Uma salsicha de pescado e algas, um afiambrado de pescado e um hambúrguer vegan. “São produtos inovadores, totalmente diferentes daqueles que os consumidores estão habituados, nutricionalmente ricos e saborosos”, garante Filipa Pinto, uma das investigadoras envolvidas num projeto que visa a valorização sustentada de recursos alimentares marinhos provenientes da costa de Peniche.
Os produtos estão a ser desenvolvidos na unidade de investigação do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria, em Peniche.
“No desenvolvimento destes novos produtos alimentares utilizamos recursos marinhos pouco explorados, nomeadamente pescado com baixo valor comercial, como o carapau negrão, e as macroalgas marinhas, ricas em compostos bioativos e elementos minerais”, refere a investigadora.
“A nossa costa é bastante rica nestes recursos, no entanto, muitos deles não são utilizados ou apresentam baixo valor comercial. O que é desfavorável não só para os pescadores, para a economia local, mas também para o próprio ecossistema, isto porque se utilizam mais determinados recursos em prol de outros, em vez de existir um equilíbrio. O nosso propósito é, neste sentido, valorizar e aproveitar os recursos marinhos da zona de Peniche e apostar na economia circular”, afirma Filipa Pinto.
Sobre os três produtos desenvolvidos, a investigadora aponta que “são nutricionalmente equilibrados e direcionados para o público em geral, incluindo pessoas com restrições alimentares optativas, como os vegans”.
“A nossa intenção passava por desenvolver produtos que, por um lado, já pudessem ser familiares aos consumidores, e que por outro lado fossem totalmente diferentes. A salsicha é sobretudo associada a carne e, por isso, quisemos diferenciar. Nutricionalmente a salsicha de pescado e algas desenvolvida acaba por ser muito mais rica que as de carne presentes no mercado. Pensámos também no afiambrado porque nunca se tinha ouvido falar de um feito à base de pescado (na altura de submissão do projeto) e porque as pessoas começam a querer alternativas saudáveis ao que normalmente adicionamos no pão. O terceiro produto queríamos que fosse ao encontro das pessoas que não comem animais, recorrendo às macroalgas”, explica Filipa Pinto.
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