Numa visita ao hospital das Caldas, o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos alertou nesta terça-feira para a necessidade de reorganizar o serviço de urgência desta unidade, porque “está a destruir a capacidade desta unidade cumprir o seu papel”.
“Se os médicos estão na urgência não estão nas consultas, nos internamentos e nos blocos operatórios”, disse Alexandre Valentim Lourenço, salientando que a maioria dos utentes que vai às urgências não tinha necessidade de o fazer caso tivesse resposta nos cuidados de saúde primários.
O responsável referiu ainda que cerca de 25% dos doentes internados no serviço de medicina interna desta unidade já tiveram alta, mas “não têm lar, apoio social, cuidados continuados ou família e não libertam camas, sobrecarregando a urgência”.
O dirigente falou com a imprensa depois de uma reunião com médicos. Esteve também cinco minutos com o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO). Nesta deslocação esteve acompanhado de Nuno Santa Clara, presidente do conselho sub-regional do Oeste da Ordem dos Médicos.
A visita iniciou na unidade das Caldas, de onde depois seguiu para o Hospital de Torres vedras.
“Estamos a ouvir os problemas locais, porque percebemos que muitos médicos novos estão a abandonar os hospitais”, divulgou, defendendo “mais autonomia dos profissionais de saúde, porque são eles que conhecem as doenças e sabem como devem tratar”.
Alexandre Valentim Lourenço revelou que a visita ao CHO surgiu na sequência das conclusões da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) devido à mulher grávida que perdeu o bebé no hospital das Caldas, no início de junho deste ano e que motivou a demissão da diretora clínica.
“O Conselho de Administração ainda não conseguiu substituir a diretora clínica porque não é com processos disciplinares impostos pela IGAS que vamos atrair médicos para assumir funções de responsabilidade”, salientou este responsável.
“Hoje ouvimos as reclamações dos médicos de vários serviços e especialidades que alegam que só estão nos jornais quando corre mal ou morre alguém”, afirmando que “também é importante dizer que estes profissionais salvam vidas todos os dias”. “Trabalham para além dos seus limites e se tivessem condições fariam ainda muito melhor”, adiantou o presidente.
Outro problema relatado por Alexandre Valentim Lourenço é que os médicos do hospital das Caldas queixaram-se de ainda não haver unidade de cuidados intensivos, o que significa que “esta unidade hospitalar não pode operar doentes mais complicados e instáveis e tem que os enviar esses para outros hospitais”.
Revelou ainda que os profissionais de saúde disseram que pelo facto de haver “dois hospitais muito parecidos afastados não conseguem ter escalas comuns e o facto de haver dois serviços de urgência com duas equipas duplicadas não ajuda e seria mais simples haver uma única urgência”.
“Uma das propostas era ter um único hospitalar do Oeste mais moderno, mas sabendo nós que isso vai demorar anos, precisamos de medidas agora”, frisou.
“São pequenos investimentos que podiam melhorar as condições de funcionamento”, disse, acrescentando que os médicos deveriam pensar em “como tratar os doentes e não nos problemas de organização geral de um hospital”.
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