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União? Europeia

Francisco Martins da Silva

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Não houve número suficiente de mortos, infectados, falências, desemprego e previsões económicas catastróficas, na óptica dos governantes da Alemanha, Áustria, Holanda, Dinamarca, Suécia e Finlândia, para acordarem numa verdadeira entreajuda europeia, que seria a emissão de dívida conjunta para a reconstrução económica e social da Europa neste período pandémico.
Francisco Martins da Silva

O Eurogrupo apenas conseguiu, através do Mecanismo Europeu de Estabilidade, a solução pífia de uma linha de crédito de 2% do PIB de cada país. No caso de Portugal, corresponderá a 4000 milhões de euros, tornando ainda mais asfixiante o actual serviço da dívida.

Segundo Guntram Wolff, director do grupo de reflexão europeu Bruegel, talvez haja mais solidariedade quando a crise for muito mais grave. Os representantes dos países do Norte pensam hoje como pensavam antes. Apesar de saberem que a sua riqueza é apenas proporcional à dívida e consumo do Sul, e que também eles ficarão com dívidas e défices maiores, a pandemia não lhes alterou o sempiterno “repugnante” quadro mental preconceituoso. A Europa deles é outra e é só deles. Se não conseguir unir-se, mesmo nesta desgraça, que sentido pode ter para Portugal, no futuro, a Europa? Não se definindo um crédito comum de pelo menos 8% do PIB da zona euro, pagando-se apenas os juros e a longo prazo, de acordo com o peso que cada economia tem na UE, o euro será um empecilho ainda maior ao nosso desenvolvimento, convindo só para continuar a aumentar a riqueza dos ricos do Norte.

Esta Europa, que enveredou pelo ínvio caminho da pós-democracia, ao substituir a referência da Polis pela da empresa, como enuncia Jürgen Habermas, em que os governos nacionais se submetem aos técnicos de finanças da Alemanha e do Fundo Monetário Internacional, é incapaz de ser solidária. Ou ganhamos peso político e importância estratégica fora desta Europa pós-democrática, para podermos ter estatuto de parceiros e não de protectorado, ou seremos engolidos por ela.

Antes de ser europeu, Portugal é um país atlântico, étnica e culturalmente mestiço. Sempre procurámos a mistura. Sempre rejeitámos a pureza, a monotonia da uniformidade, o enjoo da repetição. Formámos e formamo-nos pela diversidade transcontinental e transoceânica da Lusofonia. Somos ricos por isso. Apenas temos de capitalizar esse pluralismo essencial e transformá-lo em activo gerador de dividendos.

Que temos nós que ver ou lucrar com essa Europa sobranceira que sempre nos menosprezou? De resto, que afinidades poderemos ter com finlandeses ou dinamarqueses ou mesmo franceses ou espanhóis, velhos invasores, que detestamos tão cortesmente? Para a Europa, seremos sempre periferia. Ao invés, somos cêntricos na Lusofonia e sê-lo-emos cada vez mais na óptica dos países emergentes.

A nossa História é com os países lusófonos e com o mar. Esta crise vem demonstrar mais uma vez que é para aí que devemos canalizar os ímpetos comunitários — reconciliando-nos com o passado e potenciando a imensa Comunidade Lusófona. Isto será talvez demasiado empreendedor para esta classe dirigente que temos tido, eurodeslumbrada e eurobajuladora. Mas a Lusofonia é imensa e é uma realidade. É mais que nunca perdulário continuar a ignorá-la, neste quadro de soberba e inoperância europeia.

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