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Histórias do Termalismo

7. Viagem ao Centro da Cidade

Jorge Mangorrinha

EXCLUSIVO

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O que faz um manequim feminino, jovem e sensual, junto a uma velha banheira dos Banhos de Alcafache, de onde simbolicamente escorrem águas para um garrafão de Luso, defronte de uma cruz latina formada pela disposição de caixas de madeira da Praça das Caldas? E o que faz um caracol vivo, neste contexto, que surgiu, fortuitamente, durante a montagem e que circula lentamente pelo espaço, ora visível, ora escondido?

Estes são elementos de uma instalação minimalista, mas, na minha opinião, passível de reflexão imaginativa por parte de quem a visita, sendo dedicada ao núcleo central e histórico da cidade das Caldas da Rainha, designadamente, ao seu atributo termal. Alguns poucos objetos pessoais elaborados em diferentes idades da minha vida estão expostos numa vitrina, na entrada, como, por exemplo, uma pintura impressiva dos Pavilhões do Parque, com 7 anos, ou o esboço de um corpo de mulher desenhado a lápis com os meus 12 anos, idades estas e de outros objetos que são marcadas com velas de aniversário.

O percurso tem diferentes momentos de reflexão, acerca do papel dos mesmos em relação à cidade, através de metáforas, mais ou menos evidentes:

– Fotografias selecionadas entre centenas capturadas no centro da cidade;

– Poemas significantes dedicados aos ícones urbanos;

– Templo da água, com a presença de objetos vários e elementos de outras proveniências termais, tal como uma velha banheira (sobre cavaletes), em contraponto com um manequim sensual (ambos defronte de uma cruz latina) e, na parede contígua, duas fotos, que acentuam a suave provocação, intituladas “Ereção” e “Valha-nos Deus”;

– Estante de caixas de madeira, com revistas “Cidade Termal” (2002-2005) e livros das Caldas;

– Pintura, a vinho e café, intitulado “100/Sem Aquistas”, numa toalha de mesa em papel e em articulação formal e cromática com a foto de um tampo de mármore de mesa, sobre cavaletes;

– Música, em “loop”, da canção evocativa da união entre duas cidades-irmãs, com a presença da partitura e do poema, feitos nos dois lados do Atlântico;

– Momento fálico com a presença de uma abóbora-manteiga dentro de uma caixa antiga do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha cheia de folhas secas e serapilheira;

– E “Beijinhos das Caldas” numa taça cerâmica, para adoçar a boca do visitante depois da visita, sabe-se lá com que espírito.

O percurso é marcado, no chão, por uma fileira de água engarrafada do Areeiro, bem como por um apontamento de folhas do Parque e da Mata, a que juntei folhas com texto de livros meus alusivos à temática.

Como convidado, o Bruno Prates ampliou uma das suas caricaturas de mim próprio (eu, defensor acérrimo do património termal), disposta numa moldura sublime, com pormenores em ouro e com aspeto de envelhecimento, como o legado patrimonial das Caldas da Rainha, rico, mas velho.

Como se refere na folha de apresentação, esta viagem é um percurso minimalista, que conjuga o discurso expositivo linear mais convencional e a ideia de uma instalação, com atmosfera e cenografia, onde se reforça a natureza performativa, “site-specific”. O diálogo entre os conteúdos – instalação, fotografia, poesia e música, a que acrescento agora a pintura (feita durante a montagem), como expressões íntimas da minha criação artística –, origina, em paralelo, uma outra obra, esta experienciada por cada visitante de modo diferente. Esta impressão poética, fotográfica e musical – e também pintada em toalha de mesa – é a expressão concisa do eterno retorno à cidade onde nasci.

Sou caldense, com Caldas sempre presente no movimento pessoal e na construção do processo cognitivo e do universo visual e imaginativo. Sou multifacetado, ou nada, neste país, viajante pelas geografias reais ou imaginadas e, muitas vezes, turista na minha própria cidade.

Assim sendo, convido-vos a visitar esta Instalação, que também pode ser vista aos sábados, para bem de quem trabalha e pensando no turismo interno entre concelhos, já possível e desejável.

E, por fim, será que quereis saber o significado do caracol vivo e ao vivo? Ele simboliza a lentidão por que muitos projetos passam até chegarem à sua concretização plena, tal como o projeto termal, para bem das nossas dores e para mal da saúde do corpo que, porém, ainda se sensualiza, como a cidade, que tem tudo para despertar as atenções. As cidades querem-se sensuais, como novo paradigma da urbanidade e do turismo urbano.

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