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Médicos internistas do Hospital das Caldas demitem-se do cargo de chefia de banco

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Os chefes de equipa e de banco do Serviço de Urgência do Hospital das Caldas da Rainha apresentaram a demissão, alegando “ausência de níveis de segurança mínimos”.
Os profissionais de saúde dizem que o Serviço de Urgência está em rutura completa

Os chefes de equipa e de banco do Serviço de Urgência do Hospital das Caldas da Rainha apresentaram a demissão, alegando “ausência de níveis de segurança mínimos”.

Segundo transmitiram em comunicado enviado ao JORNAL DAS CALDAS nesta quinta-feira, a demissão dessas funções entrou em vigor nesse mesmo dia, apontando que “na ausência de níveis de segurança mínimos – quatro internistas durante o dia e três durante a noite, dois médicos “de balcão” (indiferenciados) durante o dia e noite – não assumiremos as nossas funções e não receberemos o banco dos colegas que deveríamos render”. São quatro chefes de equipa (das sete equipas) e dois cirurgiões. 

Conscientes das consequências que tal representa para os utentes, apelam “ao encerramento do serviço quando os critérios mínimos não estejam assegurados”. Admitem que o conselho de administração (CA) e a tutela “não o permitem”, mas, sustentam, “quem tem a vida dos doentes nas mãos somos nós!”.

“Encontramo-nos no limite das nossas capacidades físicas e mentais, exaustos, desanimados, desgastados, desmotivados, mas sobretudo em sofrimento ético e em risco profissional. E na nossa profissão o erro mata!”, dizem os profissionais.

Na nota revelam que o “Serviço de Urgência (SU) está em rutura completa”. “Não estão asseguradas as condições mínimas de qualidade assistencial, nem de segurança, nem para os profissionais de saúde, nem para os doentes”, referem.

Os médicos relatam que “o excesso de doentes que recorrem e permanecem indevidamente no SU, as escalas persistentemente incompletas – sem cumprirem os mínimos aceitáveis – o desvio frequente de doentes fora de área (nomeadamente da área de Torres Vedras) e a proibição de transferir doentes para os seus hospitais de origem”, são alguns dos inúmeros problemas identificados.

Segundo o comunicado, a “Medicina Interna é o alicerce e a estrutura de qualquer organização hospitalar de saúde”. “Num Hospital Distrital, na ausência de outras especialidades médicas, a dimensão da Medicina Interna ganha ainda mais importância”, fazem notar, indicando que a Medicina Interna da Unidade de Caldas da Rainha assegura a Enfermaria de Medicina de Caldas (25 camas), a Enfermaria de Medicina de Peniche (28 camas), a enfermaria Covid (11 camas), a Unidade de Hospitalização Domiciliaria, Consultas Externas, Hospital de Dia, as Escalas de Urgência Externa e Urgência Interna. 

“Neste momento estão duas urgências em funcionamento (geral e Área Dedicada para Doentes Respiratórios) separadas fisicamente. E a partir das 20h é a equipa do SU que assegura a assistência a todos os doentes internados no Hospital. Importa salientar que esta unidade não tem Unidade de Cuidados Intermédios, nem Cuidados Intensivos, o que implica transferências frequentes para outras unidades hospitalares – o que também requer equipa médica nas transferências (internistas)”, contam.  

Dizem que o limite, do ponto de vista de “sobrecarga de trabalho e de qualidade assistencial, tem sido uma constante nos últimos tempos”, e neste momento, é “absolutamente dramática, desesperante e totalmente inaceitável”.

Consideram que muitos destes problemas são nacionais, mas “num hospital distrital com as caraterísticas do nosso e com uma equipa de Medicina Interna muito reduzida em número de médicos, estes problemas ganham proporções gigantes”. “A falta de condições de atratividade, a falta de respeito e a falta de dignidade com que a Medicina Interna tem sido considerada nesta instituição está a levar ao êxodo de muitos médicos e muitos mais seguirão”.

Dizem que “as escalas, sempre incompletas, são insuficientemente asseguradas à custa da sobrecarga horária extraordinária dos internistas, que já se encontram no limite das suas capacidades”.

Alegam que têm sucessivamente alertado que os “critérios mínimos de segurança não estão a ser cumpridos”, havendo “múltiplos pedidos de escusa de responsabilidade encaminhados para a Ordem dos Médicos” e a “única resposta que temos do CA e da tutela é que o SU tem de continuar aberto, que temos de arranjar macas, que temos de nos aguentar, independentemente de tudo”.

“O constante adiamento da decisão de um novo Hospital para o Oeste com capacidade de internamento adequado à sua área de influência, com valências adequadas e diferenciação ajustada, originam uma sensação de abandono, desamparo e desespero tremenda”, sustentam.

Revelam que não podem “continuar a compactuar com isto”, pelo que “está na altura de dizer basta!”. “O mínimo que exigimos são os níveis de segurança mínimos para podermos prestar cuidados de saúde com qualidade e dignidade”, vincam.

Os médicos anunciaram que apresentaram várias propostas de atuação, como um circuito de doentes com prioridade verde e azul fora do SU (e sem acesso a exames complementares), uma campanha de comunicação nos órgãos locais para sensibilizar a população para o uso correto do SU, parcerias com o poder local nesta sensibilização da comunidade e na resolução de problemas sociais, permanência diária de assistentes sociais no SU para facilitar a resolução de casos e para otimizar a comunicação com as famílias libertando os médicos, reestruturação das equipas, reuniões frequentes com os centros de saúde e instituições sociais/lares, gestão de recompensas para os médicos internistas do SU (não só monetários), e muitas outras ideias.

De acordo com os médicos, na ausência de resposta às reivindicações “novas medidas serão assumidas em conjunto por todos os internistas desta casa”. “Se a Medicina Interna sucumbir, o Hospital desmorona-se”, alertaram.

O comunicado foi assinado por 23 internistas e internos do complementar do Hospital das Caldas.

Administração vai reunir com médicos

O CA do Centro Hospitalar do Oeste confirma ter recebido na noite de quinta-feira a carta de intenção de demissão dos chefes de equipa do serviço de urgência do Hospital de Caldas da Rainha e o pedido de encerramento do serviço.

“Esclarece-se que as demissões respeitam apenas ao cargo de gestão de chefia de urgência e não ao exercício das funções clínicas que ocupam no Hospital de Caldas da Rainha”, afirma o CA, adiantando que “a equipa de urgência continua a assegurar o normal funcionamento do SU, mantendo-se em funções e providenciando todos os cuidados inerentes ao funcionamento do serviço”.

O CA reitera a “total abertura para resolver as questões de organização interna e distribuição de serviço”, informando que “mantém os canais de diálogo e a procura de soluções”. Assegura que “tudo fará para continuar a manter o normal funcionamento da urgência e o reforço das suas equipas, visando chegar a um consenso entre os intervenientes”.

Segundo o CA, será marcada para o início da próxima semana uma reunião com os médicos visados, “no sentido de serem encontradas soluções e na expetativa de que as dificuldades sentidas, ao nível de recursos humanos, possam ser ultrapassadas”.

“O CA do Centro Hospitalar do Oeste reconhece o trabalho difícil, mas empenhado, dos seus profissionais e reitera a necessidade da colaboração de todos os intervenientes na rede de cuidados, e também dos utentes, para que as urgências hospitalares sejam usadas de forma correta”, transmite, apelando aos utentes que adotem as medidas já divulgadas em situações anteriores. Em caso de doença, o primeiro contacto deverá ser para a Linha SNS 24 – 808 24 24 24, que disponibiliza aconselhamento e encaminhamento em situação de doença.

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