No dia em que se assinalou o Dia Mundial da Tuberculose (24 de Março), o coordenador do Centro de Diagnóstico Pulmonar (CDP) das Caldas da Rainha, José Fernando, disse que “as pessoas devem confiar nos serviços de Saúde, na sua capacidade para diagnosticar precocemente a doença e tratá-la eficazmente para evitar o desenvolvimento de resistências e para impedir o contágio”. “Sempre que haja tosse e expectoração e que não se resolva com as terapêuticas normais, pensem em ir ao CDP”, acrescentou o médico, revelando que os outros sintomas são febre, suores durante a noite, perda de apetite e perda de peso. Em declarações à imprensa, à margem da sessão educativa sobre a doença que decorreu na Universidade Sénior Rainha D. Leonor, Caldas da Rainha, o médico salientou que o sistema de saúde português tem sido capaz de diminuir a incidência da tuberculose. “Há cerca de 10 a 15 anos a taxa de mortalidade de tuberculose andava pelos 65/70 anos, hoje está pelos 75 anos”, revelou o médico. José Fernando diz que o concelho das Caldas da Rainha está muito abaixo da média nacional. “No que diz respeito à tuberculose nacional estamos francamente bem. Apesar de sermos uma zona com características de zona industrial, estamos com uma taxa de 11 doentes por 100 mil pessoas, enquanto a taxa nacional é de 24 doentes por cem mil habitantes”, explicou o especialista. O CDP das Caldas da Rainha está a funcionar em instalações no Coto, com a consulta de Tuberculose e Cessação Tabágica destinada aos utentes abrangidos pelos concelhos de Caldas da Rainha, Bombarral, Óbidos e Peniche. A dedicação de José Fernando tem sido notória. Sendo o médico responsável pela área da tuberculose tem tido uma grande preocupação em fazer o controlo total da doença. Faz o rastreio da tuberculose aos reclusos do Estabelecimento Prisional das Caldas e também tem vindo a fazer o mesmo com associações de ex-toxicodependentes, como a Associação de Volta a Casa, a de S. Mamede e A Minha casa, do Olho Marinho. Contactou a associação de apoio a toxicodependentes na Foz do Arelho, mas não teve receptividade. Perante este cenário, José Fernando sublinhou a necessidade de combater a doença nos grupos mais vulneráveis ao contágio como os seropositivos, toxicodependentes e reclusos. “Em ambientes confinados, as defesas imunológicas estão mais debilitadas e a doença propaga-se mais facilmente”, explicou o especialista. José Fernando também dá consultas na zona de Alcobaça abrangendo a Nazaré e parte da Marinha Grande. Entre os concelhos da região onde faz consultas, Caldas é o que tem a taxa mais alta de doentes com tuberculose mas, porque, segundo o médico, “é o concelho onde os meus colegas estão mais atentos”. “Não me importa se pertenço ao centro de saúde ou ao hospital, onde houver indícios de tuberculose eu estou disponível”, apontou, acrescentando que “há um acompanhamento distinto com os meus colegas do hospital, que permite que quando há suspeitas da doença eles me liguem a pedir a minha colaboração”. O médico revelou ainda que em Peniche deve haver “casos que não são diagnosticados” defendendo a medicina de base social para fazer o levantamento “de toxicodependentes e seropositivos”. Segundo o médico, a tuberculose tem cura se for seguido o tratamento correctamente. “É importante fazer rapidamente o diagnóstico para começar a medicação o mais cedo possível”, explicou, acrescentando que “as Caldas é dos poucos sítios em que conseguimos encaixar os exames num protocolo do Ministério da Saúde, em que para além do teste normal da prova tuberculina, temos também um teste de imunidade pura”. Depois de dar consultas de Cessação Tabágica durante alguns anos no IPO de Lisboa, José Fernando foi solicitado a criar este tipo de consulta nas Caldas, onde a integrou no CDP. Segundo o médico, sendo o tabagismo um problema maior de Saúde Pública, justifica-se a implementação de estratégias de intervenção para a promoção de estilos de vida saudáveis entre a população desta região. A Consulta de Desabituação Tabágica  é um processo demorado. “É importante ter a percepção de que voltar a ser um indivíduo “não-fumador” não é apenas um simples acto, mas um processo onde o utente faz escolhas e mudanças que alteram o seu estilo de vida”, disse este especialista, que está a ter uma taxa de sucesso nesta consulta muito acima da média nacional. “Uma boa média é por cada 100 doentes que vão à consulta 20 a 25% deixarem de fumar”, apontou. O CDP situa-se na Rua Principal nº53, no Coto, com consultas de tuberculose e consultas de Cessação Tabágica. Se suspeitar que tem tuberculose pode telefonar para este médico: 262 843457 ou 912204170. Foi a segunda vez que José Fernando foi à Universidade Sénior como orador e mostrou mais uma vez a sua satisfação em ver o sucesso deste projecto educativo em que “os seniores continuam com vontade de aprender”. Marlene Sousa