A petição é contra o estado da rede de carregamentos elétricos das Caldas que não está operacional há cerca de dois anos e que urge resolver com “o envolvimento de todos os intervenientes do setor”. Os subscritores do documento são utilizadores residentes nas Caldas da Rainha e cidadãos de outros concelhos que trabalham nas Caldas e não conseguem carregar as suas viaturas elétricas na cidade. A cidade dispõe de seis postos de carregamento semirrápidos de veículos elétricos, que possuem duas tomadas tipo 2 de 7,4 kW, com capacidade para carregar doze carros com uma carga completa da bateria em aproximadamente três horas e meia, dependendo do veículo. José Nicolau, autor do abaixo-assinado, contou ao JORNAL DAS CALDAS que dos “seis pontos de carregamento, só um que está situado no parque de estacionamento subterrâneo na Praça 25 de Abril funciona com regularidade, os restantes estão fora de serviço”. A Câmara Municipal das Caldas da Rainha investiu 50 mil euros na instalação de seis postos de carregamento semirrápidos, que foram inaugurados em 2015 na Semana Europeia da Mobilidade. O total do investimento foi suportado em 85 por cento por fundos comunitários. Os equipamentos estão todos localizados na parte central da cidade, onde as pessoas “supostamente podiam deixar o seu veículo a carregar ou tratar de assuntos”. Diz a petição que “na altura que foram inaugurados os seis postos de carregamento de veículos elétricos a Câmara e as entidades presentes gabaram-se da boa utilização dos fundos europeus, do crescimento da utilização da energia verde e dos incentivos fiscais na compra de carros elétricos de modo a reduzir as emissões de CO2 e contribuir para uma mobilidade mais eficiente do ponto de vista energético”. Segundo o abaixo-assinado, “esta situação já se arrasta há cerca de dois anos, o que transtorna quem tem carro elétrico e reside nas Caldas”. “Há inclusive algumas pessoas que moram noutro concelho e trabalham nas Caldas e não podem trazer a sua viatura elétrica porque depois não têm onde a carregar”, diz o documento. “Numa altura que a proteção do ambiente está em cima da mesa e o Estado incentiva a compra de veículos elétricos, não se percebe porque é que os postos de carregamento das Caldas estão fora de serviço”, acrescenta a petição. Os subscritores do abaixo-assinado pretendem respostas por parte do executivo da Câmara que resolvam a situação. José Nicolau disse ao JORNAL DAS CALDAS que “é difícil “arranjar as assinaturas para a petição porque não conheço todos os proprietários de veículos elétricos e é complicado chegar a eles”. “Já falei com várias pessoas que me disseram que já fizeram queixa à Mobi.E e que lhe responderam que a responsabilidade é do Município”, referiu o queixoso, acrescentando que “a autarquia recebeu ajuda da União Europeia para manter as máquinas avariadas”. O autor do abaixo-assinado revelou que está a recolher mais assinaturas e que durante esta semana ou no início da próxima irá entregar a petição à Câmara. Os subscritores ponderam apresentar uma queixa na Comissão Europeia devido à “falta de rigor” da Câmara em “deixar arrastar a falta de manutenção dos carregadores elétricos na cidade”.
Apanhou multa por não fingir carregamento
O JORNAL DAS CALDAS encontrou na segunda-feira Judite Abrantes, que reside no Nadadouro, a colocar o cabo para carregar a sua viatura elétrica na Rua Francisco Almeida Caiado, junto ao CCC. Judite Abrantes disse que sabe que está avariado, mas que finge estar a carregar para não apanhar uma coima. “No mês passado estava estacionada no local de um posto de carregamento para carros elétricos e a PSP colocou uma multa, então sou obrigada a fingir”, contou. Depois de receber a multa Judite Abrantes foi à esquadra da PSP comunicar que os carregadores estão avariados e segundo a queixosa “foi-me dito que não havia nada a fazer”. “Aguardo a que a coima chegue para eu pagar e agora quando estaciono nos postos de carregamento finjo que estou a carregar a viatura, o que é ridículo”, apontou. Judite Abrantes foi emigrante em França e está a viver desde 2015 nas Caldas, para onde trouxe o seu carro elétrico da zona de Côte d’Azur. “O que me impulsionou para trazer o meu veículo foi o facto de haver postos de carregamentos na cidade e já há muito tempo que os carregadores estão avariados”, declarou ao JORNAL DAS CALDAS, acrescentando que já telefonou para a Mobi.E e não obteve resposta. Philippe Allen é natural de Inglaterra e reside em Salvaterra de Magos há três anos. Comprou em Lisboa um Jaguar elétrico e tem tido muita dificuldade em carregar a viatura no país em geral. Veio passar férias a Caldas da Rainha e agora quer regressar a casa e não consegue carregar o carro. Percorreu todos os postos públicos, incluindo o do parque de estacionamento subterrâneo da Praça 25 de Abril, e disse ao JORNAL DAS CALDAS que “estão todos fora de serviço”.
