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Mário Soares, um político com ligações às Caldas

Francisco Gomes

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O antigo Presidente da República Mário Soares, que morreu no passado sábado, aos 92 anos, tinha antigas e intensas relações com o concelho das Caldas da Rainha, nomeadamente com a Foz do Arelho, desde a frequência sazonal da família nesta freguesia nos anos 30 do século XX, à presença da colónia de férias neste local para os alunos do Colégio Moderno (fundado pelo pai), nos quais se inseria aquele que viria a ser Presidente da República.
1- Mário Soares na Escola de Sargentos do Exército, em abril de 1994

João Soares, pai do ex-presidente, confiara a uma família amiga caldense o acolhimento do filho, então uma criança de cinco anos, durante a sua deportação pela PIDE para os Açores em resultado da sua ação cívica e política contra o regime antidemocrático de Oliveira Salazar.

Este episódio aprofundaria as relações familiares com a família Freitas e que Mário Soares sempre fez questão de recordar. Afirmaria, em 2011, numa homenagem do município a António Maldonado Freitas, que “as Caldas da Rainha e a família Freitas estão sempre unidas no meu espírito”.

O ex-presidente da República veio às Caldas em nome da amizade que tinha com António Maldonado Freitas, que foi homenageado com a medalha de honra da cidade, a título póstumo.

“Manifestou, de resto, uma constante disponibilidade para vir às Caldas da Rainha sempre que se proporcionava uma circunstância propícia a recordar a sua estima pela cidade”, sublinham os vereadores do PS na Câmara das Caldas, Rui Correia e Jorge Sobral.

Mário Soares terminou a quarta classe na escola oficial das Caldas da Rainha e neste concelho passou longos períodos da sua juventude.

“Nesse tempo vivi na casa Freitas e a mãe Margarida foi para mim uma segunda mãe, era uma pessoa extraordinária, e o pai Freitas era uma pessoa à antiga, que impunha disciplina aos filhos”, lembrou, acrescentando que viveu como se fosse “efetivamente irmão deles”.

Em 2009, Mário Soares participou na Foz do Arelho no encerramento das comemorações do centenário da escola do 1º ciclo, descerrando um busto de Francisco Almeida Grandella (da autoria de Herculano Elias), que era grande amigo do seu pai e que havia mandado construir a escola, que Mário Soares conhecia bem porque, segundo contou, nos princípios da 2ª Guerra Mundial “todas as noites ia a pé da casa que os meus pais tinham alugada na Foz à escola ouvir a BBC e as notícias da Guerra”.

Houve outras ocasiões em que Mário Soares se deslocou ao concelho, como por exemplo à Escola de Sargentos do Exército, em abril de 1994, para a cerimónia de condecoração do estandarte nacional, ou ao Inatel da Foz para proferir a conferência “A Separação da Igreja e do Estado – da 1ª República à atualidade”, em janeiro de 2009.

“Tive o gosto de o receber muitas vezes na cidade das Caldas, onde viveu alguns anos, em criança. Gostava das Caldas e da Foz do Arelho, tendo ajudado nalguns projetos culturais, museus e na criação da Escola Superior de Artes e Design (ESAD.CR)”, manifestou o ex-presidente da Câmara, Fernando Costa, que chegou a entregar-lhe a medalha de honra da cidade.

O município das Caldas da Rainha, na reunião da passada segunda-feira, deliberou endereçar “as mais pungidas condolências à família de Mário Soares, pelo amor que sempre testemunhou pela nossa terra”. “Recordamos o cidadão combativo e perseguido, vencedor e vencido, homem de ação e pensamento convictos, controverso e fulgente, culto e afetuoso que faz parte, de uma forma ou de outra, do grande livro da vida de todos os portugueses. Nesse sentido, impõe-se-nos o penhor agradecido da sua passagem pela nossa própria vida”, manifestou.

Em comunicado, o PS/Caldas disse ser uma “perda irreparável” e que o seu desaparecimento provocou uma “profunda tristeza”.

Em sinal de luto, o PS cancelou no sábado a apresentação da candidatura de Luís Patacho à Câmara Municipal, com a presença da secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, o que sucederá no próximo domingo, pelas 17h30, no Céu de Vidro, no Parque.

Outras iniciativas foram canceladas, como por exemplo a cerimónia de inauguração da licenciatura em Programação e Produção Cultural da ESAD.CR, prevista a passada terça-feira com a presença do secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado.

Nazaré também chora

A Nazaré não esquece que deve a Mário Soares a construção do porto de abrigo, a 3 de setembro de 1983, considerada a maior obra estrutural da vila, que viria a abrir à navegação em 1986, poupando a vida a muitos pescadores.

Na primeira vez que visitou oficialmente a Nazaré depois do 25 de Abril, Soares prometeu a construção de um porto de abrigo que ajudasse a poupar as muitas vidas que até então se perdiam no mar. Em 1979 a obra arrancou. Era uma obra que o povo pedia há décadas.

As peixeiras e os pescadores recebiam-no de braços abertos quando se deslocava à vila.

Uma das últimas vezes foi em julho de 2014, quando participou num almoço de apoio ao antigo secretário de Estado da Proteção Civil, José Miguel Medeiros, na sua candidatura à liderança da federação distrital de Leiria do PS.

Francisco Gomes

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