Alexandra Leitão disse que quando esteve presente na inauguração da requalificação do polidesportivo da EBI de Santo Onofre viu o cartaz da palestra e como conhece Laborinho Lúcio há cerca de dez anos, considerando-o uma figura “inspiradora”, não quis faltar.
Ouviu atentamente as palavras do ex-ministro da Justiça e tirou alguns apontamentos. Disse ao JORNAL DAS CALDAS que gostou muito da expressão “inclusão universal” e considera que é “esse o caminho que o ministério da Educação tem que seguir”. “Temos de criar cidadãos completos e com conhecimentos técnicos e científicos, mas essencialmente felizes, numa escola que antes de mais tem que os preparar para a empatia e tolerância”, afirmou Alexandra Leitão, que se revê “inteiramente na linha de Laborinho Lúcio”.
A governante partilha da mesma opinião do ex-ministro da Justiça quanto ao método do ranking das escolas. Ao JORNAL DAS CALDAS disse que “os rankings não são promovidos nem criados pelo Ministério da Educação, são dados que são públicos, a partir dos quais a comunicação social decide fazer listagens”. Recordou que já disseram “abundantemente que não nos revemos em rankings e que a escola não está a trabalhar para atingir um pódio, e que elas devem ser avaliadas com outros critérios que têm muito mais a ver com a progressão dos alunos”. “As escolas não devem ser avaliadas pelas notas mais ou menos cegas dos rankings que nem sequer atendem ao contexto socio económico em que uma escola se insere e isso faz toda a diferença”, explicou.
Laborinho Lúcio defende inclusão universal na escola pública
Cerca de cem pessoas assistiram à palestra de Laborinho Lúcio. A comunicação do ex-ministro da Justiça foi marcada por muitos momentos de boa disposição, mas, ao mesmo tempo, não deixou de tocar em temas sensíveis. Além dos direitos das crianças, Laborinho Lúcio falou dos direitos concretos e da sua visão à educação e ao ensino.
Para o orador um objetivo fundamental do ensino obrigatório até ao décimo da escola pública é garantir a inclusão universal das crianças, isto é, “de todas e de cada uma das crianças no interior da própria escola”. “Temos que encontrar dentro da escola pública estratégias que permitam agir individualmente em cada aluno por forma a retirar dele o máximo das suas atividades e projetá-lo para o máximo de resposta que ele pode dar e nunca partir da ideia de que o aluno vale aquilo que leva para a escola porque vale aquilo que a escola consegue fazer dele e a partir das suas condições”, frisou.
De acordo com o ex-ministro, a escola deve procurar numa primeira fase perceber o que “os alunos sabem fazer independentemente se isso coincide ou não com os currículos” e depois “valorizar no interior do estabelecimento de ensino o que eles sabem fazer”. Defende que a partir daí os professores devem mostrar-lhes que “eles são capazes de fazer coisas, criar-lhes auto estima e demonstrar-lhes que devem estar ali”. Para o orador a inclusão é feita progressivamente.
As avaliações não foram deixadas de fora e Laborinho Lúcio é contra os testes de diagnóstico, especialmente no primeiro dia de aulas. “Diagnóstico para quê? Porque é que um professor tem que saber quinze dias antes o que pode saber quinze dias depois?”, explicou. “Que a escola diagnostique, tudo bem, mas pelo menos que diagnostique as crianças a partir das suas competências positivas e não pelas negativas”, sublinhou.
Educar para os direitos foi outra questão abordada por Laborinho Lúcio. “Não seria bom um dia termos uma escola tendo como desígnio fundamental os direitos do outro, tendo como garantia que assim teríamos respeitados os direitos de cada um”, questionou.
João Bernardes Silva, diretor do Agrupamento de Escolas Raul Proença, revelou que vai fazer uma reflexão sobre as questões discutidas na palestra. “Nós defendemos as ideias de Laborinho Lúcio, mas por vezes não é fácil colocar em prática”, disse, considerando a maior barreira os “30 alunos por turma”.
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