O ex-jornalista e romancista José Manuel Saraiva “inaugurou” no dia 23 de Maio o espaço do Café Concerto do Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha, com a apresentação do livro “Aos Olhos de Deus”. Tratou-se de um café literário co-organizado pela Loja 107 e pelo CCC, onde o autor foi desafiado pela livreira Isabel Castanheira a escrever um novo livro que tenha a Rainha D. Leonor como protagonista. José Manuel Saraiva é actualmente um dos escritores que mais vende em Portugal. “Rosa Brava” atingiu a condição de best-seller graças às dez edições e o seu último livro já vai para a terceira edição. “Aos Olhos de Deus” conta como, na época áurea dos Descobrimentos Portugueses, D. Manuel I toma a decisão de enviar ao Papa Leão X uma grande embaixada, demonstração viva do seu poderio temporal. A comitiva parte de Lisboa em cinco embarcações com um tesouro valiosíssimo e animais exóticos trazidos de África e da Índia. Após conturbada viagem o cortejo chega a Roma, onde o Papa preparara uma sumptuosa recepção com a presença das mais altas figuras da época. No meio do fausto da corte portuguesa e da Cúria dos Medici, contrastante com a dor e a miséria do povo sofredor, ascende à figura de símbolo o amor regenerador de D. Diogo pela bela judia, Raquel Aboab, a quem aquele salvara da fogueira e da sanha intolerante do antijudaísmo reinante. José Manuel Saraiva confessou ter uma enorme paixão pela “história rica de Portugal”. Muitas das perguntas do público foram exactamente sobre a forma como o autor aborda questões históricas, porque havia muita curiosidade em saber o que é ou não é ficção no livro. O escritor garantiu que todas as datas, factos e nomes são reais, tendo feito um grande trabalho de investigação para escrever os seus livros. Como as histórias de José Manuel Saraiva têm sempre uma mulher como figura central, a proprietária da Livraria 107, Isabel Castanheira, não resistiu a lançar o desafio para que o escritor se debruçasse sobre a vida da Rainha que deu origem às Caldas. Para que o autor não se esquecesse desta proposta, Isabel Castanheira prometeu enviar informação sobre a vida daquela monarca. “É mais um desafio, quem sabe”, afirmou o convidado, adiantando ainda que desconhece qual será o tema do seu próximo livro. Durante essa sessão, José Manuel Saraiva contou que para escrever precisa de muito trabalho e “uma enormíssima concentração”, tendo chegado a estar dez horas em frente ao computador para só conseguir acabar quatro linhas. O próximo convidado do Café Concerto do CCC, a 6 de Junho, é o jornalista da TVI, Júlio Magalhães, que vem falar sobre o seu último livro, intitulado “Os Retornados. Um Amor Nunca se Esquece”. Francisco Gomes