Os corredores nacionais tiveram um bom desempenho no contrarrelógio de elite do Campeonato da Europa de Estrada, disputado na passada quinta-feira em Trento, Itália, tendo o caldense João Almeida sido o décimo classificado e o outro português, Rafael Reis, terminado no 14o lugar.
Os 22,4 quilómetros, totalmente planos, foram percorridos sob um calor tórrido. Os dois representantes de Portugal cumpriram as expetativas e classificaram-se entre os melhores, fazendo uma gestão correta do esforço, embora sentindo alguma quebra na parte final.
João Almeida cruzou a meta ao fim de 25’46’’07, tendo pedalado à média de 52,16 km/h. Este registo valeu ao caldense o décimo lugar, cumprindo a meta de ficar entre os dez melhores da Europa neste contrarrelógio. Almeida gastou mais 1’16’’22 do que o vencedor, o suíço Stefan Küng, que revalidou o título graças ao tempo-canhão de 24’29’’85 (média de 54,86 km/h).
“Sabia que os adversários estavam muito fortes. Sei também que sou bom no contrarrelógio, mas favorecem-me mais os contrarrelógios inseridos em provas por etapas. Penso que fiz um bom desempenho e estou contente com a minha prestação”, reagiu João Almeida.
Rafael Reis ficou apenas a 17 segundos de entrar no top 10. Completou o contrarrelógio em 26’03’’19.
A luta pela medalha de ouro foi emocionante e surpreendente. O campeão mundial e grande favorito, até por estar a correr em casa, Filippo Ganna, parecia ter a prova dominada, depois de estabelecer o melhor registo no ponto intermédio. Só que uma ponta final muito mais forte de Stefan Küng valeu a revalidação do título ao suíço, 7,7 segundos mais rápido do que o italiano.
O terceiro foi o belga Remco Evenepoel, a 14,56 segundos do vencedor.
14o na prova de fundo
João Almeida foi o melhor português na prova de fundo do Campeonato da Europa de Estrada, realizada no domingo em Trento, terminando na 14a posição. A corrida de 179,2 quilómetros foi disputada de forma tão intensa que apenas terminaram 31 dos 150 corredores inscritos.
A prova teve duas fases. A primeira, fora do circuito urbano, foi marcada por uma longa e exigente subida que fez com que o pelotão entrasse reduzido a menos de metade na segunda fase, o circuito trentino.
Na primeira parte da corrida, a seleção nacional teve um desempenho de excelência, com Nelson Oliveira a impor um ritmo forte, que contribuiu para eliminar grande parte dos homens rápidos e ajudou a endurecer a corrida.
Já dentro do circuito, Nelson Oliveira voltou a assumir a cabeça do pelotão e esteve até envolvido numa fuga, numa altura em que encabeçava o grupo principal. “Tentámos controlar a corrida o melhor possível até à entrada no circuito. Houve um grupo grande que atacou e tivemos de pegar na corrida para manter a situação controlada. Creio que conseguimos manter o controlo até à entrada no circuito, numa prova que nunca parou, disputada a todo o gás”, descreveu Nelson Oliveira.
Com a corrida disputada sempre com uma intensidade tremenda, dois ataques acabariam por definir o desfecho. Portugal, com os principais elementos mal colocados no pelotão, não conseguiu entrar nestas movimentações, ficando sem representação na frente da corrida.
O caldense João Almeida tentou remar contra a maré. Saiu do pelotão, fez uma volta praticamente sozinho a puxar, mas, sem ajuda dos outros ciclistas do grupo em que se encontrava, nunca conseguiu aproximar-se da cabeça de corrida, formada pelos nove homens que atacaram nas voltas anteriores. Sem hipótese de discutir o pódio, João Almeida terminou no 14o posto.
Chegou a seis minutos do vencedor, o italiano Sonny Colbrelli.
“Tornou-se uma corrida muito dura. Dei tudo o que tinha, mas não estava muito bem posicionado quando os adversários atacaram. Talvez tivesse conseguido ir com eles se estivesse mais bem posicionado. Ainda tentei ir a solo durante uma volta, mas não tive sucesso, até porque houve alturas em que era o único a puxar, porque quem vinha comigo tinha colegas na frente”, comentou João Almeida.
Rui Costa ficou em 18o, a 9m13s, e Nelson Oliveira, em 28o, com o mesmo tempo. Rafael Reis, Rúben Guerreiro e Rui Oliveira
não terminaram a corrida.
“Tínhamos um plano para esta corrida, que passava por eliminar os homens rápidos e todos aqueles que não estivessem num dia bom. Para isso era preciso endurecer a corrida antes de entrar no circuito final. Fizemos bem esse trabalho, mas depois não fomos capazes de concretizar na parte final para entrarmos na discussão da corrida”, resumiu o selecionador nacional, José Poeira.
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