguesias também estão em contenção e são parceiros fundamentais na nossa estratégia. JORNAL DAS CALDAS: O que é que Óbidos está a fazer para atrair ao Concelho e fixar jovens? Telmo Faria – O nosso modelo tem vindo a privilegiar a atracção dos jovens. A duplicação em cinco anos do número de alunos nas nossas escolas é um feito notável, tal como a nossa aposta nas indústrias criativas, onde já temos no universo das empresas do Parque Tecnológico mais de uma centena de jovens a trabalhar no concelho. Só em empresas em incubação são cerca de 30, o que revela que temos reunido condições para atrair os jovens empreendedores. Um bom exemplo, entre outros, é o nascimento aqui do primeiro canal de televisão português virado só para os jovens, precisamente, o Young Channel, que arrasta, cada vez mais, jovens para Óbidos. Acho que estamos a agarrar essa geração com instrumentos inovadores e não só pela oferta de habitação que era a forma clássica de “fixar”. De que nos interessa que eles cá durmam se não criam cá riqueza? Acho que temos que falar, cada vez mais, de riqueza e da forma como podemos criar produto e valor acrescentado. A situação do País pede esse caminho e estamos, com todos os recursos que temos, a fazê-lo. Locais como o ABC, a incubadora do Convento de S. Miguel, que são centros de jovens talentos, têm que se multiplicar e é nisso que estamos a apostar. Esses são os jovens que queremos fixar no nosso universo económico-social, mesmo que morem num concelho vizinho. Isso não é problema, pois temos uma visão maior que a fronteira do concelho. JORNAL DAS CALDAS: Tendo em conta o desemprego do País, Óbidos poderá ser atractivo? De que forma? Telmo Faria – Não temos feito outra coisa que não atrair. Atraímos investimento e erguemos um cluster de economia do Turismo que é altamente empregador; atraímos pessoas aos nossos grandes eventos e aumentamos as oportunidades de negócio; investimos nas indústrias criativas e atraímos, cada vez mais, empresas. Só em investimento privado apoiado pelo QREN no Verão passado já ultrapassávamos os 50 milhões de euros. Isso é um sinal que estamos a ficar cada vez mais fortes e dentro de alguns anos estaremos a ter mais empregos e um PIB concelhio muito maior! JORNAL DAS CALDAS: Há nove anos que está em frente da Câmara Municipal de Óbidos. Colocou definitivamente Óbidos no mapa? Telmo Faria – Sempre trabalhámos com base naquilo que consideramos ser o melhor para Óbidos. Se acertarmos, então aí teremos o reconhecimento que advém desse sucesso. Dou-lhe um exemplo: quando fizemos os novos Complexos Escolares, não os fizemos para ganhar uma distinção da OCDE, que considerou o Complexo dos Arcos como um equipamento educativo dos melhores a nível mundial. Fizemo-lo convencidos que estávamos a criar um novo modelo educativo que precisava de um novo equipamento, pensado e planeado de raiz. Foi uma escolha difícil, quando podíamos ter seguido o caminho mais simples e fazer uma escola como todas as outras. O nosso trajecto tem sido esse: fazer escolhas difíceis, mas estruturar um concelho para as próximas décadas. A nível nacional devo dizer que existe essa ideia que Óbidos está no mapa do que mais positivo de faz em Portugal, o que me honra muito. O reconhecimento tem sido enorme com inúmeros prémios e distinções. Até o governo socialista me condecorou… JORNAL DAS CALDAS: O que ainda falta fazer? Telmo Faria – Muita coisa! Falta que o Estado Central cumpra senão todos, pelo menos uma parte significativa dos seus compromissos para com Óbidos. Por exemplo, que o Ministério da Educação permita ao Município maior autonomia na definição de um modelo educativo próprio e garanta o financiamento para a construção da nova Escola Josefa d’Óbidos. Falta que o Ministério da Agricultura cumpra o prometido plano de rega das Baixas da Amoreira e Óbidos, ou que o Ministério da Administração Interna concretize o novo quartel da GNR ou a loja do Cidadão, já para não falar da Lagoa de Óbidos. Veja que isto não são promessas, são compromissos jurídicos traduzidos em aprovações, acordos ou protocolos! Da nossa parte as pessoas conhecem a ambição do nosso executivo e do seu presidente, por aquilo que já conseguimos fazer. Apesar da conjuntura ser muito difícil, e de haver quem gostasse que a Câmara de Óbidos não conseguisse fazer mais nada, não falharemos nenhuma oportunidade, isso eu posso garantir. JORNAL DAS CALDAS: A educação é e sempre foi a sua paixão. Como vê os cortes do Estado nas Escolas e em que ponto se encontra a Escola Municipal que no feriado do Concelho referiu como meta depois da construção dos Complexos. Telmo Faria – O termo paixão é muito emocional. Eu tenho a consciência que a Educação é um eixo central num modelo de desenvolvimento pelo qual tenho a responsabilidade de implementar e liderar e nesse campo estamos a avançar com o projecto-piloto que anunciámos ao nível do pré-escolar, apesar das restrições que conhecemos no Ministério da Educação. Acho que vamos ter que ser mais criativos que nunca e uma vez mais a escolha e o caminho são difíceis, mas não vamos desistir, custe o que custar. Temos que ter uma escola mais aberta, mais criativa e que potencie mais o talento das crianças a fim de termos melhores resultados