Francisco Justo, de 64 anos, tem na Foz do Arelho um dos maiores rebanhos da região, com 400 ovelhas e cabras, e tem de se redobrar em esforços para combater a seca devido à falta de chuva. “Neste momento não há nenhuma gota de água nos poços e tenho de transportar bidões numa carrinha e dar ao rebanho através de garrafões”, relata, ao mesmo tempo que o pastor Luís Pedro, de 43 anos, dá de beber a uma cria. Por outro lado, “a pouca vegetação que existe está seca e não tem valor nutritivo. Os animais têm de ser acompanhados por um suplemento alimentar, senão morrem, e isso tem de se comprar”. “Dantes era só comer o que a terra dá. Agora tenho de andar a espalhar palha pelo campo. O custo de produção é maior”, faz notar. Segundo Francisco Justo, já morreram algumas cabeças, que “não estão equilibradas na parte nutricional”. A agravar a situação está o facto das fêmeas “são as que aguentam menos e assim não há continuidade da espécie”. “É um ano atípico e quem semeou e plantou no outono e inverno e esperava pela chuva não vai ter produção porque não houve água. Os níveis freáticos estão muito baixos e tem de chover muito para serem repostos. Mas se for na altura das sementeiras e plantações de primavera e verão também irá alagar os campos”, alerta Virgílio Santos, técnico agrário. A ministra Assunção Cristas pediu um relatório do problema, porque as associações de agricultores estão a pedir subsídios por prejuízos devido à geada e a falta de água agrava a situação. “Se houvesse água no solo os efeitos da geada nos hortícolas seriam menores. Pode agravar os custos de produção, porque a rega natural da água da chuva está a ser suportada em custos adicionais com regas que não se fariam se chovesse”, revela Virgílio Santos. É o que se passa com quem tem gado, que tem de o alimentar com rações compradas em vez de o levar a pastar nos campos. “Não vale a pena colocar o gado na rua, porque está tudo seco. Tem de se alimentar à mão e essa comida tem de ser comprada, o que aumenta os custos de produção”. Problemas diversos impedem as três barragens agrícolas construídas na região Oeste – Alvorninha, Arnoia e Sobrena – de fornecer água aos campos. A de Alvorninha é a que está a fase mais avançada para entrar em funcionamento regular, mas responsáveis locais chamam a atenção que “a perspetiva é péssima este ano se não chover em quantidade suficiente”. A barragem de Alvorninha, nas Caldas da Rainha, que custou cinco milhões e euros e foi inaugurada há sete anos, aguarda aprovação de ensaios de impermeabilização para abastecer 150 hectares de campos agrícolas. A falta de verbas para a rede de rega impede três mil agricultores de Óbidos de aproveitarem a barragem do Rio Arnoia, um investimento de 35 milhões de euros inaugurado em 2006. “Deixamos de produzir trinta por cento da nossa capacidade”, denuncia Luís Honorato, presidente da associação de regantes. Erros de construção que se encontram a ser dirimidos em tribunal levam a que a barragem da Sobrena, no concelho do Cadaval, concluída há quinze anos, nunca tenha funcionado. O investimento de dois milhões de euros iria beneficiar 120 agricultores e regar 100 hectares. Francisco Gomes Legendas:
Bidões de água e palha para alimentar rebanho em tempo de seca
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