Inatel recebeu emigrantes idosos ausentes há dezenas de anos de Portugal Na última década mais de 600 idosos que emigraram para vários pontos do Mundo e que já não voltavam a pisar o solo nacional há dezenas de anos, devido a situações de menor prosperidade, tiveram oportunidade de regressar a Portugal, ao abrigo de um programa criado pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Desde 1996 que 618 emigrantes com mais de 65 anos foram contemplados com uma visita a Portugal, em resposta à vontade de voltar a ver a terra natal daqueles que, quer pela sua situação económica, quer pelo avançado da idade, quer pela distância, dificilmente o poderiam fazer pelos seus próprios meios. Trata-se da iniciativa “Portugal no Coração” (que inspirou mais tarde o programa da RTP com o mesmo nome), que proporciona uma estadia de curta duração a cidadãos portugueses residentes fora da Europa. Os custos do programa, que inclui passeios turístico-culturais desde o Algarve até Valença do Minho, são suportados pela Tap, pelo Inatel e pela Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas, e é atribuído aos beneficiários, a título de “dinheiro de bolso”, um montante correspondente a 50% do salário mínimo nacional. Actualmente encontra-se em Portugal um grupo de 21 idosos, cuja média de ausência do país ronda os 51 anos. Um deles já não vinha há 71 anos. Vêm do Brasil, Argentina, Chile, Venezuela e África do Sul. Chegaram a 18 de Outubro e sete vão-se embora no início de Novembro. Os restantes ficam mais alguns dias junto de familiares e amigos. No passado fim-de-semana o grupo ficou alojado no centro de férias do Inatel da Foz do Arelho, tendo realizado visitas à cidade das Caldas e à Nazaré. Francisco Gomes Serafim Gonçalves, 77 anos Emigrante na África do Sul, ausente de Portugal há 42 anos “A minha profissão foi sempre carpinteiro. Constituí uma família grande na África do Sul e a vida não correu muito bem para ganhar dinheiro e vir cá, porque as passagens são muito caras. Deram-me esta oportunidade de vir cá e é com grande orgulho que visito Portugal” Maria Urbana, 68 anos Emigrante no Chile, ausente de Portugal há 60 anos “Fui filha única e não tenho cá família, mas acompanho à distância o que se passa a Portugal. Tinha muitas saudades de vir cá. Sentia falta de comer bacalhau, pão de milho e castanhas. Tive uma vida difícil no Chile, houve tempos maus, mas consegui ultrapassá-los” Teresa Barroso, 69 anos Emigrante no Brasil, ausente de Portugal há 51 anos “Trabalhei a vida inteira como empregada doméstica. Tenho uma irmã em Portugal que não via há 51 anos. Vou ficar mais uns dias para vê-la e aos meus sobrinhos, porque só nos temos contactado através da Internet. Eu não sei mexer, mas a minha filha entra no computador e conversa com as primas” João Abreu, 71 anos Emigrante na Venezuela, ausente de Portugal há 55 anos “A situação de emprego estava má e tive de emigrar, para trabalhar na pesca. Depois desta viagem ainda vou para a Madeira ver se encontro alguns amigos”