“No primeiro semestre do próximo ano anunciarei um calendário para a construção do novo hospital do Oeste”, disse o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, na passada segunda-feira, no final de uma visita à unidade das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), onde reconheceu existirem “muitas dificuldades por causa das suas infraestruturas antigas”.
O ministro aguarda a conclusão do estudo encomendado pela Comunidade Intermunicipal do Oeste à Universidade Nova de Lisboa sobre a localização e o perfil assistencial do novo hospital, após o que “será tomada uma decisão”.
“Esse estudo está praticamente completo, estamos a aguardar a versão final e depois tem que haver um diálogo com as autarquias locais porque a decisão de uma localização não deixará de ser isenta de dificuldades e discordâncias”, apontou o governante, acrescentando a necessidade de “haver um entendimento, porque já andamos há tempo a falar nisto e é altura de fazer o novo Hospital do Oeste”.
Apesar dos investimentos feitos nos últimos três anos, na ordem dos “oito milhões de euros”, o ministro reconheceu que as infraestruturas “não estão adaptadas a todas as necessidades do mundo moderno”, sublinhando que, tratando-se de “um hospital localizado fora dos grandes centros tem também dificuldades em matéria de recursos humanos”.
Na visita a vários serviços da unidade das Caldas, incluindo à urgência, fechada à comunicação social, Manuel Pizarro disse ter encontrado “serviços que estão a funcionar em pleno, com uma grande dedicação dos seus profissionais”.
“Quem visitar esta maternidade, como eu tive a ocasião de conhecer esta manhã, vê várias pessoas em trabalho de parto e dezenas de mães felizes e profissionais com um enorme cuidado técnico e um enorme carinho”, adiantou.
Apesar de “transmitir uma imagem de tranquilidade”, reconheceu que tal “não diminui a gravidade dos problemas que possam ter ocorrido” no hospital. Recorde-se que em junho deste ano ocorreu a morte de um bebé, numa altura em que, devido a constrangimento no preenchimento da escala, a Urgência Obstétrica se encontrava encerrada à receção de grávidas.
Questionado se há profissionais suficientes, disse que “nunca são suficientes e eles têm que se multiplicar para garantir que todos os turnos são cumpridos, de acordo com os padrões de qualidade que são necessários”, acrescentando “que é esse trabalho que temos que fazer, de formar e atrair mais profissionais a regressarem ou a manterem-se no Serviço Nacional de Saúde”.
Quanto à Urgência de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Caldas da Rainha voltar a encerrar, o ministro disse que “vai acontecer esporadicamente”, revelando que espera resolver os problemas o mais rápido possível “sem esquecer que estes serviços funcionam em rede e há momentos que um tem que compensar o outro”.
Já no que respeita às dificuldades estruturais do hospital, que há anos reclama a construção de uma Unidade de Cuidados Intensivos, o ministro afirmou que “a dotação orçamental está inscrita no orçamento do CHO” e que o Ministério da Saúde vai agora “avaliar que condições técnicas” tem para realizar a obra, “numa circunstância, essa sim, muito difícil, porque todas as unidades de saúde que constituem o CHO (os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche) são obsoletas para aquilo que seria uma construção hospitalar moderna”.
“Estamos a tentar resolver com o que temos as necessidades das pessoas, enquanto perspetivamos a construção de um novo hospital no Oeste, e esse sim, permitirá resolver de raiz os problemas”, relatou.
“O principal problema é a dispersão das unidades hospitalares”
Antes da visita ao hospital das Caldas a presidente do conselho de administração do CHO, Elsa Baião, reuniu-se com o ministro da Saúde. Em declarações à imprensa disse que a visita aconteceu porque o governante mostrou interesse em conhecer a unidade hospitalar, “o que é muito positivo porque ficou consciente da nossa realidade em que as infraestruturas estão desadequadas e que precisam de facto de remodelação e reabilitação”.
Elsa Baião destacou o facto de Manuel Pizarro ter manifestado o compromisso de em breve assumir um calendário para a construção do novo Hospital do Oeste, um “passo muito importante”, uma vez que o principal problema é a dispersão das unidades que acaba por “impedir ter a melhor otimização dos recursos”. “Esta dispersão implica ter vários serviços em duplicado e triplicado nas várias unidades hospitalares e acresce as dificuldades de termos edifícios antigos sem grande capacidade de expansão”, explicou a responsável.
Por outro lado, a administradora do CHO adiantou que a população abrangida é muita. “Estamos a falar de 300 mil habitantes que precisam de uma resposta muito assertiva a nível de cuidados de saúde, que muitas vezes as instalações que temos e os recursos não permitem satisfazer”, vincou.
Alegou que há um grande foco que é colocado no Serviço de Urgência, que tem “constrangimentos de espaço e recursos”. No entanto, salientou que o “hospital não é só a urgência e existem serviços que funcionam muito bem”, exemplificando que de 2019 para 2022 conseguiram fazer mais 10% de consultas e mais 16% cirurgias.
Sobre a criação dos cuidados intensivos, a responsável revelou que estão a “avançar nas unidades das Caldas e Torres Vedras, com dificuldades relacionadas com a questão do espaço”.
Elsa Baião disse ainda que enquanto não nascer o novo hospital vão propor intervenções que serão “determinantes para melhorar a capacidade do internamento, serviço de obstetrícia e cirurgia ambulatório, que tem as instalações muito desadequadas”.
Quanto à colocação de uma direção clínica, após a demissão apresentada pela anterior diretora, Elsa Baião revelou que está em andamento, uma vez que os “processos não são imediatos”.
Vitor Diniz pediu resposta a memorando
A falta de resposta a um memorando entregue há cerca de cinco meses ao secretário de Estado da Saúde, levou o porta-voz da Comissão de Utentes do CHO, Vitor Diniz, solicitar ao novo ministro “uma resposta às revindicações necessárias para melhorar a saúde do Oeste a nível de equipamentos, pessoal, unidade de cuidados intensivos, entre outros”.
“Entreguei uma carta a lembrar que está pendente este memorando e que é muito importante para nós uma resposta”. Segundo Vitor Diniz, Manuel Pizarro ficou “sensibilizado e garantiu que iria responder” e pediu à “comissão que não falássemos mal da saúde no Oeste porque é um mau sintoma para atrair profissionais”.
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