Esta viagem no tempo começou com a chegada das personagens principais de charrete para a evocação da inauguração do Parque D. Carlos I.
O parque entrou na máquina do tempo e transportou as pessoas presentes para uma época em que Caldas da Rainha era reconhecida pela “qualidade das suas águas termais e atraía muitos visitantes na época balnear”.
A 3 de janeiro de 1888 o arquiteto Rodrigo Berquó tomava posse como administrador do Hospital Termal. Foi também chamado para coordenar a recuperação do antigo Passeio da Copa, o jardim atualmente conhecido por Parque D. Carlos I. O objetivo era revitalizar aquela zona, apostando na criação de uma área de recreio para quem frequentava o Hospital Termal.
Foi no Céu de Vidro que Rodrigo Berquó, cuja personagem foi interpretada pelo presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, fez o seu discurso. “Afrontei elevados interesses, como o projeto de urbanização dos terrenos anexos ao Passeio da Copa, defendida pelo senhor governador civil que chegou a ser objeto de petição dirigida ao Ministério do Reino, porque neles pretendiam promover a construção de propriedades urbanas”.
Só que Rodrigo Berquó era ambicioso. Ele não queria revitalizar apenas o Passeio da Copa, queria transformá-lo numa referência em Portugal e lá fora. “Nunca vacilei”, continuou a personagem de Rodrigo Berquó, “nem nada me fez mudar o rumo e de objetivo: construir um parque arbóreo, um local arejado, de saúde e de lazer, para que os banhistas que concorrem a estas termas encontrem nelas todos os divertimentos das melhores estações balneares do mundo, com regatas no lago, visitas ao recinto dos veados, circuitos de póneis, de charretes, de carrocinhas e de bicicleta, jogo de croquet, patinagem, futebol e tiro ao alvo”.
O professor Pereira da Silva, que encarnou a personagem de Rafael Bordalo Pinheiro, referiu que foi para as Caldas “animado e esperançado em encontrar talento em serviço à minha obra e assim encontrei, onde instalei a minha fábrica”. Leu apenas umas notas devidas “ao ilustre desembargador Carlos Querido aqui presente e à ilustríssima dona Isabel Castanheira, que talvez seja a mulher que permita paixão e que mais sabe ao meu respeito”.
Na pele da personagem, disse ter sido uma honra ver o seu nome associado a uma escola caldense.
Rodrigo Pedras, da Associação de Estudantes, que interpretou José Malhoa, falou da sua vida e obra.
O Parque D. Carlos I foi invadido pela magia. Dezenas de figurantes do Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro acompanhados pelo Rancho “As Ceifeiras da Fanadia”, desfilaram com trajes da época.
Na festa houve petiscos e muita animação. Evocação dos quadros “As Promessas”, “Clara”, “A Corar a Roupa”, “Ciúme”, “Praia das Maças e “O Fado”, passeio no lago do parque, tabela periódica falante (teatro), banda da escola, poesia, zumba, dark roses e música à capela foram alguns dos ingredientes desta grande festa que marcou o final do ano letivo.
À noite foram colocados balões iluminados no lago do parque.
A diretora do Agrupamento, Maria do Céu Santos, referiu que esta iniciativa surgiu na sequência das outras festas que têm feito de recriação histórica, como a festa medieval, o evento dedicado ao século XVIIe XVIIIe agora pretendeu-se “recriar o final do século XIX, com Rodrigo Berquó, José Malhoa e Rafael Bordalo Pinheiro, três personagens muito importantes para a cidade”. “A escola inseriu-se na comunidade”, manifestou, sublinhando que esta festa começou a ser organizada em janeiro e contou com a colaboração de alunos, professores, Câmara Municipal, União das Freguesias Nossa Sr.ª do Pópulo, Coto e São Gregório e Rancho da Fanadia.
O presidente da Câmara recordou que já interpretou o Cardeal de Alpedrinha e Sebastião José de Carvalho e Melo e agora aceitou o convite de ser Rodrigo Berquó, enquanto administrador do Hospital Termal e que “também foi presidente da Câmara e deu um grande impulso a Caldas da Rainha”. “Não é tão conhecido pelos caldenses e merece esta homenagem”, apontou Tinta Ferreira.
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