A responsável pelo estudo adiantou que “53% dos cidadãos acreditam que os homens encontram melhores empregos ou progridem nas suas carreiras com mais facilidade e 17% dos cidadãos afirmam ter sofrido discriminação.
“Estes resultados de diagnóstico são um alerta e chamada de atenção para podermos atuar”, afirmou.
Além disso, “os homens enfrentam dificuldades em assumir os seus direitos e responsabilidades nas dimensões parentais e domésticas e existe falta de apoio às famílias, especialmente famílias monoparentais ou durante os fins de semana e a necessidade de intervenção escolar precoce para a igualdade”.
“Os homens ainda se sentem envergonhados por reclamarem coisas que já são os seus direitos em Portugal a nível de políticas de parentalidade. O facto de o homem querer ficar em casa por ter nascido o filho ou levar o filho ao médico são situações mal vistas pelos empregadores”, afirmou.
“É importante trazermos os homens para esta questão da igualdade. A igualdade não é um tema de feminismo, a igualdade é uma estratégia de gestão e retenção de talentos, de competição do nosso país e de alavanca para a modernidade e para um país mais sustentável economicamente”, disse Susana Lopes.
A responsável revelou o diagnóstico da pesquisa, resultado de “1432 respostas aos inquéritos digitais, que nos permitiu ter uma fotografia muito completa dos vários municípios da região Oeste”.
Foram também discutidas as dificuldades enfrentadas, como a falta de adesão e participação limitada de líderes empresariais. “Nós sentimos as empresas longe e desinteressadas deste projeto e isto aconteceu em todos os seminários. Tenho a certeza de que a sala não está cheia de empresários, como não esteve em nenhum dos eventos anteriores. Se este é um tema que não está nas empresas, é um tema que não está na sociedade”, afirmou.
Em termos do plano de ação há “muita intervenção ao nível da formação”. Começámos por preparar as equipas do projeto, equipa dos municípios e escalámos a tipologia de formação para escolas, funcionários e psicólogos nas escolas, com sessões de consciencialização para estudantes, que ainda carecem de continuação”, referiu.
Segundo Susana Lopes, o futuro passará pela criação de um pacto entre empresas, pela inclusão da desconstrução de estereótipos de género na orientação vocacional para os jovens, por espalhar e aplicar conhecimento e por incluir na agenda das prioridades e recursos.
“Estamos a 200 anos de ter igualdade, queremos ir mais rápido, mas precisamos de recursos para que isso aconteça”, salientou.
Susana Lopes falava no âmbito do seminário final do Projeto Oeste + Igual, uma iniciativa financiada pelo EEA Grants com o custo de 249.857,74 euros.
O evento, realizado no dia 30 de abril da sede da OesteCim, nas Caldas da Rainha, reuniu representantes da sociedade civil para apresentar os resultados e discutir os desafios enfrentados na promoção da igualdade de género na região.
A sessão teve início com a intervenção do secretário Executivo da OesteCIM, Paulo Simões, que enfatizou a importância do trabalho conjunto dos municípios na implementação de estratégias para a igualdade e não discriminação, alinhadas com o Plano Estratégico 2030 da região Oeste.
O professor Miguel Castro Neto, da NOVA IMS – Universidade Nova de Lisboa, apresentou o Observatório do Oeste para a Conciliação e Igualdade de Género. Trata-se de uma plataforma destinada a monitorizar políticas públicas e indicadores de igualdade de género na região.
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