Q

Previsão do tempo

16° C
  • Sunday 19° C
  • Monday 17° C
  • Tuesday 20° C
16° C
  • Sunday 19° C
  • Monday 18° C
  • Tuesday 20° C
16° C
  • Sunday 21° C
  • Monday 19° C
  • Tuesday 22° C

A Rua de Camões

EXCLUSIVO

ASSINE JÁ
Na história do século XIX a mais extraordinária publicidade republicana a mais rara e a mais eficaz – foi a proposta da comemoração do terceiro centenário da morte de Camões feita por Teófilo Braga. Velho republicano, como tal bem conhecido, foi a alma e a vontade de uma nação, na homenagem o maior vulto da […]

Na história do século XIX a mais extraordinária publicidade republicana a mais rara e a mais eficaz – foi a proposta da comemoração do terceiro centenário da morte de Camões feita por Teófilo Braga. Velho republicano, como tal bem conhecido, foi a alma e a vontade de uma nação, na homenagem o maior vulto da nossa cultura. Por toda a parte do país surgiram as “ruas de Camões”. O fenómeno foi curioso. Aparece como uma vontade colectiva de homenagear os verdadeiros heróis nacionais secundarizando, os santos e os nobres, até aí os únicos a merecerem placa de rua e homenagens públicas. Em 1880 a Rua do Olival de Baixo, cujo topónimo vinha da Rainha velha perde o seu nome para Rua de Camões. Na vida já longa de recordações, algumas ficam mais agarradas a esta memória velha, emblemas de um passado, romântico e algo saudoso, mas que nos faz conhecer melhor a alma desta terra onde nascemos há 83 anos. Em 1974 fui um dos cidadãos caldenses a constituir a Comissão Administrativa da Câmara. Estava instalada no bonito edifico joanino, agora sede da Junta de Freguesia. Uma das informações primeiras que tivemos foi que o edifício estava em vias de ruína, que a Câmara não tinha dinheiro para as obras e que no sótão chovia como na rua. Lá fomos ver. Vi montanhas de papéis velhos, nem sequer tendo o mais pequeno vislumbre do seu valor histórico: não havia tempo para isso! Uma das paredes tinha um buraco, com um rolhão de pergaminho a servir-lhe de rolha. Vi. Era um lindo painel com o nome da Rua de Camões, feito por alunos da Aula Artística Rainha Dona Leonor, depois Escola Industrial Rafael Bordalo Pinheiro e tinha sido executado para a festa de inauguração da rua. Nunca mais lhe pus a vista em cima, nem sei se alguém sabe dele. Aqui nas Caldas, como em boa verdade por todo o país secularizando os nomes das ruas, privilegiando os cidadãos, em detrimento de nomes sacros. Como João de Deus é homenageado a nível nacional como um grande pedagogo, vá de fazer desaparecer o Largo do Espírito Santo, a Travessa do mesmo e até a Rua e substituí-los por Largo João de Deus , Rua João de Deus e até Travessa de João de Deus. Tudo o que é demais é moléstia! Estas mudanças de nomes o povo não os aceita. O culto da cidadania emblematizado por exemplo na Rua Alexandre Herculano, nunca fez esquecer o seu nome, com mais de trezentos anos de Rua do Jardim, mas a Rua de Camões é também um pouco diferente, manter Rua do Olival de Baixo, que é um nome rural, no centro da cidade e ainda por cima sem uma única oliveira a lembrar a história, não é muito convincente. É uma das ruas mais centrais das Caldas e a que dá acesso directo ao Hospital Termal. Tem muita dificuldade de trânsito e eu, que sou aqui estabelecido sei bem a dificuldade imensa para qualquer pessoa aqui parar o carro. O problema dos carros e do seu estacionamento, ainda que curto, é de muito difícil solução. Já há vinte e tal anos, como deputado, participei de uma – aliás várias- reuniões sobre este problema e numa abordagem mais sensata alvitrava que as autarquias deveriam criar grandes parques de estacionamento, o mais perto possível da entrada ou saída das povoações, pagos, de modo a garantir a manutenção de autocarros pequenos que garantissem a mobilidade desejada – como aliás eu já tinha visto em várias cidades da Europa. Vários argumentos me convenceram que isto não era fácil. As primeiras grandes obras que se fizeram nesta rua foram o seu alargamento em 1935. Era uma rua muito estreita e nessa altura foi alargada à volta de 2 metros. Foi na sequência do monumento á Rainha, 10 anos depois foi reconstruída, praticamente como hoje se encontra. Levou nessa altura esgotos para a água do Hospital, muito bem construídos, tendo sido desviados do Parque. A primeira praça das Caldas tinha lugar ao princípio desta rua, frente do Hospital. Durou até ao século XVIII em que foi construída a Praça da República, chamada então o Rossio da Vila. Nesta rua estiveram instaladas as primeiras estações de telefones das Caldas. A primeira instalação foi no edifício dos correios, aqui instalados, mais de cem anos, a seguir ao Casino no prédio que ainda lá está. Saíram daqui em 1940, quando foi construído o correio. Rua de características turísticas, com um comércio de pastelarias, cafés, restaurantes, decerto algumas das melhores da nossa terra. Alguns edifícios de grande qualidade, como o GAT, reconstruído com o maior respeito pela traça primitiva, enobrecem esta rua. Até 1935 era muito frequentada pela colónia espanhola, chamava-se Ibéria Clube. Ardeu 2 vezes . Era propriedade da Câmara e serviu de abrigo a marginais que aliás lhe teriam pegado fogo. O Ibéria Clube tinha no passeio seis varões de ferro com um brasão esmaltado das cidades espanholas donde vinham os nossos vizinhos. Era uma homenagem bastante simpática, cuja lembrança está perfeitamente viva na minha memória, mas não chega para saber sequer que terras eram. Hermínio Oliveira

(0)
Comentários
.

0 Comentários

Deixe um comentário

Últimas

Artigos Relacionados

Troféu Easykart Portugal com prova noturna no Bombarral

Téo Pelfrene na categoria EK60, Tomás Morgado na categoria EK100, Frederico Pinto Coelho na categoria EK125 e Fernando Laranjo na categoria TaG Livre 125 venceram a segunda prova do Troféu Easykart Portugal, disputado no KIRO-Kartódromo Internacional da Região Oeste, no Bombarral, sob a organização da ACDME - Associação de Comissários de Desportos Motorizados do Estoril.

kart

Peão Cavalgante/Arneirense em open de Coimbra

Quatro jogadores da Associação Peão Cavalgante/Arneirense, das Caldas da Rainha, participaram no Open Internacional de Coimbra - Queima das Fitas 2024 em xadrez: José Cavadas (Veteranos +50), Mário Falcão (Sub18), André Sousa (Sub 16) e Fernando Oliveira (Veteranos +50).

xadrez

Quarta edição do Orçamento Participativo

Teve início no dia 1 de maio o período de apresentação de propostas à 4.ª edição do Orçamento Participativo do Bombarral (OPB). Trata-se de uma iniciativa dinamizada pelo Município com o objetivo de fomentar a participação e o envolvimento cívico dos cidadãos, aproximando-os dos órgãos de decisão.