Após conseguirmos uma redução da dívida em 77,7%, de 108,6 milhões de euros, em 2009, para 24,4 milhões de euros, em 2019, hoje Leiria é um exemplo de boa gestão, sendo o 4.º município do país com maior equilíbrio financeiro. A taxa de desemprego situa-se em mínimos históricos de 3,2%, e a dinâmica cultural única da cidade, com mais de 600 eventos anuais, fruto da forte colaboração da autarquia com o associativismo, que culminou na candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027. Porém, perante a riqueza cultural do Distrito caracterizado não faria sentido que esta candidatura ficasse circunscrita ao concelho, e foi com a mesma ótica colaborativa de desenvolvimento regional, que foram convidados 25 municípios a juntarem-se ao projeto, sob o nome Rede Cultura 2027.
Enquanto presidente da CIMRL – Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (2013 a 2019), que congrega 10 dos 16 concelhos do distrito, pude constatar que a diversidade do território acarreta também várias assimetrias, sobretudo entre os concelhos situados na zona mais interior face aos concelhos do litoral. Contudo, é sempre possível encontrar soluções, fazendo por conhecer as dinâmicas económicas, sociais e culturais dos territórios. É este conhecimento do Portugal real que falta aos decisores nacionais para potenciar o crescimento do País e reduzir o fosso entre os grandes centros urbanos e as restantes regiões. É essencial promover uma aproximação entre o Governo central com as populações, através de uma colaboração efetiva entre o poder local, com o associativismo e com as empresas, numa espécie de “cooperação ordenada”.
Os bons resultados da gestão do município de Leiria não os consegui sozinho, ninguém conseguiria. São fruto do diálogo constante com as forças vivas do concelho, com a auscultação dos seus anseios e com a procura conjunta de soluções capazes de defender os interesses da população. Foi também esta dinâmica colaborativa e de aproximação às populações que contribuiu para que, há dias, o secretário-geral do PS António Costa anunciasse em Leiria que o Governo já está a trabalhar para garantir que a Base Aérea de Monte Real possa ser aberta ao tráfego civil para servir o Distrito de Leiria e a zona centro do País, e que a requalificação da Linha do Oeste entre as Caldas da Rainha e a Figueira da Foz é uma prioridade para o próximo mandato.
Através da cooperação próxima entre os decisores do Governo e a população, com o debate de ideias com quem melhor conhece a realidade de cada região e melhor representante os interesses das suas gentes, acredito que poderemos operar uma nova revolução por um Portugal próspero e com menos desigualdades.
0 Comentários