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Caldenses descrevem como vivem fechados em casa para evitar a Covid-19

Mariana Martinho

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O JORNAL DAS CALDAS continua a recolher testemunhos de caldenses para saber como vivem “fechados em casa” e em “teletrabalho”.
Ângela Félix

Em casa há quase um mês e em teletrabalho está a assistente administrativa na ACCCRO – Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste, Ângela Félix, de 35 anos. “Depois do encerramento das escolas tive que me preparar para ficar em casa com o meu filho, Guilherme, de quatro anos, em regime de teletrabalho”, sublinhou a caldense, que vive esta a situação com “algum medo”, por si e pela sua família.

Acompanhada pelo seu marido, que é empresário em nome individual e que também viu muitos trabalhos serem cancelados, Ângela divide o seu tempo entre o correio eletrónico e o telefone, a responder a dúvidas e questões dos associados da ACCCRO, e a esclarecer os diversos apoios que estão a ser disponibilizados para as empresas, como também a realizar atividades com o pequeno Guilherme, para que ele, mesmo sem estar no Jardim de Infância, tenha atividades didáticas.

“Ele não percebe o que é uma pandemia, o que é a quarentena, nem tão pouco o que é a Covid-19, mas sabe que temos que ficar em casa, lavar muitas vezes as mãos e não podemos ir para a rua porque existe um bicho mau, que nós não vemos e que nos pode fazer mal”, contou a caldense.

Ângela aproveita a “quarentena” para realizar as “normais tarefas domésticas”, bricolage, que “até então estava em stand by” e ainda fazer “coisas que nunca tínhamos feito antes” na área da cozinha. “Tem sido agradável passar mais tempo na cozinha, uma vez que agora temos mais tempo para fazer algo que gostamos”, sublinhou a assistente administrativa, adiantando que “no fundo, esta situação trouxe-nos tempo para a família, que antes era difícil”.

No que diz respeito às compras, que são sempre feitas na frutaria e no minimercado mais próximo de casa, referiu que “tentamos, sempre que seja possível, que saia apenas um”, no seu caso, o marido, que aproveita as saídas de trabalho para comprar o que é necessário. “Numa dessas idas às compras notei que as pessoas estão com receio e algum medo, mas estão a cumprir com a distância social e a usar as devidas proteções”, comentou, acrescentando que “o medo no olhar está sempre visível, mas também conseguimos ver que as pessoas estão a lutar e ansiosas para que tudo passe, que tudo volte ao normal”.

Nesse sentido, é “importante que toda a população tome consciência que as medidas impostas pelo governo devem ser levadas a sério, e que só assim conseguimos vencer esta pandemia”. Caso contrário “esta situação vai prolongar-se e o regresso à vida que conhecíamos vai atrasar os abraços e os afetos que estávamos habituados a dar”.

Apesar de ter saudades de abraçar e de estar com a sua família, a caldense sublinhou que “não podemos vacilar”. “Eu sei que custa a todos estar fechado em casa, estamos num registo difícil porque temos que cumprir com as indicações da Direção-Geral da Saúde, e ao mesmo tempo, dar o apoio e vigiar uma criança que está confinada a estar em casa, que estava habituada a rotinas e a brincar com os seus amiguinhos, e que agora não pode cumprir, mas é assim que temos que fazer”, disse Ângela, criticando aqueles que ainda andam na rua desvalorizando o vírus.

“É importante que todos tomem consciência disto, que façam a sua parte e fiquem em casa”, frisou a caldense, que tem levado “muito a sério” as medidas impostas pelo governo.

Para a caldense, o que tem valido são as novas tecnologias e as redes sociais, que permitem aproximar os contactos familiares, embora virtuais, mas que nesta situação são “uma mais-valia”. “É muito bom conseguirmos ver quem amamos e sentimos saudades através de um ecrã”, destacou a assistente administrativa”.

