Um adolescente de 17 anos sofreu na passada quarta-feira uma intoxicação por monóxido de carbono na sua residência, nas Caldas da Rainha, tendo sido transportado para o Serviço de Urgência do Centro Hospitalar das Caldas – unidade das Caldas, disse Luísa Preto, diretora do Serviço de Pediatria.
O alerta para a ocorrência, de acordo com o enfermeiro coordenador da VMER – Viatura Médica de Emergência e Reanimação das Caldas da Rainha, Nuno Pedro, foi dada de madrugada para “uma situação crítica onde um adolescente inadvertidamente, por frio no quarto fechado sem ventilação, colocou uma braseira num grelhador onde os pais grelhavam carne, para se aquecer”.
Foram mobilizados para o local a VMER, bombeiros e proteção civil das Caldas. “Foram os pais do jovem que deram o alerta”, contou o enfermeiro, relatando que quando isto acontece deve-se retirar de imediato a produção do composto e o espaço deve ser logo arejado, abrindo as portas e janelas e, se possível, transportar a vítima para a rua, mas em cima de um cobertor e tapada para não apanhar muito frio”.
O jovem ficou internado, mas já teve alta. “Ficou internado mais tempo do que seria suposto, tendo recuperado com o tratamento, que é uma grande quantidade de oxigénio onde muitas vezes é preciso fazer oxigénio hiperbárico, que é eficaz no tratamento da intoxicação”, explicou a diretora do Serviço de Pediatria.
“Atenção ao monóxido de carbono, o assassino silencioso”
Todos os anos a intoxicação por monóxido de carbono representa, em todo o mundo, cerca de 4% das intoxicações em idade pediátrica. Nas crianças é mais grave do que nos adultos, porque respiram mais vezes e também inalam mais quantidade, e por outro lado as crianças têm um metabolismo muito mais acelerado e precisam mais de oxigénio do que os adultos, adiantou Luísa Preto.
São mortes silenciosas. “É tudo tão suave e rápido que as pessoas nem se apercebem”, disse a médica, alertando que os espaços “devem ser ventilados com regularidade e é preciso também muita atenção ao monóxido de carbono”.
Nuno Pedro recordou que todos os anos somos “ativados para situações destas”. Uma vez que o inverno está a chegar, considerou urgente alertar a população para esta situação, que “provoca lesões neurológicas e mata”.
Há ainda outro fenómeno que Nuno Pedro disse que deve ser tido em atenção, como os poucos recursos e o aumento do gás e da eletricidade, que leva as pessoas “a utilizarem os recursos que podem e uma braseira aquece e quando temos esse desconhecimento da produção deste composto torna-se muito grave”, alertou.
Aliado a isto, “as pessoas estão mais tempo em casa por causa da pandemia e têm mais frio e a probabilidade de intoxicação por estes casos são mais”, adiantou.
Segundo o enfermeiro coordenador da VMER, os acidentes acontecem em “casas antigas, mal ventiladas, com lareiras e braseiros tradicionais, que não possuem proteções e que são usados para aquecer a casa e por vezes também para cozinhar”.
Cristina Teotónio, diretora do Serviço de Urgência, afirmou que todos os anos pessoas morrem por intoxicações ou sofrem os efeitos da inalação em excesso do monóxido de carbono. “Temos que alertar a população, nomeadamente os idosos que têm poucos recursos, e casas que não estão muito adaptadas a manter o calor durante o inverno, porque não têm um bom isolamento”.
A responsável também alertou para os esquentadores mal colocados, onde “ainda há pessoas que o têm dentro da casa de banho”.
Agora com o início da época do frio estes profissionais de saúde consideram que deveria ser reforçadas as recomendações de segurança, em especial aos grupos de risco, nos quais os idosos se incluem para que nas divisões que têm aquecimentos a lenha (lareiras, braseiras) devam ser abertas janelas para permitir fazer a renovação do ar, de modo a evitar a acumulação de monóxido de carbono, um gás que pode ser mortal. Outra forma de aquecer é “vestir várias camadas de roupa”, aconselham.
0 Comentários