Município recebe proposta para reparação dos postos
O JORNAL DAS CALDAS questionou a vereadora da Câmara das Caldas, Maria João Domingos, nova responsável pelo pelouro da mobilidade, pedindo esclarecimentos sobre o não funcionamento dos postos de carregamento públicos. Segundo a vereadora, “conseguiu-se recentemente que uma empresa apresentasse proposta para reparação dos postos de carregamento elétrico, ou se tal não fosse viável, proceder à sua substituição, assim como para contratualizar a respetiva manutenção”. “Apesar de todos os gorados esforços de meses anteriores, recebemos contatos da Mobi.E. e da Prio, em novembro último, apresentando desenvolvimentos à questão em análise”, revelou. A vereadora disse que “a MObi.E informou que irá ser lançado procedimento de concurso público com publicidade internacional para a concessão de exploração dos postos da rede nacional de que é proprietária (Programa de Mobilidade Elétrica em Portugal) e indaga do interesse do município em integrar, no referido procedimento, os carregadores municipais”. Essa comunicação de interesse foi concretizada no prazo solicitado, 20 de novembro, pelo que o Município “aguarda desenvolvimentos”. De acordo com Maria João Domingos, a Prio Energy apresentou, “a 20 de dezembro, uma proposta para atualização ou substituição dos equipamentos instalados, manifestando igualmente interesse na concessão da operação dos postos de carregamento municipais”. “Aguardam-se esclarecimentos sobre as possibilidades e condições de eventual integração na concessão da rede nacional que está a ser preparada pela MObi.E, e estão igualmente em análise as propostas de serviços recebidas e que têm que ser avaliadas em função da nova perspetiva de mercado aberto e do tempo que ainda poderá levar a implementação da concessão de exploração”, esclareceu a vereadora. Segundo explicou, o Município das Caldas da Rainha tem desenvolvido diversas “diligências junto da Mobi.E, do anterior operador (Prio) e do fabricante que forneceu os postos de carregamento elétrico, a Magnum Cap, para conseguir a sua reparação. Outras empresas do setor foram contactadas, mas consideraram não ter condições para implementar os serviços. Quanto à demora na resolução do problema, a autarca explica que “a expetativa criada no mercado, que aguardava a alteração do modelo de negócio associado ao carregamento elétrico de veículos, poderá ter contribuído para as dificuldades na obtenção de serviços tendentes à resolução dos problemas dos carregadores elétricos municipais”. Maria João Domingos explicou que em 2009, o Governo, responsável pela promoção de postos públicos de carregamento elétrico de viaturas, iniciou um projeto-piloto a nível nacional e escolheu 25 cidades para a sua instalação, num processo cuja gestão foi entregue à MObi.E. “Caldas da Rainha não foi, injustamente, contemplada. Na expetativa, e conforme nos foi transmitido, de um eventual alargamento a curto prazo da rede nacional de carregadores da gestão e manutenção da responsabilidade da MObi.E, o Município quis que os caldenses e quem nos visita pudessem, como em algumas outras cidades, ter acesso gratuito a carregadores elétricos e no âmbito das obras de regeneração urbana instalou (sem ser sua obrigação), seis postos”, relatou a vereadora. “O objetivo do Governo de alargar a rede ao todo nacional e promover o crescimento do uso deste combustível mais limpo não se concretizou”, contou. “Não tendo outra alternativa”, esclareceu a autarca, “o Município celebrou um contrato de manutenção com a operadora certificada Prio para assegurar a reparação de eventuais avarias. A prestação desse serviço não correu muito bem, mas foi mantendo alguns carregadores a funcionar com eletricidade gratuita fornecida pelo Município. O contrato de manutenção terminou em julho de 2018”. “Apesar dos contactos efetuados, com a devida antecedência”, sublinhou a vereadora, “nenhum operador contactado manifestou disponibilidade para a reparação e manutenção dos atuais carregadores”. “O facto de estar anunciado a transição para a fase de mercado” pode ter contribuído para essa indisponibilidade das empresas”, referiu. Maria João Domingos anunciou que está neste momento em curso a instalação de um novo posto de carregamento, pela Mobi.E em parceria com o Município, na Rua Vitorino Fróis, junto ao Centro da Juventude, tendo “sido rececionada a semana passada a declaração de aprovação da instalação elétrica para se formalizar o contrato de colocação de contador pela EDP, pelo que entrará brevemente em funcionamento”. A autarca comentou que o executivo municipal compreende que os utilizadores de veículos elétricos “se sintam insatisfeitos com a atual situação dos postos de carregamento público não estarem a responder totalmente ao serviço previsto”, acrescentando que “estamos a envidar todos os esforços no sentido de resolver os problemas identificados, pois a mobilidade elétrica foi, de há muito, assumida como uma prioridade deste executivo municipal”. A OesteCIM quer frotas automóveis municipais mais ecológicas e procedeu à aquisição de veículos elétricos para as Câmaras Municipais. Quanto ao exemplo que a Câmara das Caldas está a transmitir com a falta de resposta para os utilizadores dos mesmos, a vereadora assegurou que o Município das Caldas da Rainha “sempre procurou estar na linha da frente no assegurar de condições para a mobilidade elétrica, tendo decidido dotar o concelho de uma rede de postos de carregamento que respondam às necessidades dos atuais e futuros utilizadores de veículos elétricos, mesmo quando não foi o nosso território priorizado na 1º fase do Programa de Mobilidade Elétrica em Portugal”. “Evidentes fragilidades do mercado e a rápida evolução não têm facilitado a concretização deste objetivo, de que não desistimos”, adiantou.
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