Esta iniciativa, que consiste em ir ao encontro de comunidades mais desfavorecidas do ponto de vista social e geográfico, pretende contribuir para a melhoria da qualidade de vida e redução do isolamento social das pessoas com demência e dos seus familiares, bem como sensibilizar a comunidade para a problemática das demências.
Este projeto, que resultou de uma iniciativa de duas entidades promotoras, a Associação Alzheimer Portugal e a empresa Sonae Sierra, e de um conjunto alargado de parceiros, arrancou como projeto-piloto em abril de 2013, com a abertura dos Cafés Memória de Lisboa-Colombo e de Cascais. Após cinco anos de intervenção, a iniciativa decidiu lançar uma nova vertente do projeto, o “Café Memória faz-se à estrada”, sendo um espaço mensal destinado aos familiares e às pessoas com Alzheimer ou com outro tipo de demência, ocupando desde espaços de restauração em centros comerciais, até museus ou locais cedidos por instituições de ensino.
Desta vez foi o concelho do Cadaval escolhido para receber mais uma sessão do projeto, onde os presentes trocaram experiências e realizaram exercícios, e ainda ouviram as duas técnicas coordenadoras do projeto, Catarina Alvarez e Isabel Sousa, a falar de como ajudar a lidar com a doença.
Segundo Catarina Alvarez, “as demências são doenças neuro degenerativas, que causam um declínio progressivo no funcionamento da pessoa, através da perda de memória, capacidade intelectual, raciocínio, competências sociais e alterações das reações emocionais normais”.
Apesar da maioria das pessoas com demência ser idosa, a coordenadora salientou que “nem todas as pessoas seniores desenvolvem a doença e esta não faz parte do processo de envelhecimento natural”, podendo assim surgir em qualquer pessoa, mas é mais frequente a partir dos 65 anos. Em algumas situações pode ocorrer em pessoas com idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos
Contudo, a coordenadora explicou que ainda “existe um elevado desconhecimento por parte das pessoas relativamente a esta doença, o que causa perceções e atitudes negativas dos indivíduos e da sociedade em relação a esta problemática, que geram estigma, provocando isolamento social e redução da qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus cuidadores”.
“As demências ainda não são reconhecidas como uma prioridade, não existindo uma estratégia ou plano nacional para enfrentar este problema social e de saúde pública de relevância crescente”, sublinhou Catarina Alvarez. No que diz respeito ao acesso às respostas pelos cidadãos, a maioria das vezes são “assimétricas, por estas se concentrarem habitualmente nos grandes centros urbanos, sendo esta realidade promotora de injustiça e desigualdade social”.
Por isso, esclareceu que numa fase inicial é “essencial o diagnóstico médico, quando os primeiros sintomas aparecem, de modo a garantir que a pessoa que tem uma condição tratável seja diagnosticada e tratada corretamente”. Por outro lado, se os sintomas forem causados por uma demência, o diagnóstico precoce possibilita o acesso mais cedo a apoio, informação e medicação.
Além do Alzheimer, também existem outras formas de demência como a doença de Parkinson e a doença de Huntington. “Apesar dos sintomas nas fases iniciais serem diferentes em função de cada tipo de demência, é sempre fundamental um diagnóstico médico rigoroso”, afirmou Catarina Alvarez.
Igualmente alertou para a existência de várias situações que produzem sintomas semelhantes à demência, como por exemplo algumas carências vitamínicas e hormonais, depressão, sobredosagem ou incompatibilidades medicamentosas, infeções e tumores cerebrais.
Atualmente não há cura para a demência, contudo “existem fármacos que podem reduzir alguns sintomas da doença”. Além disso é importante, o papel familiar, bem como de amigos e cuidadores, que pode fazer uma diferença positiva na forma de lidar com a doença.
“Nós estimamos que cerca de 80% das pessoas com demência vivam em casa e não em contexto institucional, por isso, o papel da família é fundamental”, frisou a coordenadora.
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