A escalada do preço dos combustíveis está a afectar os automobilistas, surgindo a procura de gasóleo ou gasolina mais barata, por alguns cêntimos, em postos de abastecimento nas grandes superfícies. Algumas marcas já apostam em promoções ao fim de semana, com menos cinco cêntimos por litro, casos de alguns postos da Repsol nas Caldas, enquanto que outros, como é o caso da BP, utilizam cupões de desconto de um euro, ou de um euro e vinte cêntimos, em parceria com o supermercado Lidl, para manter a clientela. Fonte dos postos da BP revelou que “as quebras situam-se na ordem dos 30%”, destacando que “a salvação tem sido a utilização dos vales de desconto”. Outra fonte da Repsol refere que, em contrapartida, se verifica “um aumento do abastecimento do GPL”, a metade do preço da gasolina. Bruno Sousa, administrador do Grupo Auto Júlio e que gere os postos da Galp e BP em São Cristóvão, confirmou “uma menor procura nos postos de abastecimento devido ao aumento dos combustíveis”, diminuição que “se sentiu mais em Leiria e Pombal”, do que nas Caldas e Peniche. “O problema maior não serão os postos de trabalho. Acho que este aumento se vai reflectir na economia e ai será mais preocupante”, manifestou. “Há clientes que procuram trocar de carro, porque os mais novos são mais económicos e o valor da prestação é aquilo que economizam no combustível. Mas há pessoas a não comprarem porque não sabem qual o pendor da reacção económica”, disse. Com esta escalada do preço do combustível existem filas de automóveis para abastecer durante a manhã ou final do dia nas grandes superfícies, onde o preço é alguns cêntimos mais baixo. Face a este clima, a transformação de viaturas para GPL está a aumentar. Por exemplo, a Usse GPL, na Usseira, tem reservas até ao final do dia 15 de Julho. Teresa Dercoli adiantou que “assim que começou este aumento sistemático do combustível que se registou um aumento da procura” de transformação de viaturas de gasolina para gás. Carlos Barroso Raquel Campos, fotógrafa, residente nas Caldas da Rainha “Agora vou passar a meter gasolina no Intermarché ou no E. Leclerc porque é mais barata. Vou continuar a andar de carro ao fim de semana, mas menos vezes. Para andar de carro tenho de cortar em alguma coisa e por isso as saídas à noite, tabaco, jantar e almoçar fora vão acabar”. Henrique Henriques, agricultor, residente em A-dos-Francos “É um aumento fora do normal. Daqui pouco está insuportável andar de carro para o trabalho. Procuro os postos de abastecimento mais baratos como é o caso do Intermarché. Como sou agricultor até o preço do gasóleo agrícola, que está a quase a um euro, prejudica a nossa vida. É um preço muito alto. Os custos dos produtos agrícolas não fazem face ao aumento dos combustíveis”. António Gomes, empregado numa firma de transportes, residente em Viseu “É uma roubalheira e para as empresas é extremamente grave porque todos os dias metemos uma grande quantidade de litros e isso é uma grande despesa adicional. Para o meu carro eu procuro os postos mais baratos, mas para a empresa, porque andamos sempre a correr de um lado para o outro, metemos onde calha. Até agora ainda não tenho ordens para só meter gasóleo nos postos mais baratos, mas quando eles mandarem vamos ter de fazer isso”. João Vargas, técnico de vendas, residente em Rio Maior “É um exagero, é impossível continuar a andar assim. Estou em serviço e a empresa paga-me para ter combustível, mas no meu carro eu já tenho de pensar antes de sair de casa, porque em tão pouco tempo é um excesso o preço dos combustíveis. Está a tornar-se incomportável. Temos de recorrer aos postos de combustível mais baratos, mas mesmo assim começa a ser muito difícil sustentar tudo isso”. Maria do Carmo, reformada, residente em Alhandra “Não me prejudica muito porque ando pouco de carro. Mas ainda assim afecta toda a gente, porque os lucros vão para quem não devia. Procuro abastecer em postos onde o combustível é mais barato”. Filipe Alfredo, empresário, residente nas Caldas da Rainha “O combustível deveria ser mais barato. Eu tenho uma empresa e tenho de atestar vários carros e isso aumenta os preços de custo. Ainda não recomendo aos meus funcionários para irem aos postos de combustível mais baratos, mas no meu carro particular já recorro a estes postos”. Sofia Videira, coordenadora de uma empresa de vendas, residente em Coimbra “É chocante. Com os ordenados mínimos que temos não é possível sustentar esta subida. Cada vez mais vejo pessoas a emigrarem. Eu ando todos os dias na estrada, tenho de meter gasóleo e como é carro da empresa tenho de atestar obrigatoriamente na Galp, mas se fosse a minha viatura, nem que fosse em Espanha, onde é mais barato, eu ia, porque a diferença é abismal”.