Sem as festas tradicionais a região Oeste perdeu a diversão de outros verões, mas para muitos a visita não podia voltar a ser
adiada até porque as saudades são muitas e os cuidados a ter com a Covid-19 são os mesmos que nos países onde vivem.
O JORNAL DAS CALDAS falou com alguns emigrantes e estrangeiros que vieram passar férias às Caldas.
Peta Wainwright, que é uma pintora em Inglaterra, faz parte daquelas pessoas que devido à pandemia há mais de um ano não
via os pais, que vivem de outubro de 2020 na freguesia de Vidais, no concelho das Caldas. Chegou com o seu marido (Richard
Uhing) e dois filhos no dia 2 de agosto ao aeroporto de Lisboa. Estão vacinados, o que os coloca mais à vontade para viajar.
Alugaram uma viatura e rumaram a Caldas para matar saudades dos seus familiares.
Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, Peta Wainwright emocionou-se ao falar dos pais. “Em casa no Reino Unido vivia
junto aos meus pais, então estava habituada a vê-los todos os dias e agora quase um ano sem abraçá-los foi muito difícil”,
desabafou com uma lágrima no olho. É a primeira vez que vem a Portugal, mas só quer “matar saudades dos pais e passar
tempo com eles”, relatou.
Dereck e Susan Wainwright decidiram mudar para as Caldas devido ao clima e estão a adorar. “Um clima perfeito, uma
localização fabulosa, nós adoramos tudo”, disse Susan.
Peta espera ficar nas Caldas durante duas semanas. “Confina-se e desconfina-se. Agora aposta-se tudo na vacinação. Tenho
que estar atenta às notícias e espero que Inglaterra não volte a colocar regras de quarentena para viajantes de Portugal”,
referiu.
Para Dereck, Vidais é um local “muito bonito, seguro, calmo e sereno”. Lidaram bem com a Covid-19 porque faziam várias
caminhadas perto de casa. Dereck considera que Portugal soube controlar a pandemia.
“Quero morrer em Portugal”, disse Dereck, quando questionado sobre o seu regresso a Inglaterra. “Posso ir passar uns dias a
Inglaterra, mas para viver será nas Caldas da Rainha”, adiantou.
O casal inglês tem quatro filhos e todos concordaram com os pais quando eles comunicaram que iriam viver para Portugal. “O
objetivo é eles virem cá várias vezes por ano, a pandemia é que veio dificultar as coisas, mas acho que agora vai tudo
melhorar”, disse Susan.
Agora o casal só quer desfrutar da presença da filha, genro e netos. “Vamos aproveitar para lhes mostrar algumas coisas,
nomeadamente a gastronomia portuguesa, que é fabulosa”, contaram.
Peta já visitou a Praça da Fruta e o mercado do peixe e adorou comprar os “legumes frescos”.
Carlos não via os pais há dois anos
Carlos Norte, natural das Caldas da Rainha, trabalha na central nuclear em França e já não vinha a Portugal há dois anos. Os
seus pais residem no Coto e quis visitá-los. “Já tinha muitas saudades dos meus pais”, salientou, revelando que não foi a
pandemia que o impediu de vir no ano passado.
Não vem todos os anos a Portugal por opção e porque considera que Caldas da Rainha ”já não é o que era”. “É uma cidade
que está muito deserta e não se veem pessoas, nomeadamente jovens, nas ruas à noite”, contou.
A sua esposa, Mariana Duarte, que trabalha no Luxemburgo como empregada de limpeza, acompanhou-o nesta viagem a
Portugal e veio visitar o seu pai, que também reside no Coto.
Maria visita Caldas com amigos de França
Maria Guedes, de 21 anos, natural de Viseu, está a viver no Luxemburgo há 14 anos com os seus pais. É estudante de
economia numa Universidade em França. Há mais de um ano que não vinha a Portugal e este verão “tinha que ser para visitar
aos avós, tios, primos que vivem em Viseu”.
Decidiu visitar Caldas da Rainha com uns amigos de França, porque não conhecia. Pretende conhecer a praia da Foz do
Arelho, vila de Óbidos e a Nazaré.
Quanto à pandemia, o que a assusta mais é “contagiar os meus avós”, mas como “já estou vacinada e os meus avós também,
dá-me outra segurança e tranquilidade”, apontou.
Batim veio matar saudades da família
O JORNAL DAS CALDAS também encontrou a passear nas Caldas da Rainha o criador de moda caldense Pedro Batim.
A viver há seis anos em Inglaterra, Pedro Batim já deu a conhecer a moda portuguesa naquele país e está a ter um grande
sucesso. Lançou uma coleção limitada de calçado – XQ by Pedro Batim.
O caldense trabalhava no Hospital das Caldas e foi viver para o Reino Unido onde “dois dias por semana trabalho no hospital
(horário longo como secretário clínico na área de cardiologia) e os outros dias faço moda como fazia nas Caldas da Rainha”,
relatou.
As suas criações estão a ser um grande sucesso, com encomendas para vários países, como o Canadá, Dubai, entre outros.
“A Inglaterra é um mercado diferente do ponto de vista cultural e comercial. Trabalha-se com mais quantidades e as
oportunidades são fantásticas”, adiantou.
Pedro Batim continua com as suas edições limitadas e recebeu uma proposta para a criação de uma linha de sapatos. “Eu
sempre fiz desfiles de moda e tinha alguma necessidade por vezes de encontrar o sapato que queria para as coleções e surgiu
esta oportunidade”, contou.
O caldense já não vinha há 19 meses a Caldas da Rainha. As saudades dos pais e amigos já eram muitas. O criador de moda,
que já desenhou as fardas para quem trabalha no Hospital das Caldas e para o CCC, mantém-se ligado à sua terra natal,
visitando-a sempre que pode. “Tenho cá os meus pais e já não os via há cerca de dois anos então vim cinco dias para matar as
saudades”, afirmou, esperando que agora com a vacinação das pessoas não volte a haver mais restrições.
Feliz com a sua vida lá fora, a cidade das Caldas da Rainha será sempre uma inspiração para ele.
A sua filha, a caldense Erica Moreira, de 20 anos, foi eleita Miss Portuguesa Reino Unido. Pedro Batim não tem palavras para
descrever “o orgulho que representou para a comunidade portuguesa” residente naquele país.
Lurdes diz haver menos restrições nos EUA
Lurdes Gajeiro, que vive em Nova Iorque, está muito feliz por estar a passar as suas férias em Caldas da Rainha. Costuma vir
em agosto todos os anos porque tem casa em Alcobaça e em Caldas e também porque tem sempre “muitas saudades da
família”.
No verão passado não veio “com medo da pandemia”, mas em novembro de 2020, quando a Covid-19 estava mais controlada,
conseguiu dar uma escapadinha ao país, relatou. O facto de estar vacinada, o sol e as saudades deram, no entanto, o
empurrão para “voltar este verão, apesar de a pandemia não estar controlada”.
AO JORNAL DAS CALDAS revelou que em Portugal as restrições são “muito mais rigorosas do que nos Estados Unidos de
América”. “Em Florida e Nova Iorque já não utilizamos máscara na rua”, indicou.
“Quem tem a vacinação completa há mais de 14 dias não precisa de usar máscara, mesmo em espaços fechados. Não se
pedem comprovativos de vacinação, não há controlo à porta, acredita-se que todos cumprem o princípio. O uso de máscara é
apenas para os que ainda não foram vacinados ou não têm a vacinação completa”, adiantou.
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