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As águas de uma cidade

Rui Calisto

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Com muita curiosidade refiz um roteiro de águas em Caldas da Rainha. Um passeio muito interessante e que me levou a analisar alguns, poucos, pontos singulares acerca do facto de essa cidade ter surgido das águas e estar a morrer sem elas. Afogada na sua própria sede.
Rui Calisto

Chafarizes, bocas d’água, bebedouros, veios incrustados na terra, tudo largado à sua própria sorte.

Um dia, a Rainha D. Leonor de Lencastre (1458-1525) acreditou nas riquezas curativas das águas quentes que brotavam nesses chãos, o que a levou, em futuro não muito distante, a mandar erigir uma capela e um nosocómio termal, ambos destinados à cura.

Alma e corpo, razões mais do que perfeitas para o desenvolvimento do Lugar. Não foi à toa que, pelos séculos adiante, a monarquia, a nobreza e a burguesia, encantaram-se pela região. Entojos que putrificaram mentalidades. Quem com isso perdeu: O povo andrajoso e pobre que tanto necessitava daqueles santificados e curadores banhos. A mentalidade não se alterou. A decomposição ainda se nota pelos ares, pouco dependendo da força do vento.

A história de Caldas da Rainha ainda não foi contada. Não há comissário que o saiba fazer.

Por todo o concelho há uma riqueza aquífera ímpar. A parte que é possuidora de uma veemente exalação a enxofre foi a que levou o nome do burgo aos mais recônditos recantos do planeta, e é a que está mais abandonada.

Crê-se em apenas três nascentes de águas termais, escaldadas e abonadas em sais minerais, perfeitas para o tratamento das enfermidades respiratórias, ou de proveniência músculo-esquelética, porém, com uma prospeção meticulosa, provavelmente poderíamos surpreender-nos com a existência de outros pontos. Só o poderíamos saber se existisse investimento nesse tipo de investigação.

Temo pelo futuro de Caldas da Rainha no quesito termas. As más decisões por parte política (e, neste caso, incluo também toda a Oposição) podem levar a maior riqueza do concelho, e, por conseguinte, a própria cidade a uma obscuridade tenebrosa.

Lembro-me da história do Balneário das Águas Santas, vítima de uma decisão política impensável: A autorização de uma fábrica nas suas proximidades, que fez com que aquele ponto termal fosse reduzido a zero. O que sucedeu com este estabelecimento, perfeito para o tratamento das doenças de pele, foi o primeiro passo para o descalabro que hoje se vê.

Em 1852, o terreno onde estava a nascente que, segundo a lenda, curou um leproso, foi adquirido pela Câmara Municipal, esta, mesmo naquele ano, ali ergueu um armazém com alpendre e telheiro, com o intuito de proteger todas as pessoas que iam a banhos. Um ano depois, uma subscrição pública conseguiu verba suficiente para fazer melhoramentos no local. Foi nesse período, inclusive, que se mandaram analisar as águas. Desse estudo, bem como da quantidade de pessoas que conseguiam a cura para os seus problemas dartrosos, resultou o batismo de toda aquela área: “Águas Santas”.

Em 1855 foram ali instaladas oito selhas, e o pequeno complexo passou, então, a ser explorado financeiramente pela Câmara Municipal. Diferente do que ocorria com o Hospital Termal, sob guarda de uma administração própria.

Em 1957, com a construção da fábrica, as águas foram conspurcadas. E a sua magnificência extinguiu-se.

Neste 2020, os políticos caldenses dormem descansadamente sob memórias imponentes. Se não se fizer um investimento maciço, em todos os quadrantes, no existente Hospital Termal, provavelmente o futuro adormecerá sob o seu esqueleto. Deixemos de lavar as mãos como Pilatos. A culpa é de todos nós.

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