“Devemos encarar a situação com esperança”

Quem também considera que a quarentena obrigatória decretada devido à epidemia de Covid-19 é uma “situação única”, é o investidor caldense, Nelson Nunes, de 31 anos, que continua a trabalhar em casa. “Com esta situação, os mercados económicos ficaram mais voláteis, o que, de certa forma, poderá ser vantajoso para negociar”, explicou.

Além de trabalhar, aproveita o tempo de isolamento social para fazer os seus treinos diários em casa, mais virados para a calistenia (peso do próprio corpo), bem como para retomar algumas atividades que estão em “stand by”, como tocar guitarra.

Além disso deixou-se levar pela “moda dos vídeos através da rede social TikTok”, mas com uma abordagem humorística, criando e copiando assim algumas personagens, o que “acaba por ser engraçado”.

Nelson explica que em casa “todos estão cientes que tem de haver mais paciência uns para uns outros, mas acabamos por conviver e interagir mais, tentando combater a ansiedade e nervosismo que uma situação como esta pode proporcionar a alguns de nós”. Além de “adversa”, esta situação terá que, segundo o jovem, ser aceite como “um desafio ou uma oportunidade de crescimento, para passarmos a tomar responsabilidade pela forma como reagimos ao que nos acontece”.

O investidor acredita que “iremos estar mais cientes do valor das pequenas coisas”.

Por isso apela para que todos sigam os conselhos da Organização Mundial de Saúde, bem como do governo, pois são “medidas acertadas, porém, um pouco tardias”. Igualmente que “se informem mas que não passem os dias de volta da televisão ou das redes sociais, porque pode trazer medo ou ainda pior, desinformação”.

Nelson referiu ainda que “uma das maiores ilações que podemos tirar de toda esta situação é o valor da nossa liberdade, no entanto, sabemos que estas medidas são impostas para um bem maior, uma saúde de todos, e especialmente para proteger a vida nos nossos pais e avós. Deste modo, faço tudo para que cá em casa não haja medo. O medo é perigoso e devemos encarar a situação com esperança, tal como diz a nossa bandeira”.

“Temos que nos unir para voltarmos a ter as nossas vidas”

Há ainda casos de caldenses presos noutros países, colocados em quarentena devido ao crescente número de infetados pela Covid-19. É a situação da jovem caldense Andreia Vicente-Cornejo, de 29 anos, que vive atualmente em Toronto, no Canadá.

“Não tem sido uma situação fácil. O facto de as pessoas terem entrado em pânico e começarem a comprar coisas em excesso, não ajudou em nada”, conta a jovem assistente administrativa do departamento de tecnologia de uma instituição bancária, que está em casa desde o dia 16 de março.

Neste momento, segundo a caldense, “só os negócios e serviços considerados essenciais permanecem abertos, como hospitais, supermercados, farmácias, entre outros, e alguns restaurantes apenas oferecem take away ou entrega ao domicílio, de resto fechou tudo”.

Em casa, Andreia divide o seu tempo entre o teletrabalho e a rotina comum. Nos tempos livres, “que agora são muitos”, a jovem procura ocupar-se com videochamadas com amigos, familiares, algum exercício físico e ainda um novo passatempo, o croché.

“Apesar de ser uma situação pouco agradável, como assistente administrativa tenho a possibilidade de trabalhar desde casa, o que me deixa mais tranquila, sabendo que esta crise acaba por não me prejudicar no trabalho, nem em termos monetários”, esclareceu a jovem, que considera que as medidas impostas pelo governo deveriam ser “mais restritas, pois a propagação do vírus continua a aumentar de dia para dia, as pessoas também não respeitam os pedidos de afastamento social, o que acaba por tornar tudo muito mais difícil”.

Apesar do medo e da frustração que “esta pandemia dure mais do que aquilo que pensamos”, Andreia tenta manter a calma e focar-se nas coisas positivas. Além disso aconselha a todos a “terem pensamento positivo e a respeitar as medidas implementadas pelo governo, pois só assim vamos conseguir vencer esta “guerra””. “Temos que nos unir para voltarmos a ter as nossas vidas normais”, referiu.

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