No seguimento da vigília em defesa do Centro de Saúde realizada no passado dia 25, a Junta de Freguesia de Atouguia da Baleia, em Peniche, enviou uma carta à ministra da Saúde, apelando à sua intervenção para garantir a colocação de médicos de família.
“A população quis mostrar a sua indignação pela falta de uma resposta cabal à falta de médicos de família na nossa freguesia, à qual o Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste Norte não tem conseguido responder. Deviam estar três médicos de família, mas não está nenhum”, transmitiu o presidente da Junta, António Salvador, à ministra Marta Temido.
O autarca sublinhou à ministra que “um planeamento atempado poderia ter evitado esta situação, nomeadamente prevendo a aposentação dos médicos”. “Agora é preciso arranjar soluções, porque não pode estar uma população inteira sem ter médico de família a quem recorrer”, manifestou.
O presidente da Junta prosseguiu a descrição da situação: “A confirmação da saída, no final de 2021, de um dos médicos tarefeiros que prestava serviço na Extensão de Atouguia da Baleia, juntou-se à confirmação de que o concurso para preencher uma das três vagas ficou deserto. Esta notícia reforça as nossas preocupações e os nossos receios. Acresce que há dias em que nem um enfermeiro se encontra nas instalações”.
“Isto é inaceitável. Pagamos os nossos impostos. Queremos que respeitem os direitos que a Constituição nos dá. A população da freguesia de Atouguia da Baleia precisa de médico de família e não pode ficar dependente de médicos que não oferecem estabilidade no acompanhamento dos doentes”, vincou o autarca, que “perante a falta de respostas das entidades regionais” solicitou à ministra a intervenção “na salvaguarda dos direitos da população”.
Ao JORNAL DAS CALDAS o presidente da Junta expressou que “neste momento o Centro de Saúde de Atouguia da Baleia tem mais de seis mil utentes e tem uma médica de reforço que vem fazer umas horas, o que é insuficiente, obrigando as pessoas a terem de se deslocar para os privados ou ir às urgências dos hospitais, que estão um caos. Alguma coisa tem de ser feita”.
O autarca mostrou-se preocupado com o cenário de “falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde, enquanto que nos privados não há falta de médicos”, questionando “como é que o Governo gasta milhões de euros a formar médicos, dinheiro dos contribuintes, e depois eles apanham-se com o canudo na mão e vão para o privado ou emigram, em vez de terem de ficar fidelizados ao Serviço Nacional de Saúde por algum tempo”.
António Salvador defendeu que “faltam condições para os médicos trabalharem”, considerando que os profissionais preferem escolher para trabalhar entidades privadas que paguem mais, situação que aponta ter de ser alterada pelo Governo.
0 Comentários