Agentes da esquadra da PSP das Caldas da Rainha andaram durante várias semanas de máscara dentro de um carro patrulha porque um problema na tubagem tornava insuportável o cheiro a óleo. A viatura não iria reparada enquanto não houvesse outra que a substituísse nas rondas. A situação provocou insatisfação nos elementos destacados para o patrulhamento na cidade, mas foi negada pela direcção nacional da PSP. O caso caricato chamou a atenção de vários populares, que manifestaram ao JORNAL DAS CALDAS a sua estranheza ao verem “dois agentes da PSP – o condutor e o pendura – a usarem máscaras enquanto estão a deslocar-se de carro, como se houvesse um surto de gripe das aves ou fosse Carnaval”. António Ramos, presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia, confirmou a situação, comentando que se deve “ao grande desgaste imposto nas viaturas, porque algumas delas andam 24 sobre 24 horas, por falta de meios”. Este responsável relatou que nas Caldas da Rainha “para o patrulhamento a esquadra dispõe de três viaturas – uma Mitsubishi que está avariada, uma Skoda com motor partido e cujo arranjo custa cerca de dois mil euros e a Citroen Xiara, que tem mais de onze anos e que está com problemas na tubagem”. Por recearem poder sofrer com uma alegada toxicidade verificada no interior do habitáculo da viatura, que libertará gases tóxicos, “alguns agentes que efectuam os giros abrem a janela de dia, mas à noite, devido ao frio, colocam a máscara, pertencente aos kits que têm no carro”, descreveu. “Uma viatura Skoda nova, com portas traseiras que só abrem da parte de fora e com vidro a separar os bancos da frente dos de trás, adequado ao transporte de detidos, estava prevista para a esquadra das Caldas da Rainha, mas só seria disponibilizada após a Cimeira da Nato, para onde estava destacada”, revelou. A direcção nacional da PSP afirma “desconhecer a situação, não existindo razões que justifiquem esse comportamento por parte dos agentes da PSP”. “Todas as viaturas da Divisão Policial das Caldas da Rainha estão devidamente inspeccionadas. Sempre que é detectada alguma anomalia, a viatura recolhe de imediato às oficinas, a fim de ser reparada e colocada novamente em circulação. Sempre que esta não tem reparação possível, é feita a correspondente proposta de abate, por falta de condições de segurança”, esclarece o comissário Ruben de Castro, das relações-públicas da PSP, adiantando, contudo, que “o Comando Distrital da PSP de Leiria vai averiguar”. O caso da agente no hospital Uma agente da PSP das Caldas da Rainha que andou no carro patrulha ter-se-á deslocado hospital local, após sentir-se indisposta e com vómitos. A agente esteve com os vidros fechados e não terá usado a máscara durante um turno nocturno que efectuou há algumas semanas atrás, podendo a sua indisposição estar relacionada com a avaria no carro. Contudo, a direcção nacional da PSP escusou-se a comentar o caso e informou que não iria acrescentar mais esclarecimentos relativos a esta matéria aos já prestados anteriormente, mantendo assim a versão de que não existia nenhum carro-patrulha avariado. O anúncio de que “não existem razões que justifiquem esse comportamento [usar a máscara] por parte dos agentes da PSP” deixou os agentes policiais que fazem o patrulhamento sob grande tensão, por recearem vir a ser alvo de processos disciplinares, como circula na esquadra que virá a acontecer. Francisco Gomes