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Naufrágio com quatro pescadores a bordo com desfecho fatal

Francisco Gomes

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Partiu de Peniche no passado dia 28 o arrastão “Veneza”, que na madrugada seguinte foi ao fundo ao largo da Figueira da Foz. Três pescadores - Paulo Fernandes, de 47 anos, Leonel Candeias, de 54 anos, e José Henriques, de 57 anos - foram encontrados mortos e um - Orlando Fonseca, de 55 anos, mestre da embarcação - continua desaparecido. Três dos pescadores são de Ribamar (Lourinhã) e um outro de Maceira (Torres Vedras).
Barco naufragado

Construído em 2007, o arrastão, matriculado na Figueira da Foz, tinha 9,02 metros de comprimento.

O barco naufragou a onze milhas (cerca de vinte quilómetros) da praia da Costa de Lavos, a sul da Figueira da Foz, surpreendendo a tripulação, que não teve tempo de pedir socorro. Foi apenas lançado um alerta através de um dispositivo da embarcação (rádio baliza de emergência) acionado de forma automática quando vai ao fundo e recebido via satélite.

As autoridades foram alertadas para este naufrágio durante a madrugada de dia 29. Começaram por encontrar dois corpos durante a manhã, por volta das 8h30. Ao início da tarde, a capitania do Porto da Figueira da Foz confirmou que tinha sido encontrado o terceiro corpo. Estes três pescadores estariam a trabalhar no convés quando aconteceu o naufrágio, tendo caído ao mar.

Nas buscas participaram um helicóptero da Força Aérea, duas embarcações salva-vidas de Aveiro e Figueira da Foz, um barco da Polícia Marítima e a corveta João Roby, da Marinha. Foram mobilizados mais de 70 operacionais. Mais tarde houve reforço com uma lancha salva-vidas da Nazaré e Peniche, um avião C-295 e uma aeronave de vigilância marítima (P3-C) da Força Aérea e o navio hidrográfico da Marinha, Almirante Gago Coutinho Gago Coutinho, que possui equipamentos como um sonar de varrimento lateral de grande precisão para tentar encontrar a embarcação no fundo e um ROV (Remotely Operated Vehicle), veículo operado remotamente para meio subaquático, que tem capacidade para recolher imagens (vídeo e fotografia) do fundo do mar, essencial face à profundidade no local do alerta – cerca de 70 metros. Os mecanismos de alerta de emergência automáticos via satélite apenas indicam posições aproximadas.

A utilização do ROV permitiu a operação a maiores profundidades e durante um período mais prolongado do que seria conseguido com recurso a mergulhadores.

Uma equipa especializada em mergulho profundo, até 81 metros, com dez elementos da Marinha, estava no navio para ajudar na deteção do pescador desaparecido. Chegaram a estar 125 operacionais empenhados nas operações de busca. No passado domingo o barco seria detetado, com a arte de pesca enrolada na popa (parte traseira). Estava a cerca de 80 metros de profundidade. Seguiu-se uma operação minuciosa para confirmar o estado da embarcação, através do ROV, tendo sido possível perceber que estava inteira e não existiam indícios de rombos exteriores no seu casco. Contudo, dada a elevada turbidez da água não se conseguiu detetar na altura se o mestre desaparecido estava no interior da casa do leme.

Os mergulhadores da Marinha efetuaram na passada segunda-feira dois mergulhos no limite da profundidade da capacidade de operação dos mergulhadores da Marinha, que é de 81 metros, e foi confirmado visualmente pelos mergulhadores da Marinha que o mestre não se encontrava no interior do barco de pesca.

Os mergulhadores tiveram necessidade de recuperar durante cinco horas no interior da câmara hiperbárica que se encontra a bordo do navio Almirante Gago Coutinho.

As buscas pelo pescador desaparecido terminaram no fundo do mar e vão continuar em terra, nos próximos dias, com um “esforço de patrulha reforçado” entre Aveiro e Peniche na eventualidade do corpo do pescador dar à costa.

Numa zona próxima onde se julgava ter afundado o arrastão foi encontrado na ocasião outro barco, naufragado em agosto de 2015. Trata-se do “Ruben e Bruna”, embarcação de pesca costeira artesanal com treze metros de comprimento. As causas na altura apontavam para que as redes tivessem ficado presas no fundo e a embarcação acabou por se afundar. Um pescador morreu e outros quatro foram resgatados.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, expressou condolências às famílias das vítimas do naufrágio do “Veneza”, associando-se “à dor dos que perderam um ente querido, um colega de faina ou um amigo”.

O Chefe de Estado defendeu que é necessário, num “país de grande vocação marítima, investir na segurança dos pescadores, demasiadas vezes sujeitos a acontecimentos trágicos desta natureza”.

“Lamentavelmente, a dureza do mar ceifou, uma vez mais e de forma precoce, a vida destes nossos compatriotas que tanto respeito e admiração nos merecem”, manifestou.

A Câmara da Lourinhã disponibilizou dois psicólogos para apoiar as famílias das vítimas.

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