Bem ao contrário, a Ana Batista saiu a fava, pois calhou-lhe o único manco da noite, toiro parado no meio da arena, não saindo dali por mais que citado e desafiado pela exímia cavaleira, que só com esforço e muito a custo conseguiu deixar a ferragem da ordem.
De seguida para tourear veio António Brito Paes e paradoxo dos paradoxos, este terceiro toiro da noite corre-corre atrás da montada, ataca o cavalo de qualquer sítio da arena, não se parando para assim Brito Paes poder citar, partir e executar a sorte. Teve de ser em curto e ataque mútuo, a cravagem dos primeiros ferros, para só no final o toiro se entregar, com o cavaleiro a dominar e a ficar por cima. Foi uma lide de menos a mais de grande mérito até.O cavaleiro decidiu mal, recusando no final a volta à arena pois merecia esse prémio sem qualquer dúvida.
Cumprido o intervalo entra na arena Manuel Telles Bastos, para logo surpreender com uma sorte de gaiola a esperar o toiro frente a frente na saída do curro de forma espetacular. O que há a dizer do resto da lide é que foi mais um toiro bravo. Excelente atuação de toureio reto frontal e clássico, como tão bem os Telles sabem fazer.
O quinto toiro da noite foi mais um bravo que não nos pareceu totalmente aproveitado pelo cavaleiro Jacobo Botero que tanto agrado deixou nas Caldas em anos transatos. Quis o jovem cavaleiro colombiano voltar a agradar e a triunfar nesta praça, mas pareceu-nos algo precipitado fazendo as coisas muito à pressa sem um sentido certo a dar à arena. Ainda assim a lide foi movimentada e aplaudida, com destaque para uma sorte de gaiola e um ferro de violino.
Para completar o cartaz de cavaleiros atuou outro jovem cavaleiro, Luís Rouxinol, júnior, com alternativa tirada recentemente e que aparece na festa brava a provar que vai honrar a figura de seu pai.
Este Rouxinol júnior, sendo filho de peixe não só sabe nadar como sabe lindamente cantar tauromaquicamente falando. Voltou aqui nas Caldas a confirmar a sua alternativa, apresentando-se com a lição bem estudada num recital de bem tourear. O futuro passa por ele, assim como a festa brava nunca deixará de ter futuro.
Noite negra para os forcados
Isso mesmo, foi uma noite negra para os grupos de forcados – os amadores de Vila Franca e das Caldas da Rainha. Só duas pegas foram consumadas na primeira tentativa, resultando espetacular a terceira da noite, sendo as restantes autêntico pandemónio na arena.
Os toiros, para além de bravos para os cavalos, foram simplesmente demoníacos para os forcados – partiam com velocidade incrível, entravam pelo grupo dentro com uma força brutal, destroçando tudo em seu redor. Resultado, muita gente maltratada, muitas baixas na enfermaria. O público em geral, quer seja aficionado ou não e principalmente os forcados, têm que saber que há toiros impossíveis de pegar. Insistir só por uma questão de brio pondo em risco a própria integridade física é uma estupidez.
O toiro é a besta bruta e fera selvagem, o homem tem tudo para saber definir, renunciar numa situação destas não é cobardia mas sim sinal de elevada inteligência.
Todo este aparte serve para relembrar aos bravos forcados das Caldas que não vão faltar oportunidades para voltar a afirmar o seu reconhecido valor.
Corrida de 15 de agosto
No dia 15 de agosto, pelas 18 horas, vai decorrer um concurso de ganadarias, com os cavaleiros António Telles, Filipe Gonçalves e Francisco Palha, para além dos forcados amadores de Santarém e de Caldas da Rainha.
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