D. José Policarpo pede renúncia do cargo de cardeal-patriarca O cardeal patriarca, D. José Policarpo, que completa 75 anos no dia 26 deste mês e celebra 50 anos de sacerdócio em 2011, deverá manter-se no cargo pelo menos mais dois anos, apesar de ter anunciado na semana passada que enviou o seu pedido de resignação ao Vaticano – já que o direito canónico determina que o pedido seja endereçado ao Papa antes do 75º aniversário (idade limite). A continuidade é a hipótese mais provável, mas só deve ser anunciada depois da beatificação de João Paulo II, marcada para 1 de Maio. “Escrevi a carta ao papa, como está previsto no direito canónico. Pedi ao santo padre a resignação e fico à espera”, afirmou D. José Policarpo durante um encontro com jornalistas, acrescentando que a carta será entregue na Nunciatura Apostólica. O cardeal patriarca de Lisboa, natural das Caldas da Rainha, lembrou que Bento XVI tem liberdade completa de aceitar imediatamente ou prolongar por mais um ano a manutenção no cargo de um bispo que pede a resignação. “Quando a pessoa está bem de saúde, que é o meu caso, o papa tem liberdade completa. Eu próprio fico à espera de resposta e orientação”, acrescentou. D. José Policarpo fica assim a aguardar orientações do Vaticano. Quanto à nomeação do seu sucessor, José Policarpo sublinhou, e lamentou, que não é quem sai que tem influência na designação do seu sucessor. “Aliás, eu gostaria de ter influência na escolha do meu sucessor”, reconheceu, afirmando, contudo, que essa decisão cabe às instâncias competentes. O processo de substituição é organizado pela Nunciatura Apostólica. Fazem-se consultas para perceber quem será o melhor sucessor do bispo que pediu a resignação. A consulta é alargada e feita junto de pessoas que estão a par da vida da igreja – padres, leigos, estruturas da Igreja – e que organizam a lista de possíveis candidatos. O núncio apostólico envia para o Vaticano a lista – normalmente com três nomes – e o papa escolhe e nomeia o sucessor do bispo que pediu a resignação, de acordo com o perfil de cada candidato e das necessidades da respectiva diocese. Para já, há três nomes óbvios considerados na corrida ao lugar de cardeal patriarca. Os mais referidos dentro da Igreja são o do actual bispo do Porto, D. Manuel Clemente; o de Leiria-Fátima, D. António Marto; e o do bispo-auxiliar de Lisboa, D. Carlos Azevedo. D. José Policarpo nasceu no Pêgo, Alvorninha, concelho das Caldas da Rainha, no dia 26 de Fevereiro de 1936. Após concluir o curso secundário nos seminários de Santarém e Almada, formou-se em Filosofia e Teologia no Seminário Maior de Cristo-Rei, dos Olivais. Licenciou-se em Teologia Dogmática, em 1968, pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. D. José Policarpo é padre desde 15 de Agosto de 1961. Foi director da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, vice-reitor do Seminário Liceal de Penafirme e reitor do Seminário dos Olivais. Foi ordenado bispo em 1978. É patriarca de Lisboa desde 1998. Foi nomeado cardeal pelo Papa João Paulo II a 21 de Janeiro de 2001. Para celebrar 50 anos de sacerdócio estão previstas várias iniciativas de comemoração que decorrerão entre Março e Outubro. As comemorações do “jubileu sacerdotal” começam a 19 de Março, com a abertura das comemorações no seminário de Caparide, seguida de uma conferência sobre o ministério sacerdotal do patriarca, no âmbito dos seminários e celebração eucarística. A 10 de Maio, decorre uma sessão solene na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, com a apresentação e lançamento de um livro sobre o pensamento do patriarca. No dia 19 de Junho, dia da Igreja Diocesana, está previsto um encontro de José Policarpo com toda a diocese, especialmente os agentes de pastoral, no seminário de Penafirme. O dia 15 de Agosto é o do aniversário da ordenação sacerdotal, com celebração eucarística na Sé Patriarcal, com a presença dos jovens que participarão na Jornada Mundial da Juventude, que decorre em Madrid. Cinco dias depois terá lugar um encontro de familiares, conterrâneos e amigos do patriarcado em Alvorninha, nas Caldas da Rainha, com uma missa ao meio-dia, seguida de almoço-convívio. A 9 de Outubro haverá um encontro com as famílias na escola salesiana do Estoril e no dia 25 de Outubro uma celebração com o colégio episcopal e clero, seguida de uma refeição no Seminário do Cristo-Rei. Francisco Gomes