O ciclista terminou a Volta a Itália em bicicleta na quarta posição, mas é de rosa que o recordaremos, porque durante quinze dias vestiu a camisola dessa cor, representativa da liderança. E o sonho da conquista do Giro foi alimentado até perto do final, fazendo com que portugueses e não só acompanhassem o seu esforço nas etapas.
O jovem de 22 anos teve também assim o condão de conseguir cativar para a modalidade pessoas que até nem eram fãs mas que não quiseram perder as emoções deste desporto.
Começou na Ecosprint (Caldas da Rainha), onde despertou para o ciclismo de estrada, depois de se ter interessado pelo down-hill e BTT. Passou pela Escola José Maria Nicolau (Cartaxo), Bombarralense (Bombarral) e Clube Ciclismo da Bairrada (Bairrada). Aos 18 anos entrou na Unieuro (Itália), seguindo-se a Axeon (Estados Unidos) e tornou-se profissional na Deceuninck-Quick Step (Bélgica), equipa que só o levou à Volta de Itália porque outros atletas que considerava mais fortes estavam lesionados.
O sonho cor-de-rosa durou quinze dias, tantos quantos João Almeida comandou a geral. Nunca antes um português esteve tantos dias na frente de uma grande volta, feito também nunca antes alcançado por um corredor sub-23. Foi igualmente o melhor estreante em corridas de três semanas.
O quarto lugar na geral é a melhor posição de sempre de um português no Giro, suplantando o quinto posto de José Azevedo. Em grandes Voltas só Joaquim Agostinho fez melhor do que João Almeida, sendo segundo na Vuelta e duas vezes terceiro no Tour. João Almeida igualou o feito de José Ribeiro da Silva, quarto na Vuelta de 1957, também com 22 anos.
João Almeida terminou onze das vinte e uma etapas do Giro no top 10, finalizando quatro dessas tiradas nos três primeiros.
São números que justificam a euforia vivida nos últimos dias em torno do ciclista, acompanhado por outro português em destaque, Rúben Guerreiro, do Montijo, que conquistou a camisola azul, correspondente à melhor classificação nas etapas de montanha.
O Presidente da República louvou ambos. “Estes registos constituem a melhor prestação de sempre de ciclistas portugueses no “Giro d’Italia”, fizeram jus à história do ciclismo nacional, honraram o nome de Portugal e merecem o reconhecimento do Presidente da República”, lê-se na mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Foi com grande emoção que acompanhámos as prestações dos ciclistas portugueses no Giro d’Italia. As minhas felicitações a João Almeida, pelo resultado histórico, e a Rúben Guerreiro, pela conquista da camisola azul. Dia histórico, de orgulho para o ciclismo português. Parabéns!”, transmitiu o Primeiro-Ministro, António Costa, na sua conta do Twitter.
A Assembleia da República também aprovou votos de congratulação apresentados por deputados do PS e do PSD.
No voto apresentado pelos socialistas recorda-se que, “apesar da sua juventude, apenas 22 anos, tem já um percurso de grandes feitos”, de que se destacam o título de campeão nacional de ciclismo de estrada e em contrarrelógio, em 2016, no seu primeiro ano de ciclismo, assim como os “resultados assinaláveis no primeiro ano de sub-23” obtidos em várias corridas em Espanha e França.
“Na sua primeira participação numa das grandes voltas, o Giro d’Italia, tem merecido o apreço e a admiração dos portugueses e os elogios do mundo do ciclismo em geral”, lê-se no voto de congratulação, que tem como primeiros subscritores os deputados do PS eleitos por Leiria, entre os quais a caldense Sara Velez.
“Naquela que foi a sua primeira participação profissional numa das três míticas voltas do Grand Tour (Tour, Giro e Vuelta) mais relevante foi o facto de ter vestido, durante quinze das 21 etapas do Giro, a Maglia Rosa, símbolo de liderança na prova, resistindo durante mais de duas semanas a ataques fortíssimos dos diversos candidatos à vitória final. Este período tão dilatado com a camisola de líder na geral constituiu, de resto, o mais longo período de liderança de um ciclista português numa volta ciclística do Grand Tour”, manifestam os deputados do PSD, entre os quais o caldense Hugo Oliveira.
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