educativos. Para isso temos que trabalhar novos métodos com os educadores e com os professores, envolvendo os alunos e as famílias. Sem eles não é possível. JORNAL DAS CALDAS: A concentração dos alunos em três complexos não é uma forma de contribuir para a desertificação das aldeias? Telmo Faria – Pelo contrário. Os novos complexos são novas centralidades que vêm fortalecer as nossas aldeias e vilas pois permitem que as pessoas possam escolher qualquer lugar para morar, pois têm todos uma escola moderna a uns meros 5 ou 10 minutos de distância das suas habitações. Isto fortalece o nosso modelo de ruralidade moderna e veio ajudar a combater algum abandono de pequenas aldeias e casais, que estão hoje mais valorizados. JORNAL DAS CALDAS: Sendo o Concelho essencialmente rural, quais as políticas que estão a desenvolver no combate ao isolamento e solidão dos idosos? Telmo Faria – Desde sempre que temos estado muito atentos a esta questão. Repare que Óbidos, para além de ser um concelho maioritariamente rural, é também um concelho com uma grande dispersão geográfica, o que provoca um grande isolamento dos idosos. Por isso, criámos, em 2005, o Programa Melhor Idade, com uma rede municipal de centros de dia e de convívio, e tem como o principal objectivo, precisamente, combater a solidão e isolamento dos mais idosos. Contamos actualmente com uma rede de 12 centros de dia e de convívio, distribuídos pelas 9 Freguesias do Concelho. Estes Centros fornecem refeições e uma planificação variada de actividades, como ginástica, hidroginástica, ateliês de teatro, música, bordados, jardinagem, artes plásticas, entre outros. Este Programa permitiu que cerca de 400 idosos do Concelho passassem a usufruir de um convívio diário, retirando-os, assim, da solidão. Criámos o VAT – Veículo de Apoio Técnico, onde um técnico da autarquia efectua pequenos arranjos na casa das pessoas. Criámos ainda o OBI – Mobilidade para Todos, que melhorou, claramente, a rede de transportes públicos do concelho, aumentando a acessibilidade de todos. A população mais idosa, iletrada, com fracos recursos económicos, passou a ter um serviço que lhes permite, de forma gratuita, deslocar-se para o centro da Vila e aceder aos vários serviços públicos. Também o acesso aos serviços de Saúde melhorou muito com a UMS (Unidade Móvel de Saúde) e o Programa Saúde Melhor efectuou uma série de rastreios descentralizados pelas Freguesias e acções de sensibilização para a promoção da saúde. Temos também o Programa de Promoção de Saúde e Segurança na Terceira Idade, que se realiza anualmente, e que conta com vários oradores de diversas áreas, como segurança pública, segurança social, saúde, bombeiros, protecção civil, veterinária, o que permite que a informação chegue à população que está mais isolada e se encontra, provavelmente, mais desfavorecida. Por outro lado temos apoiado e crescido muito no desenvolvimento de IPSS, que aumentaram muito as valências. Hoje, em plena crise, temos uma intervenção e uma rede social muito mais forte, fruto do que criámos nos últimos anos. JORNAL DAS CALDAS: A oposição critica a realização de alguns eventos que levam verdadeiros enchentes a Óbidos. Foi uma aposta conseguida ou a população visitante não contribuiu para o desenvolvimento da economia local? Telmo Faria – Mas qual oposição? Temos actualmente duas linhas: uma oposição radical, que tem os mesmos rostos que o povo já, repetidamente, e de forma expressiva, rejeitou e uma oposição moderada que quer participar com ideias reconhecendo o que de muito bom acontece em Óbidos. Por exemplo, a última entrevista pública do novo líder do CDS/PP de Óbidos vai nesse sentido, o que achei muito positivo. Espero que não se deixe levar pela vontade de propor ideias apenas para agradar. As pessoas estão fartas de demagogia e a discussão à volta dos eventos é o melhor exemplo disso. JORNAL DAS CALDAS: O que é que os eventos trouxeram de mais-valia para o Concelho de Óbidos? Telmo Faria – Oportunidades de negócio para todos e promoção de Óbidos como nunca. As poucas pessoas que não reconhecem isto, eu nunca as consegui convencer, pois existe um bloqueio chamado partidarite aguda, uma doença que atinge alguns personagens. JORNAL DAS CALDAS: Se fosse obrigado a realizar só dois eventos por ano, quais escolheria? Telmo Faria – O número dos eventos tem que ver com as necessidades de impulso económico que estamos a enfrentar. Veja que os eventos que trazem mais pessoas, como o Festival Internacional de Chocolate e o Óbidos Vila Natal são feitos no Inverno, na época baixa. Esta é a nossa perspectiva, muito ligada à economia, não é tanto uma escolha de prazer pessoal. JORNAL DAS CALDAS: O seu mandato acaba em 2013. O que se segue? A Câmara das Caldas está nas suas aspirações? Telmo Faria – Presentemente estou de alma e coração comprometido com o município de Óbidos, por isso não penso noutras autarquias. Desde 2001 que há pessoas a dizer que a autarquia de Óbidos era para mim só um trampolim. Passaram praticamente dez anos, ainda cá estou a fazer obra e a cumprir os meus compromissos. Mas quanto ao futuro, o povo diz sabiamente que “o futuro a Deus pertence”. Marlene Sousa

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