A Rua Maria Ernestina Martins Pereira circunda a Mata Rainha D. Leonor ao longo de 450 metros, sendo num dos lados separada por um muro de contenção que está degradado e ameaça ruir, colocando em risco pessoas e bens.
Segundo Vítor Marques, presidente da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, a situação coloca-se na parte do muro entre a Quinta da Boneca e a estrada principal (após o hospital). “Há um bocado do muro que um destes dias cai. Precisa de ser requalificado. Não se tomou decisão nenhuma porque ainda tem de passar pela Câmara e pela Assembleia Municipal. O que se está a avaliar são possibilidades e perceber o que cada uma das decisões pode implicar”, assegurou.
O autarca descreveu ao JORNAL DAS CALDAS as três hipóteses em cima da mesa. “O muro tem de ser reparado e uma solução é anular o muro que lá está e fazer outro no mesmo sítio. O problema é que continuamos a ter uma estrada estreita, com sítios onde não dá para cruzamento de carros”, referiu.
A segunda solução é “deitar o muro abaixo e recuá-lo para dentro da mata de forma a permitir até um espaço pedonal”, o que implica “o abate de 79 árvores de médio e longo porte”. “Algumas poderão ter interesse botânico mas temos de avaliar o custo/benefício”, indicou.
A terceira solução seria “conseguir negociar com o proprietário do pomar no terreno no lado oposto ao muro e aí fazer a estrada, mas temos de ver os custos que a aquisição tem”. “Da mesma forma o muro terá de ser retirado ou fazer um aterro com terras para conter a vegetação”, frisou.
“Existem três minas de água e ninguém quer deitá-las abaixo nem prejudicar os aquíferos Temos também de salvaguardar pessoas e bens, por isso há que encontrar o equilíbrio. Não há uma decisão perfeita. Haverá sempre situações de custo/benefício e é isso que politicamente tem de ser decidido”, sustentou Vítor Marques, para quem “seria importante fazer o alargamento do espaço porque a utilização da rua não é a mesma que há alguns anos. Tem muito mais movimento”.
“Está a criar-se uma grande celeuma mas não há razão para alarme nem para discussões inflamadas, porque o que se está a fazer é um levantamento. Estamos a estudar a melhor solução, que não será tomada de ânimo leve”, assegurou o autarca.
“É preciso ser prudente”
“É preciso ser prudente, porque é um perigo mexer na Mata, por causa dos furos que estão por baixo e que têm ligações aos aquíferos termais. E uma vez contaminados seria irreversível, pois acabavam as termas”, comentou Mercês Silva e Sousa, especialista botânica, para quem qualquer intervenção só deve ser feita depois de consultadas diversas entidades ligadas à conservação da natureza.
“Gostava que não houvesse precipitação em tomadas de decisão para mais tarde não se virem a arrepender. Tirar uma grande quantidade de árvores pode por em perigo o património”, adiantou.
O assunto entrou na esfera política. João Diniz, do CDS, manifestou que está em risco uma “quantidade significativa” de árvores, algumas das quais “serão de espécies botânicas de interesse”, acusando a autarquia de “insensibilidade ambiental” perante “o mais notável jardim botânico existente entre Lisboa e Coimbra”.
Em reunião de Câmara, no passado dia 2, o vereador do PS, Jorge Sobral declarou que “ao longo destes anos sempre se reclamou do Estado (Ministério da Saúde), a reparação do muro em causa pela perigosidade que apresenta em alguns metros, pois está demasiado inclinado para a estrada, provocado por árvores e raízes, mas nunca ao longo destes anos fomos ouvidos”.
“Não somos alheios ao facto de diariamente ali passarem muitos veículos, que transportam crianças e jovens que fazem desporto nos campos ali existentes. Os jovens são cerca de trezentos. Quando em câmara se discutiu pela última vez este assunto, e o presidente ligou à reparação do muro o alargamento da estrada, de imediato declarámos que tal só podia ser feito negociando com o proprietário do terreno do outro lado da estrada. Ficou decidido que se iriam tomar medidas necessárias para as conversações com o proprietário. Nunca nos passou pela cabeça dos vereadores do PS que esse alargamento pudesse ser feito como agora é surpreendentemente apresentado”, afirmou o socialista.
Jorge Sobral fez notar que a Câmara Municipal “encomendou um estudo ao Instituto Superior de Agronomias sobre a situação fitossanitária das árvores existentes e avaliação do risco de rutura das mesmas no Parque D. Carlos I. Nada foi avaliado relativamente à situação da Mata Rainha D. Leonor”.
“Os vereadores do Partido Socialista não aceitarão qualquer tentativa de alargamento da Rua Ernestina Pereira à custa do espaço Mata Rainha D. Leonor”, salientou.
O presidente da Junta considerou “excessiva” a posição do CDS, enquanto que o presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Tinta Ferreira, garantiu que se for para retirar árvores terá de haver autorização de um organismo estatal.
Francisco Gomes
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